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sexta-feira, 28 de março de 2008

O amor tem prazo de validade? 4



Eu visito as bancas de revista com certa freqüência, além de assinar algumas delas. Olhando as capas das principais do país, verifico facilmente que alguns temas se repetem mais. Assuntos como sexo, religião e amor sempre chamam a atenção. Sexo atrai principalmente os homens; amor, as mulheres, e religião atinge as pessoas que seguem alguma ou querem desculpas para se livrar dela. De qualquer forma, são de fácil vendagem.

Vejam o sexo. Outro dia escrevi um post sobre uma reportagem que falava do sexo sem compromisso, da ligação entre a igualdade entre os sexos e a libertinagem que aumenta entre as mulheres. Havia também uma ligação com a repressão sexual e a religião. A reportagem, resumindo, culpava a religião por ter privado a mulher de seu direito de dispor do seu corpo como quiser: a religião é machista. Curioso é que o que os homens, de forma geral, querem mais é que as mulheres se liberem sexualmente. A reportagem acusa os homens de inibirem o relacionamento sexual feminino, sendo que eles são os mais interessados em que a mulher seja "fácil".

E há o amor. Pesquisadores de todos os lugares do mundo buscam descobrir o que é o amor, e como o ser humano age quando ama. Percebo que os "profissionais" pesquisadores tentam diminuir o amor, que é muito mais do que um sentimento, é também um ato de vontade, em uma simples descarga química no nosso corpo. Não estou dizendo que quando amamos o nosso corpo não aja de forma diferente, com sensações causadas por substâncias químicas. Mas a premissa que estes pesquisadores estão levando em conta é que são estas substâncias que causam o que chamamos de amor, e não o contrário, que o amor desencadeia o uso destas mesmas substâncias. É quase como dizer que a água é responsável pela geração de calor na fervura dela, e não o calor ao qual o líquido é submetido.

Então me deparo com notícias como a acima [link não está mais disponível]. Não é que o "sentido do amor" está sendo perdido. Amar JÁ SIGNIFICA outra coisa. Existem 4 "tipos" de amor, que são aplicados para relações diferentes e em níveis diferentes. Procure o post sobre os tipos de amor, publicado aqui anteriormente. Mas, basicamente, existe um tipo de amor que existe em todos os níveis, seja ele entre pais e filhos, amigos, familiares, cônjuges e até entre pessoas que se consideram "inimigas": o amor ágape. Nesta postagem, estarei me referindo a este tipo de amor (quando estiver falando do amor correto).

As pesquisas e os psicólogos dizem que a grande crise de um casal surge sempre aos sete anos... se o relacionamento durar tanto tempo, é claro. No entanto, nem todos estão de acordo com esta afirmação. Um estudo recente restringe o amor a quatro anos. Se o amor é alimento para a alma, lembre-se de que, como os iogurtes, também tem prazo de validade.

O "amor" já virou ciência exata? Dura sempre 7 anos (ou 4, como querem alguns)? O "amor" destes estudiosos pode ser comparado com um iogurte? Inclusive o amor-próprio? O amor à família, aos filhos? Compromisso, fidelidade, respeito, dedicação, cumplicidade... tudo isto tem data de validade?

Isso tem explicação, segundo especialistas da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) que analisaram as implicações neurológicas do amor, este sentimento que dura no máximo quatro anos e se caracteriza por ser um "estado de atordoamento temporário".

A despeito da instituição, da qual nunca ouvi falar, o que estes "especialistas" estudaram não foi de pessoas que amam. No máximo, pessoas apaixonadas. Ou pior, pessoas que sentem atração sexual por outra, ou algum outro interesse excuso. "Estado de atordoamento temporário"? Nada pode estar tão longe do amor.

No Brasil, enquanto o número de casamentos aumenta, o de divórcios segue o mesmo fluxo. Dados do registro civil coletados pelo IBGE indicam que entre 2002 e 2005 as separações judiciais aumentaram 2,8%, de 99.693 para 102.503 ao ano.

Isto significa o que, exatamente? Aparentemente, que os relacionamentos estão sendo feitos talvez de forma prematura, sem compromisso, sem amor, baseado em interesses (não necessariamente materiais), por confundir paixão com amor... Estes dados não podem advogar em defesa de uma pretensa alteração química/biológica do "amor".

O amor deve ser diferenciado de apego e atração sexual, pois estar apaixonado ativa substâncias químicas no cérebro que ocupam todos os neurônios e não se consegue mais pensar no ser amado, afirmou em comunicado Georgina Montemayor Flores, da Faculdade de Medicina da Unam. (...) Este estado físico químico também termina, disse Montemayor. "Costuma durar um máximo de quatro anos ou até que apareça outra pessoa que desperta essa paixão romântica, e só persiste o apego ou a companhia para uma pessoa", afirmou.

Pelo escrito acima, a promiscuidade virou problema químico e biológico, não mais problema ético/moral. Quanto mais um compromisso ou ato de vontade. Como falei anteriormente, o amor romântico possui também o que chamamos de amor ideal, o amor ágape. Então, se o amor ágape é químico, a assertiva da especialista acima justifica inteiramente alguém largar sua esposa e filhos por "incompatibilidade química". Justifica também um pai abandonar o filho, ou o filho abandonar seus pais num asilo. Justifica trair os amigos.

(...) o amor origina uma obsessão de tais dimensões "que as pessoas deixam de ser produtivas... de fato, as grandes obras de arte nunca foram criadas quando os autores estavam apaixonados, mas depois, no processo do desamor" (...)

Com certeza... escritores e pintores criaram suas obras primas quando não sentiam nenhum tipo de amor pelas suas "inspirações"...

"O espantoso é que o encéfalo se acostuma com as substâncias liberadas, pelo que, em seu caso, está à espera de que outra pessoa inicie este processo", ressaltou. "Embora isso não tenha sustento moral, acontece com todos os seres humanos".

Promiscuidade de novo? Claro que não tem sustento moral, nem poderia. Agora, a nobre pesquisadora testou todos os seres humanos, em todas as épocas, para saber se isto realmente ocorre com TODOS os seres humanos? Isto é transferir a responsabilidade dos nossos atos pra cima do coquetel de substâncias químicas do nosso corpo. Se tudo o que pensarmos ser certo ou errado decorre de processos químicos que ocorrem no nosso corpo, como posso afirmar que um determinado pensamento meu é certo ou errado? O que faz o pensamento da pesquisadora ser melhor ou mais acertado do que um de outra pessoa? Se nossas decisões são baseadas inteiramente na química, não há o que falar sobre certo ou errado, verdadeiro ou falso. Minhas idéias são o que são, porque não poderiam ser de forma diferente. Pura química. A água ferve porque é aquecida. Eu violento porque os processos químicos em mim dizem para fazer isto. Eu sou o que sou, e ninguém tem nada a ver com isso, até porque "moral" não existe.  São só substâncias.

Para a especialista, "o amor tem um preço. Perde-se a liberdade e também torna-se dependente de outra pessoa e, por isso, deve-se lembrar que o desamor liberta".

Quem ama às vezes precisa ceder. Se você não quer ceder em favor de alguém, você quer usar esse alguém, e não amar. Ser completamente livre e independente, no sentido dado pela pesquisadora, te deixa infinitamente sozinho.

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quarta-feira, 26 de março de 2008

De quem é a culpa? 3

De quem é a culpa?




Sou assassino, estuprador e ladrão porque nasci assim!





Deus nos criou perfeitos; éramos criaturas para as quais o Criador olhou e disse: "É bom!". Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, e isto não é qualquer coisa. O valor da vida humana é, perante Ele, incalculável. Mas em um ponto no tempo e no espaço, este homem caiu, estando inteiramente degradado. Ao contrário da visão tomista (v. Tomás de Aquino), a capacidade intelectual do homem também foi prejudicada pela queda. Isto dá a entender que nossas decisões diárias podem ser afetadas pela corrupção do nosso ser. Mas isto de forma alguma anula a responsabilidade que o ser humano tem perante suas decisões. O livre-arbítrio não nos foi tirado, e, portanto, ele avaliza toda e qualquer escolha que façamos.


Alguns dias atrás, assisti uma reportagem na TV sobre uma pesquisa que está sendo feita por cientistas aqui no Rio Grande do Sul, com os menores infratores da FASE (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo, antiga FEBEM ). O objetivo desta pesquisa é avaliar se existe alguma predisposição genética nos menores que os levaram à criminalidade. Assim, um menor é assassino porque nasceu assim, não tinha escolha.




Se, de fato, ficasse comprovado que as pessoas nascem com genes "ruins", isto tornaria tais pessoas inimputáveis. Entenda-se por inimputáveis os não podem sofrer punição por seus atos. A Constituição Brasileira de 88 declara que os menores de 18 anos, os doentes mentais e as pessoas que possuam desenvolvimento mental incompleto ou retardado são inimputáveis perante a lei, ou seja, são inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito de suas condutas. Da mesma forma, se todo aquele que nascer com aquela tendência criminosa praticar algum delito, tal indivíduo não poderia ser responsabilizado pelo ato, uma vez que ele não poderia agir de forma diversa da qual foi "geneticamente programado".




Quando a Bíblia fala que somos seres destituídos da glória de Deus, não significa dizer a mesma coisa que os cientistas gaúchos estão tentando provar. As Escrituras afirmam que temos todo o "equipamento" para pecar, mas não diz que não temos escolha. Os cientistas querem provar que, além do "equipamento", não temos escolha. Para deixar mais claro, a corrupção afeta nosso corpo, através das doenças e da morte física, e afeta nosso intelecto, nas nossas escolhas morais, entre o bem e o mal.




Não é de hoje que o homem vem tentando, sem sucesso, colocar a responsabilidades dos seus atos sobre as outras pessoas. Em Gênesis 3, capítulo que discorre sobre a queda do homem, aparece Adão tentando esquivar-se da responsabilidade que era pessoal, sua, atribuindo-a a Eva, e enfim, a Deus, que a tinha criado. E Eva colocou a culpa sobre a serpente, que a tinha enganado.




Quem são os culpados de hoje




A seguir listarei 4 principais "desculpas" usadas pelas pessoas, crentes e não-crentes, na tentativa de esquivar-se das responsabilidades econsequências dos seus atos.




1.) Meus pais, avós e/ou antepassados são/eram assim.


É uma variante da "herança genética" da maldade, alvo da pesquisa dos cientistas. Culpa os antepassados pelos atos do indivíduo. Era uma escapatória já conhecida dos judeus no tempo de Jesus, quando questionaram Cristo sobre o motivo do cego de nascença ter nascido daquela forma (João 9). Verdadeiramente, há muito tempo isto já havia sido descartado como possibilidade real.Deuteronômio 24.16 diz: "Os pais não serão mortos pela culpa dos filhos, nem os filhos pela culpa dos pais; cada qual morrerá pelo seu pecado". Esta desculpa tem tido repercussão inclusive nos arraiais evangélicos, no ensino de teorias como a "maldição hereditária", já discutida neste blog. Veja abaixo nos posts relacionados mais informações sobre este ensino (post 'Os dois reinos').




2) Minha educação familiar/escolar foi problemática.


Aqui vemos que a responsabilidade dos atos cai sobre a educação recebida em casa. Podemos inclusive estender esta educação àquela recebida na escola também. Pense friamente: todas as pessoas que receberam uma péssima educação, e tem péssimos exemplos em família, estão obrigatoriamente predestinados a agirem errado? Não estou dizendo que a educação não tem importância; é claro que ela tem. O que estou tentando deixar claro é: a educação recebida em casa e na escola (ou faculdade) anula o livre-arbítrio, a capacidade de fazer escolhas? Ora, creio que muitos de nós já vimos pessoas maravilhosas que saíram de famílias desestruturadas, e vimos também pessoas terríveis oriundas de grupos familiares exemplares. Então, a resposta é não. Além disto, a Palavra de Deus afirma que todos nós temos a noção de certo e errado (a lei) impressa em nossas mentes e corações (Romanos 2:15; 7:21), embora alguns tenham a consciência "cauterizada" devido ao seu pecado (1 Timóteo 4:2; Efésios 4:17-19), não sabendo mais discernir entre o bem e o mal.




3) Fui levado pelas más companhias.


Esta é uma desculpa muito dada pelos pais de filhos que agem de forma errada ao andar com alguns "amigos". "Meu filho(a) não é assim! Ele(a) mudou quando começou a andar com fulano(a)". Pais, mães, prestem atenção: os amigos de seus filhos não apontaram nenhuma arma na cabeça deles, os obrigando a agir de forma errada. Eles agem mal porque QUEREM. ABíblia ensina que devemos nos afastar de "escarnecedores", de "falsos irmãos", não nos colocar em jugo desigual, etc. O objetivo é evitar que você caia na tentação de pecar, VOLUNTARIAMENTE, da mesma forma que eles. Não fala que vão OBRIGÁ-LO a fazer o mal.




4) O culpado é o Diabo.


Campeão de bilheterias entre os crentes. O "diabo me fez beber", o "diabo me fez bater na minha mulher", "me prostituir", "me drogar", "roubar", etc. É um ser que tem as "costas largas", pois a maioria dos pecados de alguns crentes é, na verdade, culpa dele! Agora, falando sério: Satanás é mal, mas ele não coloca um cigarro na sua boca, por exemplo, nem usa o sua mão para asfixiar alguém até a morte. Ele não coloca as palavras na sua boca quando você mente. Não é ele que tira dinheiro da caixa registradora da loja quando ninguém está vendo. Quem faz isto são as pessoas. O Diabo lhe incita, é verdade, mas você é quem faz. Ele cava um buraco no seu caminho; você escolhe desviar ou se atirar dentro dele. O crente que prostitui não precisa expulsar o "espírito da prostituição"; tem é que se arrepender e deixar de ser sem-vergonha mesmo, e assumir que o erro foi dele e de ninguém mais. O primeiro passo para receber a salvação e o perdão não é reconhecer que somos pecadores? Então deixemos de ser hipócritas.




Cada um é responsável pelo mal e pelo bem que faz no seu corpo (2 Coríntios 5:10)




Em Jeremias 31:30 está escrito: "Mas cada um morrerá pela sua iniquidade; de todo o homem que comer uvas verdes os dentes embotarão". Em Jó 19.4, "Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro". Romanos 14:12 diz: "De modo que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus". E o versículo mais claro da Bíblia sobre este assunto: Ezequiel 18:20 - "A alma que pecar, essa morrerá. O filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele".




Estamos, então, indesculpáveis perante Deus.
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terça-feira, 11 de março de 2008

Células-tronco embrionárias 3 2

Notícia veiculada ontem, dia 10/03/2008, no jornal O Estado de São Paulo:

http://br.noticias.yahoo.com/s/10032008/25/manchetes-celulas-tronco-preserva-vida-diz-nobel.html

O ganhador do prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2007, Oliver Smithies, declarou o seguinte:

"Existe muita discussão sobre matar embriões. Mas, na verdade, trata-se de preservar a vida do embrião". Smithies esclarece seu ponto de vista com um exemplo. "Se eu morresse em um acidente de carro, algumas partes do meu corpo poderiam ser transplantadas. Desta forma, parte de mim continuaria vivendo em outras pessoas".


O nobre senhor ganhador do Nobel está usando um 'argumento' puramente emocional. Realmente, as pessoas dizem, sentimentalmente falando, que alguém está vivendo em outra pessoa, referindo-se a algum órgão doado. Mas isto não significa, na realidade, que a pessoa que doou o órgão vive, no sentido estrito. Exemplificando: uma pessoa "A" sofre um acidente e tem sua morte cerebral detectada. Uma pessoa "B" precisa de um coração. A família do indivíduo "A" resolve doar o coração para a pessoa "B". Sentimentalmente, a família do indivíduo "A" diz que "A" ainda vive, pelo menos em parte, no indivíduo "B". Mas é bastante óbvio que "A" não está mais vivo.

O prêmio Nobel de 2007 está dizendo, então, que devemos matar o embrião, dividí-lo em partes e espalhar para várias pessoas, de forma a preservar a vida do mesmo.

Não pode ser sério. Ele pode até ser bom o suficiente para ganhar um Nobel em Medicina, mas com certeza ele passaria longe de qualquer outra disciplina que envolva lógica simples.
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Quando destituímos Deus do seu papel 1

Quando destituímos Deus do seu papel
Quando destituímos Deus do seu papel de criador e mantenedor da vida, todo tipo de absurdo pode ser feito. O homem assume a tarefa de estipular o que é vida humana e quando ela começa ou termina. As implicações disto são aterradoras.

Se a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias (CTE) no Brasil for aprovada, o primeiro passo já terá sido dado. O homem terá definido o que é vida humana. Sendo que teremos este poder, nada impede que, cedo ou tarde, criemos outras definições para o que signifique ser uma pessoa.

Se um embrião fora do útero pode ser morto, nada impede que ele possa ser morto dentro dele também.
Se eu definir que vida humana começa com a atividade nervosa (lá pela 12ª, 13ª semana de gestação), eu posso definir que aqueles que vão nascer com problemas neurológicos (inclusive os anencéfalos, os com problemas de retardo mental, os com síndrome de Down) não são seres humanos, pois não terão condições de socializar, não vão acrescentar nada à sociedade, serão 'inviáveis' como seres humanos.
Se eu usar a idéia da dificuldade de socializar, eu posso querer evitar que bebês com algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental, nasçam. Posso até mesmo pensar que bebês de famílias pobres, miseráveis, que não têm condições apropriadas de se sustentarem e se desenvolverem, podem não vir ao mundo também, pois serão existências sofridas. O aborto, nestes casos, seria uma atitude de misericórdia da nossa parte: estaremos evitando que estas pessoas sofram desnecessariamente.

Poderíamos alegar, inclusive, que isto diminuiria a criminalidade, a desigualdade social, o risco da propagação de doenças genéticas, o sofrimento desnecessário da família com parentes parcial ou completamente dependentes deles. Sobraria mais dinheiro para investir em pesquisa na saúde, já que não se gastaria tanto com pacientes que não são passíveis de cura. Os fins justificam os meios.

Enfim, todo o tipo de atrocidade poderá ser feito contra as pessoas a pretexto de estarmos fazendo bem à elas, pois se dirá que não existir é melhor do que existir sem qualidade. O aborto e a eutanásia serão comuns.

É claro que muita gente pensará que a ciência deve se desenvolver a qualquer custo, que a moralidade e a ética não se aplicam a ela. Os médicos e cientistas nazistas da 2ª Guerra Mundial pensavam da mesma forma. Muita gente diz que devemos ser racionais, e não ser fundamentalistas religiosos. O que eles não vêem é que a tal racionalidade deles está retirando o que nos diferencia dos animais: a própria racionalidade humana. Estamos deixando de ser humanos. Somos pedaços de carne. Como os zumbis, mortos-vivos, representados no cinema, que precisam sobreviver a qualquer custo, mesmo ao custo de destruir tudo e todos que estão à sua volta.
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Células-tronco embrionárias 2 4

Celulas-tronco embrionarias 2

A Constituição Brasileira de 1988 defende o direito à vida, inclusive dos nascituros. Para contornar tal problema, os pesquisadores a favor do uso de células-tronco embrionárias querem desclassificar o embrião como sendo um ser humano. Consideram-no, no máximo, como um ser humano em potencial.

O argumento pró-pesquisa diz que o embrião não é ainda um ser humano, pois ainda não exerce nenhuma atividade neurológica. Cientificamente, o embrião começa a ter alguma atividade neurológica a partir do 12º dia de gestação, quando o Sistema Nervoso Central (SNC) inicia sua formação. A motivação que leva os indivíduos argumentarem que um ser sem SNC não é ser humano decorre da condição de estipular a morte ou não de um ser humano ao se detectar sua morte cerebral. Sem atividade cerebral, a morte é decretada.

Mas as situações são diferentes. O embrião pode não ter SNC, mas vai desenvolvê-lo, no decorrer do tempo. Há expectativa para ela. O embrião não está indo em direção à morte, mas à vida. A pessoa nascida, que tem suas atividades cerebrais extintas, não tem mais possibilidade de seu SNC voltar a funcionar. Não há expectativa para ela. Está indo em direção à morte total. Então, usar este tipo de argumentação é um mero jogo de palavras, um engodo, um erro.

Outro argumento dos militantes pró-pesquisa é de que não podemos voltar aos tempos do obscurantismo, da Idade Média. Aqui reside um tipo de preconceito, de que uma pessoa que defenda idéias ditas religiosas são contra o desenvolvimento científico. É bem verdade que, na Idade Média, tivemos uma pausa por causa da religião. Mas esta pausa não foi movida pelos mesmos motivos de agora. Não são interesses políticos que estão em jogo hoje, mas vidas humanas. O que não se quer permitir é liberar a pesquisa com seres humanos sendo usados como cobaias, com o propósito de atingir um 'bem maior'. Este argumento quer intimidar as pessoas de forma que elas não aceitem ser manipuladas pelos grupos religiosos como em outras épocas já aconteceu. Veja a diferença: não é um interesse institucional que está sendo defendido, mas a vida de um embrião, uma vida humana.

Uma desculpa jogada na mídia é a de que os embriões estão congelados há muito tempo, e são inviáveis para a geração da vida. Pergunta-se: se são inviáveis, por que fazem tanta questão de usá-las para extração de células para salvar vidas? Divulga-se que o destino de tais embriões será o lixo ou o congelamento eterno; então, porque não utilizá-los? O que não se explica também é que, mesmo juntando os cerca de 30 mil embriões congelados hoje no Brasil, não seria possível arrecadar mais de 4,5 milhões de células-tronco embrionárias (CTE). E o que tem isto a ver? Uma única injeção com células-tronco adultas (CTA) para tratamento de coração, por exemplo, tem cerca de 40 milhões de CTA, muitas vezes mais do que o temos em 'estoque'. Como conseguiriam mais CTE? Através de clonagem. Clonagem humana. Criaria-se mais seres humanos só para em seguida serem destruídos. E, vamos lembrar, a clonagem tem inúmeros problemas de ordem prática; nem mesmo os cientistas podem afirmar com certeza qual seria o resultado de uma clonagem de embriões ditos 'inviáveis'.

Os tratamentos feitos com células-tronco que estão tendo êxito hoje são as feitas com CTA, provenientes do próprio paciente. Não há nenhum resultado de sucesso feito com CTE, mesmo nos países onde a pesquisa é liberada há vários anos. Ninguém fala que o tratamento com CTE gera o mesmo tipo de problema que um órgão transplantado, ou seja, há a necessidade de se tomar imunodepressores o resto da vida. Ninguém fala também que as CTE, em especial as provenientes de embriões congelados, alteram seu comportamento no corpo que as recebe, podendo se reproduzir descontroladamente, criando tumores e até mesmo câncer. Que o local onde as CTE são inseridas pode as rejeitar e causar grandes infecções, até mesmo piorando o estado do paciente. Nem mesmo falam que as inúmeras vantagens propagandeadas pela mídia são fruto da imaginação dos cientistas, pois são apenas especulações sem respaldo prático.

Mesmo que houvesse casos reais de cura com a utilização das CTE, isto não justificaria a morte de um ser humano inocente para que outros se salvem. O grande paradoxo que os defensores da pesquisa com as CTE enfrentam é que eles querem seus direitos constitucionais garantidos, como o direito de viver com dignidade, o direito à saúde, ao mesmo tempo que querem negar estes mesmos direitos aos embriões, que são protegidos pela mesma Constituição.

Na Segunda Guerra Mundial, Hitler conseguiu convencer um país inteiro de que os fins justificavam os meios. A pesquisa científica feitas com as pessoas, nos campos de concentração, era de conhecimento da maioria. Porque ninguém se manifestou contra este tipo de atrocidade contra a vida de seres humanos? Simples. Eles simplesmente declararam que os judeus, por exemplo, não eram pessoas. O mesmo tipo de coisa está sendo feito aqui no Brasil. Querem declarar que o embrião não é ser humano, logo, a Constituição Federal não cobre seus direitos e não há nenhum problema ético envolvido. O ser humano está definindo quem é humano e quando começa a vida. Deus está sendo destituído do seu papel.
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sexta-feira, 7 de março de 2008

Células-tronco embrionárias 6

Células-tronco embrionárias
Em pleno furor da atividade de apreciar o assunto da liberação ou não do uso de células-tronco embrionárias, a divulgação de uma pesquisa encomendada ao IBGE declara quão grande é a discrepância entre a posição oficial da igreja católica e das diversas denominações evangélicas, e as pessoas que fazem parte destas entidades, vulgarmente denominados 'fiéis'. Ao passo que as lideranças dos grupos religiosos são, em sua maioria, contra o uso dos embriões em pesquisas e tratamentos, o povo brasileiro que professa alguma religião cristã é esmagadoramente a favor. Algumas considerações podem ser ponderadas sobre este fato.

Um possível motivo para esta notória discrepância talvez seja a divisão entre o sagrado e o profano. O que está ficando evidente é que os brasileiros estão dividindo cada vez mais a sua vida religiosa da sua vida comum, dita secular. Deus e seus ensinos são importantes quando vamos à igreja, mas fora dela sou eu que determino o que é melhor para mim. Desta forma, tranquilamente posso estar alinhado com Deus ao concordar que a vida humana deve ser valorizada e, ao mesmo tempo, concordar em eliminar pequenas vidas humanas em prol da sobrevivência de outras. Com isto, a ciência (cuja maior parte da população erradamente pensa ser contrária e/ou desligada da religiosidade) deve ganhar terreno sempre, em detrimento de regras morais e éticas que já foram úteis algum dia, mas hoje não mais suprem as necessidades do homem moderno.

Outra razão que posso ver é que há muita falta de informação, nas igrejas mesmo, aos seus membros, a respeito da vida humana, seu valor e seu conceito. Mescle esta falta de informação com a filosofia do utilitarismo, que ensina que 'os fins justificam os meios'. Junte ainda a visão relativista do mundo, onde cada indivíduo tem sua própria verdade, e não existe uma verdade absoluta: misturando tudo, esta receita indigesta vai se transformar num bolo onde o cristão já não sabe o que um ser humano é, quando adquire, quando perde e quem determina o valor de cada um e, para corroer todo senso ético e moral, ainda precisa aceitar a visão do mundo secular, para não se sentir isolado num gueto religioso e ser taxado de retrógrado, anti-cultural, irracional e contrário ao desenvolvimento.

Talvez o povo brasileiro não seja tão religioso assim. Deus é interessante quando se precisa de Suas bênçãos, quando se precisa do Seu socorro. Mas na hora em que é necessário lutar firme contra a destruição dos valores morais, que são atemporais, pois procedem da natureza eterna de Deus, abandonamos o Pai, pois Ele já não sabe o que é melhor para nós.

Talvez estejamos desgostosos com as falhas dos nossos líderes, e já não escutamos o que eles ensinam. Podemos pensar que o que aprendemos nos cultos, retiros, escolas bíblicas não seja matéria de origem divina, que é eterna e boa, mas de origem humana, falha e temporal. Pode ser por este motivo que nos alinhamos contra a igreja em casos como o uso das células-tronco. Achamos que é a 'velhice' da igreja que não aprova, e não os preceitos puros e eternos de Deus.

A aprovação do uso destes embriões em pesquisas e tratamentos pode abrir um precedente perigoso no Brasil. Quando começa a vida humana? E quem define quando ela começa? São as principais questões que estão por trás desta discussão.
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