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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Morri: e Agora? 4

Morri: e Agora?

O que acontece conosco após a morte física? Esta é uma pergunta que todos nós, mais dia, menos dia, fazemos. O ser humano cultiva na sua mente uma curiosidade sobre a realidade metafísica, sobre aquilo que vai além do que ele consegue ver, e isto inclui, logicamente, se algo nosso, que seja essencial a nós mesmos, resiste mesmo após a destruição do nosso corpo material.

Não cabe a este texto discorrer sobre a existência ou não desta "essência". Vamos assumir que ela existe, conforme as escrituras nos revelam, e entender melhor o que acontece com ela assim que morrermos.

Para começo de conversa...

Uma coisa devemos ter em mente antes de começar. Que o ser humano está destinado a morrer uma só vez, e depois disto, segue-se o juízo (Hb 9.27). Outras passagens corroboram o tema: 14:10-12 e 14; Jó 16:22; Jó 7:9. Então, o que deve ficar claro é que o homem só tem uma chance de escolher livremente sua morada eterna, seja ela com Deus ou sem Ele. Não existe um "estágio probatório" após a morte: o "estágio" é aqui mesmo, nesta vida.A Bíblia, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, se refere a um lugar de tormento eterno onde os ímpios ficarão para sempre. E a promessa do céu, do paraíso, está, também, clara em várias passagens nas escrituras.O ser humano é formado, basicamente, em 2 partes principais: o corpo físico e o corpo espiritual (alma). Não entrarei no mérito da divisão bipartida ou tripartida do homem. Generalizando, para fins deste estudo, serão consideradas somente estas duas partes: a material e a imaterial.

No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. (Gn 3:19)


Na morte, o corpo material é destruído [1], vai para a sepultura ('sepultura' não precisa ser entendida no sentido estrito da palavra. Os que morreram sem ser sepultados também estão "na sepultura"). O hebraico tem uma palavra para este "estado de morto": Sheol. Esta palavra significa tanto sepultura, estado de morto, mundo ou morada dos mortos, cova. A Bíblia às vezes traduz este termo como inferno, o que não é uma denominação muito acertada. Exemplos de uso desta palavra estão em Dt 32.22 e Am 9.2. Outras passagens traduzem o termo "Sheol" como sepultura, o que é uma tradução mais adequada, até mesmo com o contexto. Leia Gn 37.35, Jn 2.1-2, Jó 14.13; Gn 42.38.

Mas a alma sobrevive, e é ela que tem importância aqui. É o destino da nossa alma que realmente interessa. Só há dois caminhos para onde a alma pode ir: ou para o Paraíso [2] ou para o Hades [3]. Hades é uma tradução para o grego da palavra hebraica Sheol. No NT, ela adquire um significado um pouco mais amplo, dando a entender que será o lugar temporário de tormento para as almas dos ímpios. Vê-se tal afirmação em passagens como Lucas 16.23,24 e Mt 11.23 onde a palavra Hades é, incorretamente, traduzida simplesmente por inferno.Jesus nos conta, em Lucas 16.19-31, a existência de um lugar de tormento, e um lugar de consolação. Na língua original, a palavra escrita como "inferno" em algumas de nossas traduções, é Hades. É o lugar onde o rico está sendo atormentado, depois de morto. O lugar onde Lázaro está sendo consolado chama-se "seio de Abraão" [2].

Além destes dois lugares, fica tambem claro que: a) Não há como passar de um lugar para outro (há um abismo separando os dois); b) A forma da pessoa saber sobre a verdade da outra vida está na Lei e nos Profetas. Para Abraão (e Jesus, no caso), as escrituras davam um testemunho muito mais forte do que alguém que voltasse dos mortos, sendo, portanto, inútil que alguém voltasse para avisar os vivos, pois não acreditariam de qualquer forma; e c) Após mortas fisicamente, as pessoas ainda mantém sua consciência em funcionamento.

Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite. (Lc 16:19-31)


Os salvos também estarão num lugar temporário, antes do Dia do Grande Juízo. Chama-se "Seio de Abraão", ou Paraíso [3], ou ainda, mais simplesmente, Céu. Ali seremos consolados, toda lágrima será enxugada. Jesus, quando estava na cruz, falou ao ladrão que estava ao seu lado, que "hoje mesmo estarás comigo no paraíso" (Lucas 23.39-43). Então, assim que morrermos, estaremos com o Senhor Jesus!

E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. (Lc 23:39-43)


Outro lugar que nos comprova que estaremos com Cristo é Ap 6.9-11. Nesta passagem, os mortos em Cristo estão no lugar temporário; não ocorreu a ressurreição, nem tampouco o julgamento. Vê-se que as almas destes estão conscientes também.

E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram. (Ap 6:9-11)


Podemos constatar também que, além de conscientes, tanto os que vão ao Hades quanto os que vão ao Paraíso lembram de sua vida, e do que ficou para trás. Também verifica-se que conhecemos as outras pessoas nestes estágios. Até deve ser por este motivo que nós seremos consolados. Ninguém é consolado de algo bom, mas de lembranças ruins. Acredito, pela Palavra, que neste estado intermediário, mesmo com todas as benesses do paraíso, sofreremos um pouco com as lembranças ruins da nossa vida terrena, ou até mesmo por ser sabedor de que seus parentes e amigos podem estar tomando o outro caminho, o de perdição. E então seremos confortados.

Mas no Dia do Senhor seremos ressuscitados [4]. Ambos, justos e ímpios, receberão um novo corpo, "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno." (Daniel 12:2). Mas isto não se dará exatamente no mesmo tempo. A Bíblia fala que os justos ressuscitarão primeiro:

Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos. (Apocalipse 20:5,6)


A segunda ressurreição [4], a dos ímpios, está declarada aqui:

Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o hades entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo. (Ap 20.5,6)


Decorrente destas duas passagens, podemos verificar que, embora o paraíso seja bom, não é o destino final dos justos. E, da mesma forma, o Hades (que não é o inferno) não é o destino final dos ímpios. Um novo céu e uma nova terra vai ser criada para os primeiros e é ali que habitaremos eternamente com o Pai:

E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. (Ap 21:1-5)


Nesta cidade [6] receberemos, além do novo corpo, uma nova identidade, e uma memória "limpinha", nova em folha. Por melhor que seja a Nova Jerusalém, teríamos as dores herdadas da vida terrena. Faz todo sentido que Deus nos aliviasse deste tipo de dor, nos dando uma nova memória. A passagem acima diz que não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor. Mas há uma outra passagem que corrobora com esta afirmação: "Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas." - Isaías 65.17. E a nova identidade pode ser verificada nesta passagem: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe."- Apocalipse 2.17. Saliento que esta dádiva será dada para os justos, não para os ímpios.

O destino eterno dos ímpios é o lago de fogo, este sim, o inferno. Jesus deu as características deste lugar:

E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. (Mc 9:43-44)


Inferno, aqui, trata-se da transliteração para o português do termo grego "géenna", que, por sua vez, origina-se do hebraico Geh Hinnóm cujo significado literal é "Vale de Hinom". Ela aparece doze vezes no Novo Testamento (Mateus 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Marcos 9:43, 45, 47; Lucas 12:5, Tiago 3:6), sendo sempre traduzida por inferno, e/ou a um lugar de tormento.

Vale de Hinom, originalmente, era o lugar onde Acaz, rei de Judá, é mencionado praticando rituais de adoração ao deus Moloque. A cerimônia, de acordo com 2 Crônicas 28:1-3, incluía o sacrifício de crianças. Com o passar dos anos, o vale de Hinom tornou-se o depósito e incinerador do lixo de Jerusalém. Lançavam-se ali cadáveres de animais para serem consumidos pelo fogo, ao qual se acrescentava enxofre para ajudar na queima, e mantê-lo sempre acesso a fim de evitar a proliferação de doenças. Também eram recolhidos ao local cadáveres de criminosos executados, não considerados dignos de um sepultamento decente. Quando esses caíam em lugar onde não havia fogo, sua carne em putrefação ficava infestada de vermes.

De fato, foi uma comparação muito forte do que o inferno é. Mas, perceba, esta é a descrição do verdadeiro inferno, o lago de fogo [7] citado em Apocalipse, onde o Hades e a morte serão lançados. Ali também será a morada de Satanás e dos anjos rebeldes. A verdadeira natureza do inferno não será tratada neste artigo, mas numa postagem posterior.

Quanto ao julgamento [5], sabe-se que haverão dois, um para os justos e outro para os ímpios. Mas este julgamento nada tem a ver com o fato de serem averiguadas as culpas, as provas contra e a favor das almas. A inocência (ou a condenação) já é definida no ato da morte de cada um [2] e [3]. O que será feito neste julgamento é puramente a declaração disto, bem como a atribuição de recompensas ou punições proporcionais. Proporcionais sim, porque nós daremos conta de todo bem e mal que fizermos no nosso corpo, seja qual for o nosso destino eterno.Os justos terão um julgamento de obras. Cada um de nós, que for salvo, receberá uma recompensa diferente (ou um galardão, na linguagem bíblica) conforme o bem que fez enquanto vivo. Nenhum justo, repito, será condenado aqui. Todos estes já estão salvos eternamente.

Os ímpios terão um julgamento de condenação [5]. Os que optaram por se afastar de Deus, terão exatamente isto, e quanto piores as coisas que fez durante a vida, pior será a "punição" recebida. O que é completamente justo. Imagine a situação: alguém que foi um bom pai de família, um bom empregado, um bom patrão, enfim, uma "boa pessoa", porém rejeitou livre e conscientemente a salvação providenciada por Cristo, não terá o mesmo "castigo" de alguém como um Stálin ou um Hitler. Neste julgamento, não há, também, qualquer possibilidade de alguém ser salvo.

Concluindo

Várias coisas ficam claras. Primeiramente, só temos a possibilidade de uma escolha livre para seguir ou não a Deus aqui nesta vida. Não há uma segunda chance. Segundo, o seu destino está selado com a morte. Terceiro, as bençãos [6] que receberemos são melhores dos que as tradicionalmente conhecidas. Quarto, a "perdição eterna" [7] é bem pior do que o tradicionalmente descrito pela sabedoria popular. E por último, sabemos que os justos estarão com Jesus assim que deixarem esta vida [2], estaremos com Ele no paraíso. E o melhor ainda está por vir [6]!

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sexta-feira, 11 de abril de 2008

Examinai tudo; retendes o bem? 4

Examinai tudo; retendes o bem?

Dias atrás, navegando pela internet, encontrei um site de apologética espírita, e li um artigo defendendo a doutrina, tentando desestruturar a passagem comumente usada por protestantes e católicos de Hebreus 9.27 para refutar a reencarnação. Diz a passagem: "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo".


Eu achei interessante o artigo, porque quem o escreveu usou de vários artifícios para eliminar a importância deste trecho da Bíblia. Entre eles:



1 - um ataque ao livro inteiro de Hebreus, já que o autor desta epístola é motivo de grande controvérsia entre os estudiosos. Como não é possível reconhecer a autoria, não é possível, segundo o articulista, aceitar também a sua autoridade e conseqüentemente a validade do que ele escreveu.


2 - nem toda a Bíblia é aceitável para os espíritas; ela não é infalível e inerrante "de capa a capa". A despeito disto, cita a passagem de 1 Tessalonicenses 5.21 ("Examinai tudo; retendes o bem") para validar esta discriminação.


3 - Tenta mostrar uma contradição entre "morrer uma só vez" e as ressurreições que aconteceram, tanto pelas mãos de Jesus quanto pelas dos profetas no AT. Colocam os milagres de Jesus contra a "ordenação" (que o articulista diz não saber de quem é) de morrer apenas uma vez. Até utiliza estas ressurreições para demonstrar que é possível viver mais de uma vez.


4 - quando encontram uma passagem de algum escritor que aparentemente contrarie o que Jesus disse, os espíritas seguem o que Jesus falou, baseando-se em Mateus 10.24 ("Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.")


Mas como nem tudo que reluz é ouro, farei algumas considerações:


1 - Primeiramente, o fato de não conhecermos o autor de algum texto não o torna falso obrigatoriamente. Alguém que seja desconhecido para mim pode afirmar algo que seja lógico e verdadeiro. Segundo, não é somente esta passagem que defende uma única vivência: Jó 7.9; 14.12,14 entre outras. E Jesus disse ao ladrão na cruz que naquele mesmo dia estaria com Jesus no paraíso. Levando em conta que o ladrão ainda precisaria pagar suas falhas com "algumas reencarnações a mais" segundo a doutrina espírita, Jesus estaria mentindo quando falou aquilo?


2 - "Examinai tudo; retendes o bem". Porque esta passagem é mais válida que "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo"? Qual o conceito de "bem" para o articulista? "Bem" é o que "me convém"? "Bem" é o que "eu gosto" ou o que "eu quero que seja verdade"? O fato de gostar ou não de algum tema não o torna verdadeiro ou falso.


3 - Não há contradição entre a ordenação de "morrer uma só vez" e os milagres da ressurreição. Tal ordenação decorre da determinação divina, afinal, se a reencarnação fosse uma doutrina importante, Deus a teria deixado bem explícita nas escrituras. E, além disso, o milagre da ressurreição não elimina a ordenação, apenas a suspende. Como o fato de Jesus ter andado sobre a água: a lei do empuxo (criada, obviamente, por Deus) não foi abolida, mas suspensa temporariamente. "Morrer uma vez" subentende "viver uma vez". Se Lázaro ressuscitou, ele não viveu uma nova vida, mas continuou a anterior. Não dá para deduzir que a reencarnação é válida a partir da ressurreição; são coisas bem diferentes.


4 - O versículo citado (Mt. 10.24) não tem ligação com o que o articulista queria afirmar. Tudo bem, deve-se seguir o que Cristo disse... mas o que falar sobre o fato de que quem não crer nele perecerá no inferno? E só ler um pouquinho mais adiante (Mt 10.28). Jesus falou muito sobre o inferno, mas parece que estas partes não fazem parte do "bem" que o articulista, e os espíritas em geral, gostariam de reter.


Link para o artigo: http://www.apologiaespirita.org/objecoes_refutadas/hebreus_9_e_a_propaganda_anti-espirita.htm


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Quem alterou a Biblia? E por quê? 6

Interpretando mal o Cristianismo: os copistas realmente alteraram o conteúdo da Bíblia? E por quê?

Um exame crítico do livro de Bart Ehrman: Misquoting Jesus: Who Changed the Bible and Why?

Por H. L. Nigro


Traduzido e adaptado por Leandro Teixeira.
Artigo original pode ser encontrado aqui.


Em Misquoting Jesus, Bart Ehrman parece, superficialmente, apresentar uma tese convincente para a falta de fidelidade do Novo Testamento baseado nas mudanças dos manuscritos antigos durante o processo de cópia dos copistas, particularmente no segundo e terceiro séculos. Infelizmente, ele não é sempre o estudioso objetivo que ele mesmo afirma ser. Este trabalho, enquanto provê um documentário interessante sobre a disciplina do criticismo textual, somente conta metade da história.

Embora Ehrman saiba que a maioria esmagadora destes erros de cópia são aqueles (tais como os erros de grafia) que são, em suas próprias palavras, “completamente insignificantes, imateriais, de nenhuma importância real” (p. 207)[1], ele repetidamente passa rapidamente por cima destes pontos críticos e alimenta, em vez disto, as muito mais escassas adições e alterações intencionais, as quais a maioria já foi removida das nossas modernas traduções, ou mesmo que preservadas, tem pequeno ou nenhum impacto na doutrina cristã.

Adicionalmente, Ehrman freqüentemente deturpa o corpo do moderno conhecimento concordando com ele em matérias controversas quando, na verdade, alguns dos mais importantes estudiosos do Novo Testamento – incluindo o próprio mentor de Ehrman, Bruce Metzger – discorda dele. Apesar disto, ao final de seu livro, Ehrman admite que “estudiosos altamente competentes freqüentemente vêm opor-se às suas conclusões” (p. 208); até então, ele usa o termo inclusivo “estudiosos” ou “maioria dos estudiosos” para apoiar suas conclusões, ainda que raramente seja verdade.

É particularmente perturbador quando Ehrman especula sobre o assunto da autenticidade baseado em sua própria opinião pessoal, ou responde ao texto antes mesmo de qualquer evidência histórica (por exemplo, ele visualiza diferenças secundárias de um evangelho para outro como tentativa deliberada de alterar a mensagem e apresenta uma diferente visão da história) e então, posteriormente em seu livro, deixa de chamar estas declarações “de especulação” para declarações “de fato”.

Pegue, por exemplo, sua argumentação de que Mateus e Lucas deliberadamente “apagaram” referências às emoções de Jesus (tais como compaixão ou ira, dependendo da variação lida que alguém escolha) na cura do leproso em Marcos 1.41. Por causa de que Ehrman prefere a leitura de que Jesus estava mais irado do que compassivo, ele argumenta que as descrições mais esparsas de Mateus e Lucas foram tentativas deliberadas de ocultar o que ele consideraria um fato embaraçoso. A argumentação de Ehrman ignora claramente o problema que, se os escritores do evangelho tinham inclinação para remover fatos embaraçosos, eles teriam ocultado os muito mais embaraçosos fatos deles, tais como a rejeição de Jesus por parte de Pedro, a incredulidade de Tomé, e o fato da tumba vazia ter sido descoberta por mulheres. Se eles deixaram estes fatos embaraçosos, porque eles deixariam fora do seu caminho algo tão inócuo quanto isto? Mais importante ainda, a argumentação de que isto é uma omissão deliberada (desta forma colocando dúvida nos motivos dos escritores) é uma interpretação pessoal que se sobrepõe ao texto – e completamente sem base nos fatos.

Rejeição subjetiva

Ironicamente, Ehrman usa seu treinamento em criticismo textual como a base para rejeitar a fé cristã. E, ainda, mesmo na própria admissão tácita de Ehrman, nenhum exemplo dado no livro toca o núcleo do ensino cristão.

Certamente, algumas adições dos copistas apóiam as afirmações do Novo Testamento sobre a divindade de Cristo, por exemplo; mas há um excesso de referências, incluindo as próprias palavras de Jesus, que não estão sob suspeita. E nenhuma destas discrepâncias coloca em xeque o coração da mensagem cristã, incluindo os detalhes relativos à morte expiatória, julgamento e ressurreição de Cristo, as quais formam o coração da fé cristã. Não somente isto, mas a confirmação dos pontos-chave dos relatos evangélicos pode ser encontrada em antigas crenças pré-Paulinas, as quais aparecem antes dos evangelhos ou epístolas serem escritas (a crença encontrada em 1 Coríntios 15, por exemplo, é comumente crida que ela apareceu dentro de uns poucos anos depois da morte de Cristo[2]), e nos escritos da Igreja antiga, tanto quanto em documentos seculares do primeiro e segundo séculos.

Curiosamente, Ehrman quase admite que o que importa não são os fatos da matéria, mas suas acusações pessoais (as quais são tão importantes que ele as faz na primeira e na última página do livro); que se a Bíblia foi realmente inspirada por Deus, então Deus teria preservado suas palavras originais perfeitamente através da história. Nenhum copista teria feito um simples erro ou uma simples mudança em qualquer ponto do tempo:

... por Deus inspirar a Bíblia então seu povo teria suas palavras reais; mas se ele realmente quis que as pessoas tivessem suas palavras reais, com certeza ele teria milagrosamente preservado aquelas palavras, tão somente como ele milagrosamente as inspirou em primeiro lugar. Dada a circunstância em que as palavras não foram preservadas, a conclusão parece inescapável para mim que ele não teve a preocupação de inspirá-las (p. 211).

Isto explica porque, na mente de Ehrman, as menores e mais secundárias discrepâncias tiraram do caminho a sua fé. Não que a evidência realmente aponte para os documentos do Novo Testamento como não confiáveis em transmitir verdade histórica, mas antes porque Deus não atingiu os padrões pessoais do próprio Ehrman.

Através da lente da ofensa

Esta, no seu núcleo, é a lente através da qual Ehrman visualiza sua pesquisa. Isto é claro, não somente em suas justificativas, mas em sua teologia. Muitas das afirmações de Ehrman de que as mudanças no texto são significativas à teologia cristã, realmente reflete o que parece ser uma compreensão superficial do texto.

Em outros lugares, seus problemas quase parecem manufaturados. Pegue o exemplo do aparente “erro” de Jesus quando Ele diz, em Marcos 4, que a semente da mostarda é “a menor de todas as sementes da terra”. Respondendo ao corpo do trabalho de harmonização destas passagens, Ehrman escreve, “Talvez eu não precise levantar uma explicação extravagante para como a semente da mostarda é a menor de todas as sementes quando eu sei muito bem que não é” (p. 10). Antes que conclua que Jesus proferiu uma asneira embaraçosa, não seria mais racional assumir que Jesus não estava fazendo uma declaração científica, mas antes estava a ferramenta comum do exagero para fazer um ponto importante – a comparação do tamanho da semente com a majestade da planta completamente desenvolvida? Para Ehrman ver isto como um erro antes do que como uma óbvia figura de linguagem sugere uma forte tendência através da qual ele interpreta o texto.

Esta tendência resplandece tanto através do restante do parágrafo quanto na lista de Ehrman, uma coleção de “contradições”, após cada uma das quais ele afirma que, antes de aceitar a harmonização, “talvez haja realmente uma diferença”. A resposta óbvia é “e talvez não haja”. Os exemplos que Ehrman dá são bem conhecidos dos estudiosos do Novo Testamento, e a maioria – se não todos – são facilmente harmonizados. Então nós ficamos com a solução fácil? Ou nós rejeitamos a solução mais intuitiva e focamos ao invés disto a menos intuitiva – que Jesus, que é comumente citado, mesmo por aqueles que não aceitam sua divindade, como o mais sábio homem que já viveu e que habitou em uma cultura de fazendeiros e agricultores, cometeu um erro grosseiro sobre o tamanho de uma semente comum?[3]

Por último, o que isto resume é a falta de respeito de Ehrman pela mensagem do Novo Testamento. Isto também é claro em suas incorreções nas citações bíblicas. Ocasionalmente, as referências bíblicas são rasteiramente incorretas. Em outros casos, se alguém ler a passagem a qual Ehrman está se referindo, ela nem sempre diz o que Ehrman afirma. Se Isto é um resultado de sua própria lambança ou resposta ao texto emocionalmente carregada, novamente ressalta uma questão acerca de sua objetividade.

O Cristianismo está baseado em qualquer coisa?

Com todas as coisas consideradas, há uma tremenda ironia aqui. Eu duvido que qualquer estudioso questionaria ele mesmo a discussão de Ehrman sobre os manuscritos. As alterações dos copistas são bem conhecidas, e que poucas “principais” modificações foram feitas ao texto são também bem conhecidas – mesmo para, ”hã, hum”, outros estudiosos do Novo Testamento – mas a despeito do propósito declarado do livro como uma introdução ao criticismo textual para leigos, é a conclusão que Ehrman formula que é a verdadeira mensagem do livro. Essas conclusões são altamente subjetivas, e é nas suas conclusões que muitos dos maiores estudiosos do Novo Testamento do mundo distinguem-se das visões dele.

A maior ironia é que Ehrman rejeitou sua fé no cristianismo bíblico no que ele vê como problemas irreconciliáveis com o texto; e, contudo, a fé cristã nunca foi baseada na perfeita preservação das traduções do Novo Testamento. É baseada no testemunho ocular do Cristo ressurreto, o qual é um dos eventos mais bem atestados na história antiga, com ou sem alterações dos copistas, e mesmo fora da Bíblia. Poderiam desaparecer todos os documentos do Novo Testamento, porém a historicidade do Cristo ressurreto, crucificado por nossos pecados e adorado pelos antigos cristãos como Deus, permaneceria intacta (veja The Historical Jesus, por Gary Habermas).

Uma ironia final é que, enquanto Ehrman pesquisou estes textos e rejeitou sua fé, muitos dos grandes intelectuais do nosso tempo têm olhado para as mesmas evidências e realmente fortalecido sua fé ou se tornam crentes pela primeira vez. Eu mesmo tomo algo muito diferente das evidências de Ehrman do que ele aponta, e eu realmente deleito-me com o livro e planejo adicioná-lo à minha biblioteca apologética apoiando a fé cristã – em grande parte, eu suspeito, para seu desapontamento.


Notas finais

[1] Na sua seção sobre os textos do Novo Testamento, Ehrman sumariza o trabalho por Daniel Whitby como concluindo que “o texto do Novo Testamento é seguro, apenas raramente qualquer variação citada por Mill (um oponente focado em variantes textuais) envolve um artigo de fé ou questão de conduta” (p. 86). Ehrman deixa sua contribuição incontestada, e poucas linhas mais tarde, acrescenta, “A defesa de Whitby pode bem ter definido o assunto”, exceto para a publicidade adicional que ele trouxe para as variações, perfazendo suas críticas. Ironicamente, o poder do argumento, neste ponto do livro, parece descansar com Whitby. Deste modo, na página 89, quando Ehrman coloca que o número de variações podia ser de 400000 ou mais, o leitor fica maravilhado com a relevância desta declaração. Se as variações não essenciais, como Ehrman admite, qual é o problema? Se há 30000 variações textuais ou 400000, o volume adicional não o faz mais pesado, apenas mais numeroso. Compondo o problema, quando Ehrman continua sua documentação dos avanços na prática da crítica textual, ele resume o trabalho de Johann Wettstein como segue: “Deste modo, leituras variantes podem afetar pontos secundários nas Escrituras, mas a mensagem básica permanece intacta sem problemas os quais alguém perceberia na leitura” (p. 112). Novamente, Ehrman deixa sua contribuição incontestada. Neste ponto, o leitor pode se admirar se Ehrman estava realmente argumentando pela confiabilidade dos textos. No fim das contas, Ehrman expõe que sua rejeição da autoridade deles não é baseada no que ele pode ver, mas no que não pode – e a importância que ele coloca em assuntos, segundo admite, teologicamente secundários e de pouca importância. Mas para o leitor perspicaz, a mensagem não escrita do livro é que, enquanto Ehrman ultimamente rejeita a autoridade dos textos do Novo Testamento baseados em assuntos secundários, ele claramente aceita a confiança deles em assuntos críticos e fundamentais do Cristianismo.

[2] Talvez as crenças dos mais antigos cristãos, 1 Co 15:3-8, seja o seguinte: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”. Gary Habermas, um dos mais notáveis especialistas sobre as evidências do primeiro e segundo século que corroboram para os manuscritos do Novo Testamento, nota que numerosos teólogos datam esta crença de três a oito anos após a crucificação de Cristo. Para uma lista de teólogos, bem como uma variedade de outras crenças pré-Paulinas, veja The Historical Jesus, por Gar Habermas, p. 144-146,154.

[3] Exemplos adicionais podem ser encontrados na página 133, na discussão de Ehrman das variações de leitura de Marcos 1.41, nas quais Jesus é alternativamente dito estar irado com o leproso e compassivo com ele. A despeito da grande tempestade de areia que Ehrman tenta criar sobre esta passagem, eu fracasso em encontrar a relevância. A não ser as ofensas de Ehrman de que Deus não preservou o texto e permitiu leituras variantes em primeiro lugar, isto não é um assunto. Se Jesus estava irado ou compassivo, ambas as emoções são justificáveis. O mesmo se aplica para a detalhada discussão de Ehrman sobre se Jesus estava afligido ou tranqüilo no jardim Getsêmani em Lucas 22. Novamente, qualquer uma das emoções é justificável. Além do mais, não é possível que Jesus tivesse sentido ambas as emoções? Não obstante, é baseado nisto e numa coleção de outros assuntos sem importância que Ehrman ultimamente rejeitou sua fé.

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sexta-feira, 4 de abril de 2008

Os apóstolos tiveram alucinações? 2

Explicando a Ressurreição de Jesus

O recente reavivamento da Teoria da Alucinação

Traduzido e adaptado por Leandro Teixeira
O artigo original pode ser lido aqui. Por Gary Habermas.

Abstract
Após mais de um século de virtual dormência, um número de hipóteses naturalistas alternativas em relação à ressurreição de Jesus têm aparecido em recentes publicações. Similar à situação ao fim do século XIX, alucinação e abordagens relacionadas são novamente as mais populares entre os críticos. Vamos examinar várias destas recentes formulações. Então, nós ofereceremos numerosas críticas, do assunto como um todo, bem como um par de assuntos abrangidos. Nós argumentaremos que estas alternativas argumentativas falham em explicar a historicidade das aparições da ressurreição de Jesus por uma multidão de razões, até mesmo quando julgadas por padrões criticamente aceitos.
Táticas naturalistas para explicar a ressurreição de Jesus têm presumidamente existido há tanto tempo quando o tempo desde que este evento se deu. Várias destas alternativas abordam o que está nos próprios evangelhos. Parece que os críticos, sabendo que na ressurreição reside o coração do Cristianismo, têm o escolhido especialmente para a discussão.
Nossa abordagem iniciará provendo algumas perspectivas históricas sobre o assunto, fazendo alguns comentários sintéticos com respeito ao apogeu das teorias naturalistas na teologia do século XIX. Foi em situação similar que, 100 anos atrás, a hipótese da alucinação foi também a mais popular posição crítica até que ela foi suplantada pelos estudiosos. Então, baseado na minha recente avaliação de mais de 500 publicações sobre o assunto da ressurreição de Jesus publicadas entre 1975 e hoje, nós documentaremos o crescimento da popularidade destas hipóteses atualmente, dirigidas pelos estudiosos durante as últimas duas décadas. Finalmente, nós apresentaremos uma multifacetada crítica destas posições, usando somente aqueles dados que podem ser apurados pelos meios críticos, assim sendo aceitas pela vasta maioria dos estudiosos[1].

Um retrospecto: abordagens naturalistas desde o século XIX

Publicações do fim dos séculos XVIII e XIX provêem os mais numerosos exemplos de teorias naturalistas acerca da Ressurreição de Jesus. No seu clássico volume documentando estudos do Jesus histórico durante este tempo, Alberto Schweitzer registra muitas destas abordagens. Por exemplo, uma tentativa antiga por Hermann Reimarus acusou que os discípulos de Jesus roubaram o seu corpo[2]. Friedrich Schleiermacher aprovou a Teoria do Desmaio, tomando a visão de que Jesus nunca morreu na cruz[3]. David Strauss popularizou a Teoria da Alucinação[4], e outros, tais como Ernest Renan, o seguiram[5]. Otto Pfleiderer e outros pensam que lendas podem explicar a maioria dos dados[6].
Um incrível enredo secundário é que muitos dos estudiosos liberais proveram refutações das hipóteses competitivas. Schleiermacher e Heinrich Paulus atacam várias teorias de visão[7]. Strauss é costumeiramente lembrado por ter quebrado a Tese do Desmaio com sua criteriosa análise[8], então poucos estudiosos apoiaram-na após sua crítica[9]. Até mesmo preferiram a tese da lenda, Pfleiderer até admitiu que não poderia explicar completamente os dados da Ressurreição de Jesus[10]!
Durante a maior parte do século XX, contudo, havia, comparativamente, pouco interesse nas teorias naturalistas contra a ressurreição de Jesus. Aqueles que rejeitavam a historicidade deste evento raramente fazem referências às formulações alternativas. Após mencionar uma extensa lista de teorias críticas, Raymond Brown indicou umas poucas décadas atrás: “o criticismo de hoje não segue os caminhos tomados pelo criticismo passado. Não mais respeitáveis são as teorias cruas... populares no século passado... estudiosos sérios prestam pouca atenção para estas reconstruções ficcionais” [11].
Esta calmaria em parte dos estudiosos críticos veio por mais de uma razão. Não é coincidência que interesse em muitas matérias acerca do Jesus histórico fraquejaram neste mesmo período. Mas perto do topo da lista teria de ser a falha das hipóteses naturalistas para explicar os dados conhecidos. Em outras palavras, a razão principal para rejeitar estas teses alternativas é que cada uma delas é refutada pelos fatos. Após averiguar algumas destas teorias, James D. G. Dunn conclui: “interpretações alternativas dos dados falham em prover uma explicação mais satisfatória” [12]. O filósofo Stephen Davis concorda com a crítica:
“... somos incapazes de exaltar uma história coerente e plausível que relate pelas evidências à mão. Todas as hipóteses alternativas com as quais eu estou familiarizado são historicamente fracas; algumas são tão fracas que desmoronam com seu próprio peso uma vez ditas... as teorias alternativas que tem sido propostas não são somente fracas, mas são muitíssimo fracas ao explicar as evidências históricas disponíveis...” [13]
Apesar destes desenvolvimentos, parece nos presentes dias ser uma limitada tendência rumo ao retorno a algumas formas destas teses envolvendo os cristãos mais antigos tendo alucinações ou outras experiências subjetivas.

O recente retorno da Hipótese da Alucinação

Em minha recente avaliação de centenas de publicações críticas acerca da ressurreição, tornou-se aparente que muitos estudiosos estão apoiando várias hipóteses naturalistas que foram os argumentos principais em recentes décadas. Este fenômeno não é devido a qualquer mudança na paisagem histórica. Antes, é como os antigos dizem - que aqui se faz aqui se paga – como se alguns estudiosos simplesmente pensassem que este é um tempo para mudança.
Desses que agora preferem explicações alucinógenas, contudo, somente uns poucos têm prosseguido nesta abordagem em detalhes. Nós examinaremos algumas destas tentativas, enquanto vários outros estudiosos simplesmente mencionam a possibilidade da, ou preferência pela, tese da alucinação[14].
Gerd Ludemann esteve, em publicações recentes, resenhando um argumento que é totalmente similar às tentativas do século XIX, assegurando que a explicação pode ser aplicada a todos os principais participantes da igreja antiga; os discípulos, Paulo, os 500, e Tiago, irmão de Jesus[15]. Ludemann sustenta que é claro na linguagem de Paulo que o termo ophthe em 1 Coríntios 15.3ss significa que ele estava falando da visão verdadeira, “de sua própria percepção sensorial...” tanto quanto as dos outros apóstolos. Então Paulo “deve ter esperado que os Coríntios entendessem o termo historicamente” [16]. Ludemann conclui que visões alucinógenas são necessárias, juntamente com “características de público ouvinte” que produzem um “estímulo”, “entusiasmo”, “intoxicação religiosa” e “êxtase” para Pedro. Esta se propagou para os outros discípulos por “uma incomparável reação em cadeia”. Paulo, os outros apóstolos, os 500, e Tiago todos experimentaram similarmente estas visões subjetivas. As aparições foram coletivas, atingindo um “êxtase em massa” [17].
Apesar de sua abordagem ser totalmente diferente em alguns pontos, Jack Kent também pensa que alucinações explicam as afirmações dos discípulos, Paulo e Tiago[18]. Kent combina duas teorias naturalistas para explicar a aparente ressurreição de Jesus. Os discípulos e as mulheres experimentaram “alucinações normais relacionadas à tristeza”. Paulo, de outra forma, experimentou conflito e turbulência íntimos pela participação na morte de Estevão e pela sua perseguição de cristãos. Como resultado, ele foi submetido a uma “desordem de conversão”, uma reconhecida enfermidade psíquica que é relatada na sua conversão no caminho para Damasco, incluindo queda e cegueira, em particular[19]. Diferentemente de Ludemann, Kent desejou evitar alucinações coletivas[20].
Concordando com Kent, Michael Goulder aplica uma explicação relacionada às experiências de Paulo, Pedro, e alguns dos outros[21]. Goulder pensa que Pedro e Paulo experimentaram o que ele chama de “visões de conversão”, alucinações de vários tipos que são produzidas em tempos de grande stress, culpa e insegurança. O resultado para estes apóstolos, um dos quais havia negado seu Senhor e outro que tinha perseguido cristãos, era uma nova orientação para a vida – uma transformação que direcionava a “subseqüente heroísmo e martírio” [22].
Outra abordagem que eu tenho apelidado de Teoria de Iluminação deveria, talvez, ser mencionada brevemente. Vários estudiosos recentes preferem uma estratégia que, enquanto se parece com a tese da alucinação, não é completamente igual. Em geral, a idéia é que Pedro foi o primeiro que teve algum tipo de experiência subjetiva ou crença que Jesus estava vivo. Isto foi mais tarde comunicado de alguma forma para os outros seguidores de Jesus, que concluíram que Jesus havia ressuscitado. Eles sustentaram que nós não podíamos agora falar sobre a natureza histórica deste incidente. É a fé destes crentes antigos que é de maior importância aqui, não a natureza das experiências[23]. É freqüentemente observado que estas experiências não foram alucinações[24], mas muitos dos nossos críticos ainda aplicam esta tese.

Uma crítica da Hipótese da Alucinação

Enquanto a recente onda de teses da alucinação revela algumas diferenças, há muitas similaridades. Nós não precisamos pesar a hipótese como um todo. Mas nós iniciaremos avaliando dois lados importantes do assunto: a possibilidade de alucinações em grupo e a tese de desordem de conversão proposta por Kent e Goulder.

Alucinações coletivas

Um dos tópicos principais nesta discussão concerne se um grupo de pessoas pode ser testemunha da mesma alucinação. A maioria dos psicólogos discute a realidade de tais ocorrências, como colocadas abaixo. Uma rara tentativa sugestionando que alucinações coletivas são possíveis, sem nenhuma aplicação à ressurreição de Jesus, é feita por Leonardo Zusne e Warren Jones. Eles afirmaram para fenômeno tal como afirmadas aparições da virgem Maria e outros relatos participantes do grupo de pessoas. Em casos como estes, “expectativa” e “excitação emocional” são “pré-requisitos para alucinações coletivas”. Em tais grupos, nós vemos o “contágio emocional que tão freqüentemente toma lugar em multidões tomadas por emoções fortes...” [25]
Mas apoiar as alucinações coletivas é altamente problemático, e em várias áreas.
(1) Para começar, os exemplos principais de “alucinações coletivas” providas por Zusne e Jones foram experiências de grupos religiosos, tais como as aparições marianas. Mas estas citações simplesmente desviam a questão em relação se tais experiências podiam possivelmente ser objetivas, ou até mesmo sobrenaturais, pelo menos em algum sentido. Em outras palavras, porque deveria uma explicação naturalista e subjetiva ser aceita?[26] Isto parece excluí-las de uma maneira prioritária, antes dos dados serem considerados.
(2) Além disto, a tese da alucinação coletiva é infalsificável. Ela poderia ser aplicada a visões grupais puramente naturais, simplesmente chamando-as de alucinações grupais também. Nesta tese, o critério epistêmico crucial parece estar faltando. Como nós determinamos ocorrências normais dentro de alucinações grupais?
(3) Mesmo se pudéssemos estabelecer que grupos de pessoas testemunharam alucinações, é crítico notar que não decorre que todas estas experiências são, conseqüentemente, coletivas. Se, como a maior parte dos psicólogos afirma, alucinações são privadas, são eventos individuais, então como grupos poderiam compartilhar a mesma percepção visual subjetiva? Antes, é muito mais provável que o fenômeno em questão são também ilusões – erros de interpretação na percepção da verdadeira realidade[27] – ou alucinações individuais.
Além do mais, a maior sucessão de problemas resulta da comparação desta tese com os relatos das aparições de Jesus após a ressurreição. E aqui, o poder de explicação desta hipótese é severamente desafiada, uma vez que a maior parte dos dados não somente se diferem, mas realmente contradizem, as condições necessárias para as “alucinações coletivas”. Um destes itens será mencionado aqui, com os outros seguindo abaixo.
(4) Por exemplo, Zusne e Jones argumentam que “expectativa” e “excitação emocional” são pré-requisitos para que tais ocorrências grupais aconteçam. De fato, a expectativa “coordena este papel” [28]. Mas este cenário contradiz o estado emocional das antigas testemunhas da ressurreição de Jesus. Até mesmo psicologicamente, os crentes antigos foram confrontados face-a-face com o completo realismo da recente e inesperada morte do seu melhor amigo, de quem eles tinham esperança de resgatar Israel. Como aqueles recentes eventos desdobraram-se em uma tempestade de castigos físicos em Jesus, crucificação e aparente abandono, a resposta normal seria medo, desilusão e depressão. Supor que estes crentes exibiriam “expectativa” e “excitação emocional” em face destas rigorosas circunstâncias requereria deles respostas que seriam incomuns em um funeral! Todas as indicações são que os discípulos de Jesus exibiram emoções muito opostas do que Zusne e Jones propagaram como requerimentos necessários.
Por comparação, a experiência dos discípulos é totalmente diferente daquelas em outros casos onde peregrinos viajaram expressamente longas distâncias, multidões exuberantes com o explícito desejo de ver algo especial. Aí parece ser terreno escasso de comparação com os discípulos de Jesus[29].
Muitos outros problemas cruciais podem “contaminar” a tese da alucinação em grupo, e nós prosseguiremos em várias delas mais abaixo. Mas, por enquanto, nós repetiremos que Zusne e Jones nunca tentaram aplicar sua abordagem à ressurreição de Jesus. Antes, eles preferiram nivelar incrivelmente suas investigações com a admissão de que alucinações em grupo têm um “status incerto” porque não é possível apurar se estes indivíduos tiveram realmente alucinações![30]

Desordem de conversão

Kent sugeriu que Paulo experimentou uma desordem de conversão, uma condição psicológica caracterizada por sintomas físicos tais como cegueira e paralisia na ausência de causas médicas ou psicológicas específicas. Tais foram adquiridas por turbulência interna, conflito, dúvida e culpa. Goulder concorda sobre Paulo, mas adiciona que Pedro e outros, talvez Tiago, também sofreram do mesmo problema.
Mas, novamente, nós devemos alinhar nossas hipóteses com os fatos, e multiplicar problemas opostos a esta interpretação, da mesma forma.
(1) Inicialmente, somente Paulo é conhecido como tendo manifestado estes sintomas, então a inclusão de Goulder dos outros não tem fundamento.
(2) Simplesmente, um gigantesco problema é que, do que nós sabemos sobre Paulo, e Tiago em particular, não havia nenhuma área mitigante para supor tal desordem. Nós não temos nenhuma indicação que houve o mais insignificante conflito interno, dúvida ou culpa relativa à prévia rejeição deles aos ensinamentos de Jesus. Críticos concordam que Tiago era descrente durante o ministério terreno de Jesus (Jo 7.5; cf. Mc 3.21). O ceticismo de Paulo é ainda melhor conhecido, uma vez que ele perseguia os cristãos antigos (1 Co 15.9; Gl 1.13,23). Mas nós não sabemos de qualquer culpa da parte de Paulo, por ele considerar suas ações zelosas e irrepreensíveis (Fp 3.4-6). Resumindo, não há nenhuma indicação de qualquer desejo de conversão por nenhum destes homens. Supor outra coisa é um despropósito sem fundamentos. Em resumo, estes homens são pobres candidatos para esta desordem.
(3) Além disto, o perfil psicológico fortemente opõem uma aplicação para qualquer destes três apóstolos. Desordem da conversão mais freqüentemente ocorre com mulheres (cerca de 5 vezes mais freqüente), adolescentes e jovens, pessoas menos instruídas, aquelas com QI baixo, status socioeconômico baixo, ou combatentes[31]. Não há uma única característica que possa ser aplicada a Pedro, Paulo ou Tiago.
(4-5) Além disto, sustentar que vítimas da desordem de conversão são fortes candidatas a ter alucinações visuais e auditivas é aumentar o caso um pouquinho. Estas são características incomuns[32]. Não somente são estes apóstolos pobres candidatos para a desordem em primeiro lugar, mas estão bem longe desta doença, eles foram adicionalmente não predispostos a experimentar alucinações. E aqui nós temos duas críticas separadas, devido aos conjuntos de circunstâncias muito diferentes. Não há indicação de que ambos, Tiago e Paulo, em particular, ansiaram ver Jesus. Sua descrença é uma base pobre para produzir alucinações! Tiago, o cético, e Paulo, o perseguidor, são excepcionalmente obstinados obstáculos para a tese da alucinação! Mais uma vez, dizer outra coisa é mera conjectura à parte dos dados históricos.
(6) Nenhuma destas hipóteses relata o que seria de outra forma considerada uma desilusão majestosa – neste caso da crença dos apóstolos que Deus teria comunicado a eles uma mensagem para o mundo inteiro que os outros devem aceitar. Mas isto é diferente de que há outras desilusões envolvidas aqui, até mesmo ocorrendo precisamente no mesmo tempo, então o caso é mais enfraquecido.
Resumindo, afirmar que estes apóstolos foram vítimas de desordem de conversão simplesmente não condiz com os fatos. É claramente uma super-confiança na hipótese a despeito dos dados, uma teoria não ancorada na realidade. Fazer todos os fatores necessários convergir simultaneamente é altamente improvável. E, semelhantemente, a acusação de alucinação em massa falha se desgasta silenciando outras dificuldades.

Problemas adicionais

Muitos outros tópicos sobraram acerca da hipótese da alucinação.
(1) Certamente alucinações individuais são questionáveis por quaisquer crentes que experimentaram desespero na inesperada morte de Jesus apenas horas antes. Suas esperanças e sonhos foram subitamente destruídos. Extrema aflição, e não exuberância, seria a resposta normal.
(2) A ampla variedade de tempos e lugares onde Jesus apareceu, juntamente com as diferentes vivências das testemunhas, é simplesmente um imenso obstáculo. Homens e mulheres, durões e emotivos igualmente, todos creram que eles viram Jesus, dentro e fora de lugares, por si mesmo providenciaria uma insuperável barreira para as alucinações. As desigualdades para que cada pessoa represente meticulosamente o adequado quadro mental para experimentar uma alucinação, até mesmo individualmente, decai exponencialmente[33].
(3) Geralmente, alucinações não transformam vidas. Estudos tem mostrado que mesmo aqueles que tem alucinações freqüentes (ou talvez costumeiramente) não admitem as experiências quando outras pessoas presentes não vêem a mesma coisa[34]. Críticos reconhecem que os discípulos de Jesus foram transformados mesmo ao ponto de estar totalmente disposto a morrer por sua fé. Nenhum texto antigo reporta que qualquer um deles se retratou. Acreditar que esta qualidade de convicção vem completar falsas percepções sensoriais sem ninguém rejeitá-la mais tarde é altamente problemática.
(4) Naturalmente, se as aparições foram alucinações, então o corpo de Jesus deveria estar localizado seguro na sepultura fora da cidade de Jerusalém! Que o corpo indubitavelmente seria uma enorme negação para as tentativas dos discípulos pregarem que Jesus tinha ressuscitado! Mas alucinações não se encaixam aqui, então outra tese naturalista é necessária.
Ainda outros itens impedem a hipótese da alucinação. Embora estes não sejam talvez tão fortes, eles ainda contam: (5) Porque as alucinações pararam após 40 dias? Porque elas não continuaram atingindo outros crentes, como os outros tinham sido? (6) A ressurreição foi o ensino central dos discípulos, e nós costumeiramente tomamos cuidado extra com o que está mais próximo dos nossos corações. Isto é o que dirigiu Paulo a checar a natureza dos dados do evangelho com outros discípulos chave em pelo menos duas ocasiões, para ter certeza que ele estava pregando a verdade (Gl 1.18-19; 2.1-10). Ele achou que eles estavam também falando das aparições de Jesus para eles (1 Co 15.11). (7) O que falar sobre a tendência natural do homem em tocar? Ninguém iria mesmo descobrir, nem mesmo uma única vez, que seu melhor amigo, parecia estar ali de pé a uns passos, mas não estava realmente lá?
(8) A ressurreição de um indivíduo contradiz a teologia geral judaica, a qual sustenta um evento corporativo ao final dos tempos. Então a ressurreição de Jesus não preencheu as expectativas dos judeus.
(9) Por último, alucinações do tipo prolongado requeridas por esta teoria naturalista são absolutamente raros fenômenos, sobretudo ocorrendo em certas circunstâncias que militam contra os discípulos de Jesus serem os recipientes[35].

Conclusão

Após um hiato centenário, parece que recentemente temos observado uma limitada tendência em direção à reformulação das abordagens naturalistas da ressurreição de Jesus. A alucinação e hipóteses relacionadas são novamente as mais populares, como elas foram ao final do último século. Mas nós argumentamos que estas estratégias falham em explicar os dados conhecidos e reconhecidos pela crítica em várias frentes. Por cerca de 20 razões, nós concluímos que elas fracassam em suas tentativas de prover uma alternativa para a proclamação do Novo Testamento. O psicólogo clínico Gary Collins enumera alguns destes itens aqui:
Alucinações são ocorrências individuais. Por sua própria natureza somente uma pessoa pode ver uma dada alucinação por vez. Elas certamente não são algo que podem ser vistas por um grupo de pessoas... Uma vez que alucinações existem somente num sentido pessoal e subjetivo, é óbvio que outras pessoas não podem testemunhá-las[36].
De fato, os problemas com esta tese são tão sérios que estes críticos “teriam de ir contra a maioria dos dados psicológicos e psiquiátricos mais recentes sobre a natureza das alucinações” [37]. Isto parece colocar estas abordagens em desacordo com o conhecimento científico atual sobre o assunto. Nós concluímos que aplicar a tese da alucinação e assuntos correlatos às aparições da ressurreição de Jesus está seriamente errado, através de várias disciplinas, em muitos pontos.

Notas finais

[1] Isto é o que eu chamo de Método dos Fatos Mínimos, o qual argumenta dirigidamente dos dados que tem a dupla característica de ser individual e multiplicadamente atestada em forte terreno evidencial, por esta razão é aceita por quase todos os estudiosos que pesquisaram este assunto. Para um esboço deste método, veja Gary Habermas, “Evidential Apologetics”, em Five Views on Apologetics, Steven Cowan, Ed. (Grand Rapids: Zondervan, 2000), 99-120, 186-190.
[2] Albert Schweitzer, The Quest of the Historical Jesus: A Critical Study of Its Progress from Reimarus to Wrede, W. Montgomery, trans. (New York: Macmillan, 1906, 1968), 21-22; outros exemplos são encontrados nas páginas 21-22, 43, 47, 53-55, 60, 83, 162-167, 170, 187, 210-214.
[3] Schweitzer, p. 64; cf. Friedrich Schleiermacher, The Christian Faith, H.R. Mackintosh and J. S. Stewart, trans. (New York: Harper and Row, 1963), 417-421.
[4] David Strauss, A New Life of Jesus, no trans., Segunda Edição, Dois vols. (Edinburgh: Williams and Norgate, 1879), vol. I, 412-440.
[5] Ernest Renan, Vie de Jesus (Paris: Calmann-Levy, 1861), 355-356.
[6] Otto Pfleiderer, Early Christian Conception of Christ: Its Significance and Value in the History of Religion (London: Williams and Norgate, 1905), Chapter IV.
[7] Schleiermacher, 420; Schweitzer, 53-55.
[8] Strauss, 408-412.
[9] As listas de Schweitzer não convenceram os proponentes da teoria do desmaio após 1838, três anos após a publicação inicial da crítica de Strauss.
[10] Pfleiderer, 157-158.
[11] Raymond Brown, "The Resurrection and Biblical Criticism," Commonweal, Vol. 87; No. 8 (Nov. 24, 1967), 233.
[12] James Dunn, The Evidence for Jesus (Louisville: Westminster, 1985), 76.
[13] Stephen Davis, "Is Belief in the Resurrection Rational?: A Response to Michael Martin," Philo, Vol. 2; No. 1 (Spring-Summer, 1999), 57-58.
[14] Alguns destes são Dan Cohn-Sherbok, "The Resurrection of Jesus: A Jewish View" in Resurrection Reconsidered, Gavin D'Costa, ed. (Oxford: Oneworld, 1996), 197; John Barclay, "The Resurrection in Contemporary New Testament Scholarship," in D'Costa, 25-26; Michael Grant, Saint Paul: The Man (Glasgow: William Collins Sons, 1976), 108; M. Lloyd Davies and T.A. Lloyd Davies, "Resurrection or Resuscitation?" Journal of the Royal College of Physicians of London, Vol. 25; No. 2 (April 1991), 168; Antony Flew, in Gary R. Habermas and Antony Flew, Did Jesus Rise from the Dead? The Resurrection Debate, Terry Miethe, ed. (San Francisco: Harper and Row, 1987), 50-59; John Hick, The Center of Christianity (San Francisco: Harper and Row, 1978), 25. Apesar de Peter Carnley pensar que a Ressurreição de Jesus realmente aconteceu, ele pontua que a suposição da visão subjetiva é muito difícil de negar (The Structure of Resurrection Belief [Oxford: Clarendon, 1987], 64, 244-245; cf. 69-72, 79, 82).
[15] Os trabalhos mais bem conhecidos de Gerd Ludemann são: The Resurrection of Jesus: History, Experience, Theology, John Bowden, trans. (Minneapolis: Fortress, 1994); uma rendição mais popular foi escrita em colaboração com Alf Ozen, What Really Happened to Jesus: A Historical Approach to the Resurrection, John Bowden, trans. (Louisville: Westminster John Knox, 1995).
[16] Ludemann, The Resurrection of Jesus, 50, 37; cf. What Really Happened to Jesus, 103.
[17] Ludemann, The Resurrection of Jesus, 106-107, 174-175.
[18] Jack Kent, The Psychological Origins of the Resurrection Myth (London: Open Gate, 1999).
[19] Kent, 6-11, 49-61, 85-90.
[20] Ibid., 89-90.
[21] Michael Goulder, "The Baseless Fabric of a Vision," 48-61; uma versão resumida foi publicada como parte de uma debate com James Dunn em Resurrection, G. N. Stanton and S. Barton, eds. (London: SPCK, 1994), 58-68.
[22] Goulder, "The Baseless Fabric of a Vision," 48-52. Casualmente, Goulder argumentou que os discípulos, especialmente considerando as aparições em grupo, experimentaram “desilusões coletivas”. Estas são significantemente diferentes das alucinações subjetivas a que eles se referiam aos equívocos com objetos físicos e reais (52-55).
[23] Visões similares são dadas por: Willi Marxsen, Jesus and Easter: Did God Raise the Historical Jesus from the Dead? (Nashville: Abingdon, 1990), 65-74; Willi Marxsen, The Resurrection of Jesus of Nazareth, Margaret Kohl, trans. (Philadelphia: Fortress, 1968), esp. Chapters III-IV; Don Cupitt, Christ and the Hiddenness of God (Philadelphia: Westminster, 1971), 143, 165-167; Thomas Sheehan, The First Coming: How the Kingdom of God became Christianity (New York: Random House, 1986), 95-118; John Shelby Spong, Resurrection: Myth or Reality? (San Francisco: Harper San Francisco, 1994), 255-260; John Shelby Spong, The Easter Moment (San Francisco: Harper and Row, 1987), esp. 39-68.
[24] Spong, The Easter Moment, 196; Sheehan, 262-263, nota final 38; cf. Marxsen, Jesus and Easter, 71-74.
[25] Leonard Zusne and Warren Jones, Anomalistic Psychology: A Study of Extraordinary Phenomena of Behavior and Experience (Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1982), 135–136.
[26] Para um número de observações críticas e respostas a tais fenômenos, veja Elliot Miller e Kenneth Samples, The Cult of the Virgin Mary: Catholic Mariology and the Apparitions of Mary (Grand Rapids: Baker, 1992), esp. Capítulos 11-14 e Apêndice A.
[27] Aqui Zusne e Jones repetidamente se referem às alucinações coletivas, ainda que eles concluam de modo oposto, que estes grupos podem ter visto um fenômeno real. Então, a “resposta final para estas questões não foi obtida ainda” (135-136)!
[28] Ibid., 135.
[29] A réplica poderia ser feita talvez com uns poucos indivíduos alucinados individualmente, por meio da indução da excitação em outros, preparando-os para as alucinações. Da nossa crítica abaixo, uma resposta multifacetada pode ser elaborada. Eu sugeriria especialmente as críticas 4 e 5 na próxima seção em relação aos casos de Paulo e Tiago, os quais seriam altamente problemáticos para esta visão por causa do ceticismo inicial em conversão posterior destes apóstolos, acrescentando (com suas variações) as críticas de 2 a 8 na seção “Problemas adicionais”.
[30] Ibid., 136; cf. 134–135. Para explicações mais exatas contra as alucinações em grupo, veja Phillip Wiebe, Visions of Jesus: Direct Encounters from the New Testament to Today (New York: Oxford, 1997), 210; J.P. Brady, "The Veridicality of Hypnotic, Visual Hallucinations," in Origins and Mechanisms of Hallucinations, Wolfram Keup, ed. (New York: Plenum, 1970), 181; Weston La Barre, "Anthropological Perspectives on Hallucinations and Hallucinogens," in R. K. Siegel and L. J. West, eds., Hallucinations: Behavior, Experience and Theory (New York: John Wiley and Sons, 1975), 9–10.
[31] Harold Kaplan, Benjamin Sadock, e Jack Grebb, Synopsis of Psychiatry, Seventh ed. (Baltimore: Williams and Wilkins, 1994), 621.
[32] Cf. Ibid., 621-622. Eu também agradeço à clínica psicológica Gary Sibcy, Ph.D., pelas últimas duas respostas.
[33] S. J. Segal, "Imagery and Reality: Can they be Distinguished?" in Keup, 103-113. Mesmo se as pessoas ficassem alucinadas em grupos, Zusne e Jones também notam que nem todos teriam estas experiências (135).
[34] Segal, 103; unpublished study of hallucinations by Shea Lambert, "Hallucinations and the Post Death Appearances of Jesus," 20 September, 2000, 2-5, 8-9.
[35] Para mais detalhes, veja Wiebe, 199-200, 207-211. Repetindo nosso ponto inicial, muitas das objeções através desta seção pode ser aplicada também ao que eu tenho chamado de Teoria da Iluminação.
[36] Gary Collins, em conversa pessoal, 21 de Fevereiro de 1977.
[37] Ibid.
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