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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O amor-próprio do cristão 2


O amor-próprio do cristão

Centenas de obras já foram publicadas a respeito do desenvolvimento do amor-próprio, da auto-estima das pessoas. Algumas delas são obras sérias, mas a maior parte faz parte do que comumente denomina-se 'autoajuda', onde quem recebe os benefícios da ajuda efetivamente são os próprios autores dos livros. Este tipo de leitura tem se tornado muito mais presente hoje, já que o mundo e a sua pressão por produção e rapidez complica e muito o nosso desenvolvimento pessoal, pois sobra-nos pouco tempo para meditar, descansar, pensar sobre nós mesmos e sobre o que nos cerca. É evidente que a autoestima é importante. Uma pessoa que não é bem resolvida consigo mesma tem problemas de relacionamento.

Mas e o cristão? Deve nutrir um amor-próprio? O que a Bíblia nos diz?


Muitos cristãos têm escrito sobre este tema. O que se percebe são duas tendências bem opostas. Uma das linhas de pensamento defende que o cristão, hoje, depois de salvo e redimido, se torna um 'super-homem'. Deve ser rico, não adoecer, não ter problemas familiares... nada o abala. 'Tudo podem nAquele que os fortalece'. A outra vertente coloca o cristão como um 'coitadinho', que é tão miserável que não tem direito a nada, a não ser esperar o futuro lhe reserva, exibindo uma espécie de humildade exagerada e artificial. 'Porque eu sei que em mim, na minha carne, não habita bem algum', diz Paulo na carta aos Romanos. Mas nem todas as coisas podem ser pintadas em preto ou branco. Existem os tons de cinza, e há cores também.

O primeiro tipo citado parece esquecer-se que ainda temos corpos corrompidos pelo pecado. Parece esquecer-se que continuamos e sempre vamos continuar dependendo de Deus para tudo. Esquecem-se que Deus é soberano sobre tudo e todos, e é Ele quem, em última instância, permite ou concede. Mas, de repente, as pessoas que se enquadram no primeiro caso chegam à conclusão que Deus é obrigado a fazer o que querem, como se Ele fosse o grande gênio da lâmpada. O amor-próprio se torna insuportável, esquecendo de serem humildes perante o Criador e Mantenedor de todas as coisas.

Já o segundo tipo se baseia em passagens na Bíblia que falam sobre humildade, abnegação e abandono do 'eu'. Jesus mesmo falou sobre isto. Quer que neguemos a nós mesmos e tomemos a nossa cruz. Que quem amar a própria vida, vai perdê-la. Outras passagens falam sobre o egoísmo e o orgulho, dos quais devemos nos manter longe. Isoladamente, estes versículos dão a entender que, realmente, amar a si mesmo é mal. Mas será que é isso mesmo que a Bíblia ensina?

Há bons motivos, bíblicos, pelos quais nutrir amor por si mesmo é bom. Primeiro, porque o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1.26 e Sl 8.5). E por este mesmo motivo é que devemos amar todas as outras pessoas, mesmo aquelas que não nos parecem dignas do nosso amor e atenção, como um homicida serial não arrependido, por exemplo. Em segundo lugar, amar a nós mesmos é uma base para que possamos amar os outros. Jesus afirmou categoricamente: "Amem os outros como a si mesmo". Ele não disse "ame os outros em vez de a si mesmos". Percebam que o amor-próprio não é ensinado; ele é pressuposto. É como se Cristo tivesse dito: "Você se ama, e isso é muito bom. Agora, vá e ame os outros da mesma forma". E em terceiro lugar, é bom nos amar porque o próprio Deus nos ama. Não amaríamos o que Deus ama? Parece-me fora de propósito.

Uma das obrigações mais básicas do cristão é cuidar de si mesmo. Em Efésios 5.29, Paulo diz "Ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja". É normal e necessário que os crentes alimentem até amadurecerem física, mental, social e espiritualmente, e se protejam dos elementos prejudiciais. Verifique na sua Bíblia. Deus quer que cada uma de nós se preocupe acerca de si mesmo. E esta consideração que temos conosco fornece uma base simples para usar com as outras pessoas.

Amor-próprio é trabalhar diligentemente para se sustentar e sustentar a família, e contribuir com a obra de Deus. Significa também investir tempo no seu desenvolvimento espiritual a fim de preparar-se para ensinar os outros. Significa proteger-nos mental, física, social e espiritualmente dos elementos prejudiciais. Até mesmo medidas simples como colocar o cinto ou o capacete antes de sair de carro ou moto, cuidar da sua higiene, evitar a gula, assistir bons filmes, ler bons livros, escutar boas músicas, evitar fazer parte de grupos de pessoas que podem prejudicar o seu crescimento na fé... tudo isto revela um cuidado consigo mesmo que será refletido no seu amor por outras pessoas.

Cuidado com os extremos

Como escrevi acima, o problema não é ter amor-próprio, mas sim tê-lo em excesso ou com escassez. Paulo escreveu muito bem sobre isto em 1 Coríntios, capítulo 12, onde ele fala sobre o uso dos dons espirituais na igreja. 1 Co 12.12 compara cada membro da igreja com uma parte de um corpo. Em seguida, nos versículos 15 e 16, cuida de não desmerecer a importância de cada um, evitando que algum membro se sinta inferior aos outros. E, no versículo 21, Paulo fala sobre não amar demais a si mesmo, pois todos são importantes, não importando o que cada um é ou faça. O bom mesmo é agir sempre com moderação e equilibrio (Rm 12.3-5)

Ninguém dá nada que não possua. Pense nisto. Antes de 'tentar' amar as pessoas, veja se ama a si mesmo, e se é um amor sadio. Depois disto, você saberá como amar as outras pessoas. Você terá o que oferecer.
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Devemos provocar o milagre? 2

Devemos provocar o milagre?

Certa vez assisti um pregador, destes que vão de igreja em igreja, fazendo campanhas, afirmar que Deus não faz nada a não ser que o "provoquemos". A frase que ele usou, exatamente, foi "Para haver um milagre, devemos provocar o milagre". Muitos estavam precisando de um milagre na área financeira, e então "provocaram" o milagre fazendo uma oferta de sacrifício, com um valor talvez alto para as suas possibilidades atuais, mas confiantes de que Deus, mais adiante, faria o ressarcimento.

Quero ressaltar que não tenho nada contra o fato de fazermos ofertas de sacrifício. A viúva deu tudo o que tinha como oferta e Jesus chamou a atenção dos discípulos para isso. Mas devemos nos atirar do pináculo do templo confiando que Deus mandará Seus anjos para nos segurarem? Foi isso que Satanás tentou induzir Jesus a fazer, enquanto ele esteve no deserto. Mas Jesus disse: "Não tentarás o Senhor teu Deus" (Mt 4.7). Então, da mesma forma que Jesus respondeu, deveríamos responder a estas tentativas de "provocar" o milagre. Outra analogia útil para compreensão deste absurdo seria pedir a cura divina para alguma doença, como a cirrose. Mas, antes, teríamos de "provocar" o milagre entornando uma garrafa de bebida alcoólica atrás da outra até adoecer. Ou se atirar a algum relacionamento amoroso, querendo que Deus "dê um jeito" para que o casal possa ficar junto. Ou comprar muitos bens, mesmo sem dinheiro, confiando que Deus vai lhe dar condições de pagar tudo. Os exemplos são muitos.

Se devemos "provocar" o milagre para cada desejo nosso, para que Deus aja na nossa vida, faríamos muitos absurdos. Devemos confiar em Deus, acima de tudo, para que Ele endireite todas as nossas veredas (Pv 3.5-6).

A viúva entregou tudo o que tinha para que ela pudesse confiar plenamente na provisão e proteção de Deus. Ela não deu tudo com a intenção de que Deus lhe devolvesse o dinheiro corrigido mais tarde. Ela não deu com o propósito de comprar bençãos de Deus, mas sim para se livrar de algo que estava lhe impedindo de confiar plenamente no Senhor. É bastante óbvio que o Senhor nos suprirá todas as necessidades (Fp 4.19), mas para isso não devemos tentar à Deus, pois nisto pecamos.

"Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós." (1Pe 5:6-7)
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