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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Lascívia 0


Definição tradicional (Aurélio)
Sensual, libidinoso, lúbrico; desregrado; luxúria.
Luxúria: Dissolução, corrução, libertinagem, Incontinência.

Definição bíblica

Aselgeia (no grego) = denota excesso, licenciosidade, ausência de restrição, indecência, libertinagem sexual, às vezes incluindo outros vícios.

Passagens bíblicas



Ler todo o texto de 2 Pedro, capítulo 2E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis (Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas); Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados; Mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia, e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades; Enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor. Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, Recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites quotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco; Tendo os olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça; Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva. Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.. Este texto, em geral, fala sobre viver uma vida imoral.


O mal que ela faz

Em Efésios 4:19 Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza. , Paulo fala que alguns tinham perdido a sensibilidade e se entregaram a dissolução. Perder a sensibilidade, neste caso, significa que eles perderam a capacidade de sentir o grau da gravidade do seu pecado. Ele não incomoda mais.

Há um sentido, o de licenciosidade, nesta palavra. Dá a idéia que a pessoa dissoluta tem direito de fazer o que faz. Em Gálatas 5:1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão. , está escrito que é para a liberdade (eleutheria – liberdade legítima, principalmente a moral ou cerimonial) que Cristo nos libertou. Mas que não devemos usar desta liberdade para dar ocasião à carne (Gálatas 5:13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. ).

Ela é base para muitos pecados. Não somente pecados sexuais, mas qualquer um, devido a ‘licenciosidade’ (o que eu faço não importa para os outros; se eu fizer, não é errado; ‘no meu caso é diferente’). Assim, se forma uma base para que a pessoa firme sua conduta errada, de um modo que pareça ‘legal’. Na verdade, se tornou escravo dela, pois o que é vencido pelo pecado torna-se escravo dele (2 Pedro 2:19 Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. ).

Exemplos teóricos

Na Igreja

Infelizmente é comum vermos em algumas igrejas a manifestação deste pecado sem muitas reservas. A lascívia apresenta-se nas pessoas que levadas por sentimentos diversos deixam-se moldar pelos costumes comuns aos ímpios e lançam mão de roupas inadequadas aos servos do Eterno.

É a moda que obriga as mulheres a usarem saias curtíssimas; calças justíssimas; fazerem uso de vestidos curtos e decotes que expõe os seios e costas. É a sensualidade que se manifesta com grande intensidade.
“Portanto, usem o seu corpo para a glória dEle.” 1Co 6.20

Qual o objetivo de estar na moda e usar roupas que não condiz com os ensinamentos do Senhor Deus? Com certeza, despertar no próximo uma série de sentimentos “carnais” perturbando-o, chamando para si as atenções e fazendo renascer nos corações a velha natureza. O exemplo de Paulo deve ser observado, quando ele afirma: 
“Mas eu me orgulharei somente da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, por meio da cruz, o mundo está morto para mim, e eu estou morto para o mundo.” Gl 6.14

No trabalho

Se o temor a Deus não foi suficiente para coibir o uso de vestimentas inadequadas na igreja, com certeza, no dia-a-dia, na rua, trabalho e nas obrigações sociais a situação torna-se mais grave. Geralmente é preciso apresentar-se bem e quando o Espírito Santo não está no controle (Romanos 12:2 E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. ), a carne manifesta-se com toda a sua força. Entra em cena todo um conjunto de roupas e ações sensuais; algumas sentem satisfação em despertar no próximo à cobiça e sentimentos baixos; alegram-se com “cantadas” e insinuações maliciosas feitas por colegas; assemelha-se com os ímpios, impossibilitando visualizar o senhorio de Jesus Cristo na vida (Romanos 13:14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. ).

No lar

A lascívia também encontra lugar nos lares, na intimidade dos casais, que levados por desejos incomuns aos servos do Senhor, procuram fazer uso de diversas práticas mundanas que por sua natureza imunda, afasta o Espírito Santo da vida.
“Vocês fazem parte do povo de Deus; portanto, qualquer tipo de imoralidade sexual, indecência ou cobiça não pode ser nem mesmo assunto de conversa entre vocês.”
Ef 5.3; “Que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus.” 1Ts 4.4,5). 
É inconcebível que o nosso agir apague o Espírito de Deus em nossa vida, porém, entre as “quatro paredes” muitos têm feito uso de fetiches, tais como: filmes pornôs; revistas de sexo; novelas eróticas; objetos; com o objetivo de despertar e satisfazer o desejo sexual, de forma antinatural.

Exemplo prático

Uma das palavras mais populares do vocabulário dos jovens e adolescentes é amor. Porém poucos deles realmente sabem o que é amor de verdade. Muitos confundem amor com lascívia, desejo, cobiça. Amor é de Deus - lascívia é do diabo. O amor liberta - a lascívia lhe prende na armadilha.

Adolescentes cheios de lascívia e desejo têm produzido contextos que chocam qualquer senso de decência. Uma onda de promiscuidade sexual varre o país e o mundo. Os jovens conversam abertamente sobre viver juntos sem estarem casados, anticoncepcionais, gravidez, fornicação vergonhosa. As doenças venéreas estão atingindo milhares de adolescentes. As escolas estão alarmadas. Os pastores se preocupam. Os pais estão horrorizados. Os adolescentes estão sendo lançados numa órbita de luxúria e de paixões abomináveis e implacáveis.

Eis uma história verídica de dois jovens que confundiram lascívia com amor. 
Ele era filho de um homem rico. Ela era a bela filha de uma família destacada socialmente. Ele achava difícil conseguir fazer alguma coisa com ela. Isso o incomodava dia e noite. Começou a elaborar e desenvolver planos sobre como possuí-la. Ela era completamente inocente; desejava mais do que nada encontrar o amor de sua vida.
Ele era bom de papo e tinha muitos amigos. O seu primeiro passo foi ganhar a confiança dos pais. Se transformou num tremendo fingido; usou todos os truques que havia nos livros; disse aos amigos que estava apaixonado por ela -- que não conseguia nem dormir e nem comer. Ele teria de possuí-la de qualquer jeito.
Um dia o mundo desabou em cima dela. Ele falou suave como o diabo, e foi astuto como uma raposa. Era mais forte do que ela. Os registros dizem que ele a forçou. Mais tarde soube-se que ela tentou fugir mas não conseguiu.
Ela chorou dizendo da vergonha terrível que seria, de como estariam ofendendo os pais dela, da loucura que ele estaria fazendo a si mesmo -- mas ele não quis ouvir. O amor ouve, mas a lascívia jamais. O amor é cauteloso - a lascívia é cega e descontrolada.
Era amor de verdade? Você mesmo vai responder. Cinco minutos após tê-la desonrado, ele subitamente muda. Ela vê nele o animal que ele realmente era. Ele ordena que ela suma. Ela chora histericamente; suplica que ele não faça uma coisa assim tão odiosa. Ele tinha sido muito amoroso - mas agora que havia conseguido o quê desejava, a odiava.
Perguntas começam a se formar nos lábios dela. "Para onde irei? E a minha família? Já foi mal o jeito que você me tratou, mas por que agora se volta contra mim?" Suas palavras caem sobre ouvidos surdos. Ele diz que não suporta nem vê-la, e começa a lhe dizer palavrões e até se recusa a levá-la para casa. Ela é levada à casa de parentes. A última coisa que ele lhe diz é: "Não quero nunca mais te ver". Ela foi pêga na armadilha!
Esse não é o fim da história. Nunca é. Alguém quis se vingar. O irmão dela ficou furioso, e o pai quase morreu. O fim trágico veio num "coquetel" promovido pelo irmão da garota. Um criminoso contratado assassina o moço. Ele morre instantaneamente.

Isso soa como uma história dos jornais de hoje, não é? Mas essa é a história bíblica de Amnon e Tamar. (Você pode lê-la em 2 Samuel 13). Também é a história de um número incontável de adolescentes por todo lado. A Bíblia diz: "Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte" (Tiago 1:14-15). A cobiça produz a morte!

Entenda, leitor - você sabe o resultado do jogo. A rota da cobiça, da lascívia - é a rota do inferno. E o inferno é a armadilha final do diabo! A atitude moderna em relação ao pecado não é nova em absoluto. Satanás enlaçou Eva com as mesmas mentiras que usa para prender na armadilha os adolescentes de hoje. Uma mesma rota sempre leva ao mesmo final. Flertar com o pecado sempre o levará àquele ponto onde você se verá subjugado por ele, incapaz de dar um jeito. Quando o jovem tenta se livrar das leis de Deus, ele só acaba pego na armadilha pelo diabo.

O mais triste de Tamar é que ela só buscava o amor - todo adolescente o busca. E os que buscam o amor nos pecados e prazeres da satisfação própria, cairão na armadilha exatamente como ela caiu.

Relação com outros pecados

Quando a Bíblia fala na lascívia, ela está envolvida em um número muito grande de outros males, tão ruins quanto a própria lascívia.
Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura – Mc 7.22
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias - Gálatas 5.19-21
Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias - 1Pe 4.3

Algumas destas palavras, no grego, dizem mais do que uma leitura rápida destas passagens diz. Vejamos:
  • Imundícia (impureza física ou moral)- akatharsia
  • Prostituição – (incluindo adultério, incesto e fornicação = corporal. Espiritual = ‘idolatria’) – porneia
  • Bebedeiras – intoxicações em geral, não somente o álcool - médse
  • Emulações – ciúmes, inveja – zélos
  • Dissensões – divisões – dixostasía
  • Concupiscência – desejo, paixão pelo que é proibido - epidsumía
  • Glutonaria – também significa orgia (descontrole) – o que acompanha e é consequencia da embriaguez - kómos
  • Idolatria – adoração à imagem ou ídolo (literal ou figurativamente) - eidolatreía
  • Feitiçaria – medicação mágica (por extensão) - farmakeía

Fontes utilizadas:

http://www.estudosdabiblia.net/a11_4.htm
http://www.tscpulpitseries.org/portuguese/tspego.htm
http://www.vivos.com.br/207.htm
Novo Testamento em Grego
Dicionário de português Aurélio
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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Igreja "Alcoólicos anônimos" X Igreja "Lions Clube" 2

Igreja 'Alcoólicos anônimos' X Igreja 'Lions Clube'


Nesta semana começei a ler o livro "Evangelho Maltrapilho", de Brennan Manning. Trata do objeto do evangelho proclamado por Jesus Cristo: os pecadores. Meditando um pouco sobre o livro, e lembrando de ter lido algo assemelhado em "Maravilhosa Graça", de Philip Yancey, pesquisei na Internet sobre os A.A. (Alcoólicos anônimos) e sobre o Lions Clube. Cheguei a estes textos abaixo:

Programa dos 12 passos do Alcoólicos Anônimos

01. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
02. Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
03. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
04. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
05. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
06. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
07. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
08. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
09. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.


Fonte: http://www.alcoolicosanonimos.org.br/

Código de ética do Lions Clube


01. DEMONSTRAR fé nos méritos da minha profissão esforçando-me para conseguir honrosa reputação mercê da excelência dos meus serviços.
02. LUTAR pelo êxito e pleitear toda remuneração ou lucro que, eqüitativa e justamente mereça, recusando, porém, aqueles que possam acarretar diminuição de minha dignidade, devido à vantagem injusta ou ação duvidosa.
03. LEMBRAR que, para ser bem sucedido nos negócios ou empreendimentos, não é necessário destruir os dos outros. Ser leal com os clientes e sincero consigo mesmo.
04. DECIDIR contra mim mesmo no caso de dúvida quanto ao direito e a ética de meus atos perante meu próximo.
05. PRATICAR a amizade como um fim e não como um meio. Sustentar que a verdadeira amizade não é o resultado de favores mutuamente prestados, dado que não requer retribuição, pois recebe benefícios com o mesmo espírito desinteressado com que os dá.
06. TER sempre presente meus deveres de cidadão para com a minha localidade, meu Estado e meu País, sendo-lhes constantemente leal em pensamento, palavras e obras, dedicando-lhes, desinteressadamente, meu tempo, meu trabalho e meus recursos.
07. AJUDAR ao próximo, consolando o aflito, fortalecendo o débil e socorrendo o necessitado.
08. SER comedido na crítica e generoso no elogio, construir e não destruir.

Fonte: http://www.lions.org.br/nacional/eticas.html

Com que objetivo postei os dois textos acima? Pelo seguinte: com qual a igreja que congregamos mais se parece?

Se for com a Igreja "Alcoólicos anônimos":
1- Todos estão bem conscientes de estão ali por que não são boas pessoas;
2- Estão ali para conseguir ajuda;
3- Todos estão conscientes de podem falhar, e ninguém critica quando isto acontece; antes os ajudam e ficam muito felizes quando o "caído" volta;
4- Não importa a classe social; todos estão ali pelo mesmo motivo;
5- Praticam a humildade, o perdão e o arrependimento - diariamente.
6- Recebem muito bem a todos os que chegam, pois são tão iguais em fraquezas quanto os que já estão lá.

Se for com a Igreja "Lions Clube":
1- Todos ali devem ser bons o suficiente, tão bons que podem ajudar os outros;
2- Devem mostrar a todos o quão bons eles são;
3- Seguir a risca as regras, e fazer boas obras, mesmo que elas sejam feitas por exibicionismo e para criar uma imagem respeitável perante à sociedade;
4- Fazer parte de um grupo restrito, que não aceita ninguém que não seja de boa índole e que não possa vir a acrescentar ao grupo;
5- Os outros é que são fracos e necessitados;
6- Se não seguir as normas, é separado do grupo.

Em qual destas igrejas o evangelho tem dado resultado na vida das pessoas? Qual destas igrejas entendeu o propósito das boas-novas?


Soli Deo Gloria

Leandro Teixeira.
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"O segredo" - parte 2 12

O segredo 2 - despedaçado

Em virtude de inúmeras colocações a favor e contra a tão famigerada publicação chamada "O Segredo", venho aqui esclarecer alguns pontos que parecem que não ficaram claros.
No primeiro post eu me posicionei de uma maneira mais "standard", como me disse uma pessoa nos comentários. Fiz isto porque a mensagem não era exatamente voltada para os cristãos, mas para todos, de forma geral. Como teve muitos cristãos que se manifestaram a favor da publicação, quero publicar mais este post para ver se consigo me fazer entender do porquê acho esta obra dispensável.

Alguns irmãos colocaram que, como a obra cita a Bíblia, ela é cristã e, portanto, não contraria ou nega a Deus. Incrível como não tiveram discernimento em ver que o 'deus' insinuado no livro é um deus estranho, um tipo de 'gênio da lâmpada do universo'. Não tiveram discernimento em ver que o livro transforma Deus em um servidor, obrigado a satisfazer as vontades mais egoístas. Foram engodados e atraídos pela sua própria cobiça (Tg 1.14). O fato do livro citar a Bíblia não quer dizer que o conteúdo e as propostas do mesmo sejam biblicamente defensáveis.

Em Mt 17.20 está escrito: "SE TIVERDES FÉ... NADA VOS SERÁ IMPOSSÍVEL". Jesus fala de uma fé que pode remover montanhas, operar milagres e curas, e realizar grandes coisas para Deus. Que fé é esta de que Jesus fala?

(1) A fé genuína é uma fé eficaz que produz resultados: nada vos será impossível (v. 20).
(2) Esta fé não é uma crença na fé como uma força ou poder, mas fé em Deus (Mc 11.22).
(3) Esta fé é uma obra de Deus que tem lugar no coração do cristão (Fp 2.13; Mc 9.24). É a plena certeza que Deus transmite ao coração, de que nossa oração é respondida (Mc 11.23). Esta fé é criada interiormente no crente, pelo Espírito Santo. Não podemos produzi-la em nós mesmos por meio da nossa mente (Rm 12.3).
(4) Uma vez que esta fé em Deus é um dom que Cristo comunica ao nosso coração, importa-nos estar unidos a Jesus e à sua Palavra e ser mais consagrados a Ele (Rm 10.17; Fp 3.8-14). Dependemos dEle em tudo: Sem mim nada podereis fazer (Jo 15.5; Jo 3.27; Hb 4.16; 7.25). Noutras palavras, devemos buscar a Cristo que é o autor e o consumador da nossa fé (Hb 12.2). A real presença de Cristo conosco e nossa obediência à sua Palavra são a origem e segredo da fé (9.21; Jo 15.7).
(5) A verdadeira fé opera sob o controle de Deus. Ele no-la concede à base do seu amor, sabedoria, graça e propósito soberano, para a execução da sua vontade e como expressão do seu amor por nós. Não deve ser usada para nosso próprio proveito egoísta (Tg 4.3).

Segundo o livro:

Afirmação 1: pensar positivamente atrai felicidade.
Afirmação 2: pensar positivamente atrai amigos.
Afirmação 3: pensar positivamente atrai riqueza.
Afirmação 4: pensar positivamente atrai um bom emprego.
Afirmação 5: pensar positivamente atrai um bom cônjuge.
Afirmação 6: pensar positivamente atrai saúde.

A fé, que alguns associam ao tal 'segredo' como sendo a mesma coisa, é uma fé bem diferente do que Jesus quis dizer. Não confundam, irmãos, os dois tipos. A 'fé do segredo' é uma fé auto-centrada, como se tivéssemos a capacidade por nós mesmos de conseguir tudo o que queremos. Não estou fazendo apologia ao comodismo, esperando tudo vir prontinho, sem esforço algum de nossa parte, mas deixar claro que tudo o que recebemos vem de Deus, que nos dá (ativa ou passivamente) segundo a sua graça e misericórdia. Deus é onipotente e soberano, fazendo tudo o que lhe apetece.

O fato de pensar positivamente é, com certeza, melhor do que pensar negativamente. Isto é lógico: pessoas bem humoradas e positivas atraem outras pessoas. Pessoas mal-humoradas e pessimistas não atraem ninguém. Pessoas positivas têm maiores chances de conseguir um bom emprego, um bom cônjuge. Qual é o segredo?

Ser feliz é estar livre da condenação que nos era justa e merecida pela graça de Deus. Ser feliz é saber que nós nunca estamos sozinhos. Ser feliz é saber que o Nosso Criador se preocupa particularmente com a nossa vida. Ser feliz é saber que tudo não acaba aqui, nesta vida, mas que teremos uma eternidade para gozar junto com nossos irmãos e irmãs, e junto com o nosso Pai.

Soli Deo Gloria

Leandro Teixeira

Referências bíblicas: Bíblia de Estudo Pentecostal.
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sábado, 20 de outubro de 2007

O orgulho 7

O orgulho

Introdução

Existe um vício do qual homem algum está livre, que causa repugnância quando é notado nos outros, mas do qual, com a exceção dos cristãos, ninguém se acha culpado. Já ouvi quem admitisse ser mal humorado, ou não ser capaz de resistir a um rabo de saia ou à bebida, ou mesmo ser covarde. Mas acho que nunca ouvi um não-cristão se acusar desse vício. Ao mesmo tempo, é raríssimo encontrar um não-cristão que tenha alguma tolerância com esse vício nas outras pessoas. Não existe nenhum outro defeito que torne alguém tão impopular, e mesmo assim não existe defeito mais difícil de ser detectado em nós mesmos. Quanto mais o temos, menos gostamos de vê-lo nos outros.

O vício de que estou falando é o ORGULHO ou a PRESUNÇÃO.

A virtude oposta a ele, na moral cristã, é chamada de humildade. Trata-se do centro da moral cristã. De acordo com os mestres cristãos, o vício fundamental, o mal supremo, é o orgulho.

A devassidão, a ira, a cobiça, a embriaguez e tudo o mais não passam de ninharias comparadas com ele. É por causa do orgulho que o diabo se tornou o que é (Is 14.11-14). O orgulho leva a todos os outros vícios; é o estado mental mais oposto a Deus que existe.

Parece que estou exagerando?


Se você acha que SIM, pense um pouco mais no assunto.

Agora há pouco, observei que, quanto mais orgulho uma pessoa tem, menos gosta de vê-lo nos outros. Se quer descobrir quão orgulhoso você é, a maneira mais fácil é perguntar-se:

"Quanto me desagrada que os outros me tratem como inferior, OU não notem minha presença, OU interfiram nos meus negócios, OU me tratem com condescendência, OU se exibam na minha frente?"

A questão é que o orgulho de cada um está em competição direta com o orgulho de todos os outros. Se me sinto incomodado porque outra pessoa fez mais sucesso na festa, é porque eu mesmo queria ser o grande sucesso. Dois bicudos não se beijam. O que quero deixar claro é que o orgulho é essencialmente competitivo — por sua própria natureza – ao passo que os outros vícios só o são acidentalmente, por assim dizer. O PRAZER DO ORGULHO NÃO ESTÁ EM SE TER ALGO, MAS SOMENTE EM SE TER MAIS QUE A PESSOA AO LADO.

Dizemos que uma pessoa é orgulhosa por ser rica, inteligente ou bonita, mas isso não é verdade. As pessoas são orgulhosas por serem mais ricas, mais inteligentes e mais bonitas que as outras. Se todos fossem igualmente ricos, inteligentes e bonitos, não haveria do que se orgulhar. É a comparação que torna uma pessoa orgulhosa: o prazer de estar acima do restante dos seres. Eliminado o elemento de COMPETIÇÃO, o orgulho se vai. E por isso que eu disse que o orgulho é essencialmente competitivo de uma forma que os outros vícios não são.

O IMPULSO SEXUAL pode levar dois homens a competir se ambos estão interessados na mesma moça. Mas a competição ali é acidental; eles poderiam, com a mesma facilidade, ter se interessado por moças diferentes. Um homem orgulhoso, porém, fará questão de tomar a sua garota, não por desejá-la, mas para provar para si mesmo que é melhor do que você. A COBIÇA pode levar os homens a competir entre si se não existe o suficiente para todos; mas o homem orgulhoso, mesmo que tenha mais do que jamais poderia precisar, vai tentar acumular mais ainda só para afirmar seu poder. Praticamente todos os males no mundo que as pessoas julgam ser causados pela cobiça ou pelo egoísmo são bem mais o resultado do orgulho.

Veja a QUESTÃO do DINHEIRO. A cobiça pode fazer com que o homem deseje ganhar dinheiro para comprar uma casa melhor, poder viajar nas férias e ter coisas mais apetitosas para comer e beber. Mas só até certo ponto. O que faz com que um homem que ganha 100.000 reais por ano fique ansioso para ganhar 200.000 reais? Não é a cobiça de mais prazer. A soma de 100.000 reais pode sustentar todos os luxos de que ele queira desfrutar. É o orgulho — o desejo de ser mais rico que os outros ricos e, mais do que isso, o desejo de poder. Pois, evidentemente, é do poder que o orgulho realmente gosta: nada faz o homem sentir-se tão superior aos outros quanto o fato de poder movê-los como soldadinhos de brinquedo.

Por que uma moça bonita à caça de admiradores espalha a infelicidade por onde quer que vá? Certamente não é por causa de seu instinto sexual: esse tipo de moça é quase sempre sexualmente frígida. É o orgulho. O que faz um líder político ou uma nação inteira quererem expandir-se indefinidamente, exigindo tudo para si? De novo, o orgulho. Ele é competitivo pela própria natureza: é por isso que se expande indefinidamente. Se sou um homem orgulhoso, enquanto existir alguém mais poderoso do que eu, ou mais rico, ou mais esperto, esse será meu rival e meu inimigo.

OS CRISTÃOS ESTÃO COM A RAZÃO: o orgulho é a causa principal da infelicidade em todas as nações e em todas as famílias desde que o mundo foi criado. Os outros vícios podem, às vezes, até mesmo congregar as pessoas: pode haver uma boa camaradagem, risos e piadas entre gente bêbada ou entre devassos. O orgulho, porém, sempre significa a inimizade – é a inimizade. E não só inimizade entre os homens, mas também entre o homem e Deus.

Em Deus defrontamos com algo que é, em todos os aspectos, infinitamente superior a nós. Se você não sabe que Deus é assim — e que, portanto, você não é nada comparado a ele –, não sabe absolutamente nada sobre Deus. O homem orgulhoso sempre olha de cima para baixo para as outras pessoas e coisas: é claro que, fazendo assim, não pode enxergar o que está acima de si.

Isso levanta uma questão terrível: Como podem existir pessoas evidentemente cheias de orgulho que declaram acreditar em Deus e se consideram muitíssimo religiosas?

Infelizmente, elas adoram um Deus imaginário. Na TEORIA, admitem que não são nada comparadas a esse Deus fantasma, mas na PRÁTICA passam o tempo todo a imaginar o quanto ele as aprova e as tem em melhor conta que ao resto dos comuns mortais. OU SEJA, pagam alguns tostões de humildade imaginária para receber uma fortuna de orgulho em relação a seus semelhantes.

Suponho que é a esse tipo de gente que Cristo se referia quando dizia que pregariam e expulsariam os demônios em seu nome, mas no final ouviriam dele que jamais os conhecera. Cada um de nós, a todo momento, vê-se diante dessa armadilha mortal. FELIZMENTE, temos como saber se caímos nela ou não. Sempre que constatamos que nossa vida religiosa nos faz pensar que somos bons — sobretudo, que somos melhores que os outros —, podemos ter certeza de que ESTAMOS AGINDO COMO MARIONETES, NÃO DE DEUS, MAS DO DIABO. A verdadeira prova de que estamos na presença de Deus é que nos esquecemos completamente de nós mesmos ou então nos vemos como objetos pequenos e sujos. O melhor é esquecer-nos de nós mesmos.

É uma coisa terrível que o pior de todos os vícios insinue-se assim no próprio centro de nossa vida religiosa. Mas é fácil saber por que isso acontece. Todos os vícios menores VÊM do DIABO quando trabalha sobre o nosso lado animal. Este vício, porém, não nasce em absoluto da nossa natureza animal. VEM DIRETAMENTE do INFERNO. É puramente espiritual: conseqüentemente, muito mais sutil e perigoso.

Pela mesma razão, o orgulho é usado com freqüência para vencer os vícios mais simples. Os professores, que sabem disso, apelam costumeiramente para o orgulho dos meninos, ou, como dizem, para seu amor-próprio, a fim de fazê-los se comportar direito. Mais de um homem conseguiu superar a covardia, a luxúria ou o mau humor pela crença inculcada de que tudo isso estava abaixo da sua dignidade. Ou seja, venceram pelo orgulho. O diabo ri às gargalhadas. Fica satisfeitíssimo de nos ver castos, corajosos e controlados desde que, em troca, prepare para nós uma DITADURA do ORGULHO. Do mesmo modo, ele ficaria contente de curar as frieiras dos nossos pés se pudesse, em troca, nos deixar com câncer. O orgulho é um câncer espiritual: ele corrói a possibilidade mesma do amor, do contentamento e até do bom senso.

Esclarecendo certos mal-entendidos


1) O PRAZER DO ELOGIO NÃO É ORGULHO.

A criança que recebe um tapinha nas costas por fazer bem o dever de casa, a mulher cuja beleza é elogiada pelo marido, a alma salva para quem Cristo diz "Muito bem": todos ficam contentes, e têm todo o direito de ficar.

Em cada uma dessas situações, as pessoas não se comprazem naquilo que são, mas no fato de terem agradado a alguém que (pelos motivos corretos) queriam agradar. O problema começa quando você deixa de pensar "Eu o agradei: tudo está bem", e substitui esse pensamento por outro: "Eu sou mesmo uma pessoa magnífica por ter feito isso." QUANTO MAIS VOCÊ SE COMPRAZ EM SI MESMO E MENOS NO ELOGIO, PIOR VOCÊ FICA.

Quando todo o seu deleite vem de você mesmo e você não se importa mais com o elogio, chegou ao fundo do poço. É por isso que a VAIDADE, embora seja o tipo de orgulho mais visível no exterior, é também o menos grave e mais facilmente perdoável. A pessoa vaidosa deseja demais o elogio, o aplauso, a admiração, e está sempre em busca dessas coisas. É um defeito – mas é um defeito quase infantil e (estranhamente) bastante modesto. Demonstra que a pessoa não está inteiramente satisfeita com a admiração que nutre por si mesma. Levando em conta a opinião alheia, ela mostra que ainda valoriza um pouco as outras pessoas. EM RESUMO, ELA AINDA É HUMANA.

O orgulho plenamente desenvolvido pode até coibir a vaidade; afinal o diabo adora "curar" um defeito menor com um maior. Devemos nos esforçar para não sermos vaidosos, mas não devemos jamais nos valer do orgulho para curar a vaidade.

2) TER ADMIRAÇÃO POR ALGUÉM NÃO É ORGULHO.

Dizemos que um homem tem "orgulho" de seu filho, de seu pai, de sua escola, de seu regimento. Podemos nos perguntar se, nesse caso, o "orgulho" é um pecado. Acho que isso depende do que queremos dizer com "ter orgulho de algo". Com muita freqüência, essa expressão significa "ter uma calorosa admiração por algo ou alguém". Tal admiração, evidentemente, está bem distante do pecado.

Mas talvez signifique que a pessoa "empine o nariz" por ter um pai ilustre ou pertencer a um regimento famoso. Isso com certeza é um defeito; mesmo nesse caso, entretanto, é melhor isso que ter orgulho de si mesmo. Amar e admirar algo exterior a nós mesmos é um passo para longe da ruína espiritual, desde que esse amor e admiração não sobrepujem o que sentimos por Deus.

3) NÃO DEVEMOS JULGAR QUE DEUS PROIBIU O ORGULHO PORQUE ELE O OFENDE, OU QUE A HUMILDADE NOS FOI PRESCRITA POR CAUSA DE SUA DIGNIDADE — COMO SE O PRÓPRIO DEUS FOSSE ORGULHOSO.

Ele não está nem um pouco preocupado com sua dignidade. A questão é simples: Ele quer que nós O conheçamos, quer Se doar para nós. O ser humano e Ele são feitos de tal modo que, no momento em que efetivamente entramos em contato com ele, nos sentimos de fato humildes: deliciosamente humildes, aliviados de uma vez por todas do fardo das falsas crenças sobre nossa dignidade, que só serviam para nos deixar desassossegados e infelizes.

DEUS tenta nos tornar humildes para que esse momento seja possível: o momento de lançarmos fora a tola e horrenda fantasia com que nos adornamos e que nos entravava os movimentos, enquanto a exibíamos por aí feito idiotas. Gostaria de ter mais experiência da humildade. Assim, provavelmente poderia falar mais sobre o alívio e o consolo de despir essa fantasia – de lançar fora esse falso eu, com todos os seus "Olhem para mim" e "Eu sou um bom menino, não sou?", todas as suas poses e falsas posturas. O mero fato de estar próximo disso, ainda que por um breve momento, é tão reconfortante quanto um gole de água fresca no deserto.

4) NÃO PENSE QUE, SE VOCÊ CONHECER UM HOMEM VERDADEIRAMENTE HUMILDE, ELE SERÁ O QUE AS PESSOAS CHAMAM DE "HUMILDE" HOJE EM DIA:

Não será nem uma pessoa submissa ou bajuladora, que vive lhe dizendo que não é nada... Provavelmente, o que você vai pensar dele é que se trata de um camarada animado e inteligente, que realmente se interessou pelo que você tinha a lhe dizer. Se você não simpatizar com ele, será porque sente um pouco de inveja de alguém que parece contentar-se tão facilmente com a vida. Ele não estará pensando sobre a humildade; não estará pensando em si mesmo de modo algum.


Baseado na obra Cristianismo Puro e Simples – C.S. Lewis.
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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Tipos de amor na Bíblia 47

Tipos de amor

Vamos entender melhor o significado da palavra “amor” na Bíblia, e compará-la com seu uso habitual. Temos basicamente 4 palavras gregas para se traduzir como amor. São elas: Eros (físico, sexual), Storge (familiar), Philos (amizade) e Ágape (amor incondicional).

Obs.: Este conteúdo foi trabalhado com a turma de jovens da EBD na 1ª Igreja do Evangelho Quadrangular, em Santo Ângelo - RS, no dia 29 /04/07.

1. EROS (físico, sexual):


Chamaremos eros de “amor bolo de morangos”. Eu quero o bolo. Eu o quero tanto, que se o conseguir irei consumí-lo sem ao menos pensar em como o bolo se sente. É exatamente assim que algumas pessoas tratam seus semelhantes.

Eros é um amor que toma.

Expressões que caracterizam o amor eros:

• Você me faz bem;
• Você é meu/minha;
• Você é lindo(a);
• Você me pertence;
• Teu corpo é perfeito;
• Eu amo você porque você me faz feliz.
• “O amor é cego”

Por exemplo, eros está representado no livro de Cantares (onde Salomão deleitava-se com a beleza de sua amada) e na tradução de Provérbios 7:18, onde uma prostituta faz o seguinte apelo: “Vem,embriaguemo-nos com as delícias do amor, até pela manhã”. Nesse versículo, “amor” é uma representação para eros.


Eros é o deus grego do amor, também conhecido como o deus do caos.


A primeira palavra grega é eros. Aparece com freqüência na literatura grega secular, mas não na Bíblia. Eros é o amor totalmente humano, carnal, voltado para o sexo. Daí a nossa palavra ERÓTICO.

Esse tipo de amor pode até incluir algum sentimento verdadeiro, mas é, basicamente, atração física, desejo sexual e expectativa de satisfação pessoal. O eros apresenta-se como amor pelo outro mas é amor por si próprio.

Sua melhor declaração é “Eu amo você porque você me faz feliz”. Ou “Eu me sinto fortemente atraído por sua amabilidade (você me amará), por seu temperamento alegre (você me diverte), por sua beleza e sensualidade (você me dará prazer), por seu talento (eu me orgulho de você)!” Porém, quando uma ou mais destas características desaparecem, o amor morre. Esse tipo de amor só quer receber. O pouco que ele dá, é com o intuito de receber algo em troca.

Infelizmente, muitos jovens escolhem o namorado ou a namorada, que poderá ser o companheiro ou companheira para toda a vida, com base apenas no eros. As relações físicas são antecipadas; a intensidade do eros prejudica o amor genuíno. Os namorados, mesmo não sabendo quase nada um do outro, pensam que esse tipo de amor os manterá juntos. Mas isto geralmente não acontece. Seu amor não é o verdadeiro amor.

A ênfase exagerada no eros é alimentada por uma filosofia playboy. Esta filosofia estimula em extremo a sensualidade, tanto da mulher como do homem; a mulher desnuda-se e exibe-se pelo prazer da sedução e do sexo; o homem cobiça e apropria-se pelo prazer do machismo e do sexo; a mulher é mero objeto sexual, um brinquedo (perigoso) para o homem (criança) egoísta. Nessa filosofia, relação sexual é sinônimo de “fazer amor”.

Casamentos construídos apenas sobre bases físicas e eróticas não duram muito... Antes do pleno envolvimento físico, os pretendentes precisam se conhecer nas áreas mais importantes da alma e do espírito. Para tanto, têm que namorar e noivar, por algum tempo, antes de se entregarem um ao outro, definitivamente, no casamento. O relacionamento sexual após o casamento será a coroação de um relacionamento:

• consolidado,
• comprometido e
• crescente.

Se você cometeu o erro de se casar (formal ou informalmente) na base do eros, apenas, aqui está uma boa notícia para você: O AMOR PODE CRESCER. Não crescerá automaticamente, mas na medida em que você o cultivar. Portanto, a única esperança para o seu casamento é ascensão aos níveis mais altos do amor.


2. PHILOS (amizade):


Chamaremos esse tipo de amor de “amor time de boliche”. Ele usa essa designação porque há uma troca mútua, um compartilhar. Em geral, baseia-se numa apreciação recíproca que pode ser destruída se um ou outro não for recíproco. Por exemplo: digamos que você é um bom jogador de boliche, eu sou um bom jogador de boliche e nós dois somos ótimos jogadores. Gostamos de estar no mesmo time de boliche. Mas você começa a beber demais e só lança bolas na canaleta. Resultado: você é tirado do time de boliche. Por mais caloroso que seja o amor philos, ele tem suas deficiências.

Relaciona-se com a alma, mais do que com o corpo. Lida com a personalidade humana – o intelecto, as emoções e a vontade. Envolve compartilhamento mútuo. Em português, a palavra mais próxima é amizade. A forma nominal é usada apenas uma vez no Novo Testamento (Tg 4.4), mas o verbo “amar”, no sentido de “gostar”, e o adjetivo “amável” são usados muitas vezes. Este é o grau de afeição que Pedro disse ter por Jesus quando este lhe perguntou, “Simão, filho de João, tu me amas?”. O pescador respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. No original grego, o sentido é: “Sim, Senhor, tu sabes que gosto de ti, que sou teu amigo” (Jo 21. 15,16).

Grandes amigos são embriagados do amor do tipo philos


Neste nível, o amor é menos egoísta, mas ainda contempla o prazer, a realização e os interesses pessoais. Não deveria, mas... Normalmente, desenvolvemos amizades com pessoas cujas características nos agradam, cujos interesses intelectuais e gostos compartilhamos. Desejamos e esperamos que estes relacionamentos sejam agradáveis e nos beneficiem de algum modo. Damos, sim, amizade, atenção e ajuda, mas com alguma motivação egoísta. Mesmo assim, philos é um nível de amor mais elevado do que eros. Nesse nível, “nossa” felicidade é mais importante do que “minha” felicidade.

Muitos casamentos comparativamente felizes são construídos nesse nível. É muito bom quando marido e mulher são amigos. Alguns maridos e esposas dizem que se amam, mas, no dia a dia, nem amigos eles são. Prova disto é que não têm sequer prazer e empolgação com a companhia, os interesses e assuntos um do outro.

Um casamento não pode sobreviver a menos que cresça pelo menos até ao nível do philos. Se você é jovem e está pensando em se casar, você deve tomar tempo para verificar se gosta realmente da pessoa com quem você pretende se unir para o resto da vida. Seguramente, essa pessoa tem defeitos, características e hábitos que poderão irritá-lo ou mesmo exaspera-lo no dia a dia da vida conjugal. Você vê mais virtudes do que defeitos e gosta dessa pessoa o bastante para perdoá-la, ajudá-la e fazê-la feliz?

Provavelmente você já ouviu esta frase romântica: “O amor é cego!” Cuidado! O único amor cego é o eros. Esse tipo de amor realmente fecha os olhos para as faltas, ri dos defeitos e racionaliza os problemas potenciais (a menos que a pessoa amada não seja interessante em seu aspecto físico). Philos, por outro lado, honestamente encara os defeitos e decide se eles podem ser superados pelas virtudes.

Philos é o meio caminho do amor verdadeiro – dá um pouco para receber um pouco, numa proporção de 50% a 50%. Um casal pode viver razoavelmente bem com esse tipo de amor, enquanto cada um fizer a sua parte e as circunstâncias forem favoráveis. Porém, se um deles deixa de fazer a sua parte, ou se ocorrem circunstâncias adversas (crise financeira, enfermidade grave, tensões com parentes, problemas sexuais, problemas com os filhos etc), a amizade sofre. Philos não agüenta muita pressão. No fim, torna-se egoísta e exigente. Vêm os conflitos. A amizade vira inimizade. A única esperança para um casamento estável, bem-sucedido e feliz é o crescimento para o nível mais alto do amor.

Philos é um amor que troca.

Entenda a seguinte comparação:

Você têm um amigo, aqui chamado Manoel. Você, Manoel e outros amigos em comum sempre saem juntos. Vão a uma lancheria, por exemplo. Vocês sempre dividem a conta. Mas Manoel nunca participa desta divisão. Não “colabora” com nenhum real. Exemplo do amor 50% dado – 50% recebido. Você divide a conta porque isto te beneficia também. Porém, você se sente incomodado com o fato de Manoel nunca participar da divisão. Você começa a não convida-lo mais para sair. Afinal, ele não dá retorno algum pra ti. Resumindo... um “amor” um tanto quanto egoísta. O amor do tipo Philos não é um amor que doa; sempre espera algo em troca.

Expressões que caracterizam o amor philos:

• metade da laranja;
• ele/ela me completa;
• ele/ela pensa como eu;
• ele/ela me ajuda em casa;
• ele/ela me dá presentes;
• Gostamos da mesmas coisas;
• Fazemos muitas coisas juntos;

3. STORGE (familiar):


Chamaremos esse amor de “amor da tia Maria”. Amamos tia Maria e tentamos ajudá-la, não com base na atração física (eros) dela, mas porque ela é a nossa tia Maria. Ela pode ficar velha, surda e meio-cega, mas ainda é a nossa tia Maria.

Um excelente exemplo desse tipo de lealdade encontra-se em 2 Samuel 21:10 e 11, onde “Rispa montou guarda ao lado dos corpos de seus dois filhos e outros parentes, espantando dali aves de dia e animais do campo à noite”.

É o amor mais relacionado à família – Rm 12.10 – Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. O desaparecimento desse amor é mencionado em Rm 1.31 – insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia e 2 Tm 3.3 – sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons.


Relacionamentos familiares foram instituídos por Deus porque são bons


O AMOR FAMILIAR – num certo sentido todos somos filhos de Adão, porém nem todos somos filhos de DEUS, somente os nascidos de novo, regenerados pelo poder da Palavra de DEUS, assim a família de DEUS só é formada por salvos em CRISTO.

A família moderna estrutura-se basicamente em torno do casamento, e nesse sentido, é uma família conjugal – sei que há a “família pós-moderna” e seus novos arranjos sociais, aos quais não vou tecer considerações nesse momento (pais separados, casais homoafetivos, adoção pelos avós e outros).

A relação familiar é algo extremamente COMPLEXA e DINÂMICA. Daí o amor se constituir em um desafio de escolha à cada dia: escolher amar o outro apesar das diferenças e do desgaste que muitas vezes a relação apresenta diante do fator tempo.

Você pode estar pensando que isso não é fácil, mas com a sua escolha adicionada à graça de Deus torna-se possível. Porque família é projeto de Deus em primeiro lugar; Ele é o maior interessado. Mas família também tem que ser projeto de homens e mulheres; ou seja, É PRECISO IMPLICAÇÃO DE CADA MEMBRO FAMILIAR.

4. ÁGAPE (amor incondicional):


Chamaremos portanto, o amor ágape de “amor chuva-sobre-justos-e-injustos”. Deus não isola pequenas áreas onde estão as pessoas boas e faz chover somente ali. Ele deixa a chuva cair sobre os maus também. A ilustração clássica desse tipo de amor encontra-se na história do bom samaritano (Lucas 10:29–37), que é contada para ilustrar o amor (agape) ao próximo (v. 27). Quando o samaritano olhou para o homem ferido e sangrando, não houve atração física (eros). O homem que havia sido açoitado não era um ente ou conhecido querido; os judeus e os samaritanos se odiavam(não tinham amor storge). O homem deixado à beira da estrada não era um amigo; ele não tinha nada para oferecer; não havia possibilidade de ação recíproca (philos). Qual seria a única motivação possível para o viajante ajudá-lo? Ele era um semelhante, um ser humano e o bom samaritano disse, em outras palavras: “Por isso eu vou ajudá-lo”. Isto é amor agape.


Não existe amor maior do que entregar sua própria vida por alguém


Esse tipo de amor não é alimentado pelo mérito ou valor da pessoa amada, mas por Deus. Ágape ama até mesmo quando a pessoa amada não é amável, não tem muito valor, não corresponde. Esse amor não é egoísta, não busca a própria felicidade, mas a do outro, a qualquer preço. Não dá 50% para receber 50%; dá 100% e não espera nada em troca.

Há quem diga: “Mas isto não é possível, não é humano!” Tem razão. Ninguém pode amar desse jeito... a menos que Deus lhe dê esse tipo de amor. Ágape é amor divino! Jesus e os apóstolos usaram este substantivo (e o verbo correspondente) quando se referiram ao amor de Deus. Veja estas passagens: Jo 3.13; Rm 5.8; I Jo 4.8-10. O Novo Testamento nos ensina também que quando nós nos arrependemos dos nossos pecados e cremos em Cristo, recebendo-o como nosso Salvador e Senhor, Deus derrama seu amor em nosso coração (Rm 5.5). A partir daí, espera-se que o amor de Deus se manifeste através de nós, nos nossos relacionamentos, principalmente com o cônjuge. Veja Ef 5.25 e Tt 2.3-4.

Isto não é fácil... Todos queremos ser amados... Fazemos de tudo para conseguir um pouco de amor... E o que acontece? Nossos esforços neste sentido acabam dificultando ainda mais as coisas; talvez até afastem de nós a pessoa cujo amor tanto almejamos. A duras provas, descobrimos que é preciso amar primeiro... com amor ágape!

Em I Jo 4, há várias referências ao amor de Deus por nós e recomendações para nos amarmos também uns aos outros. Nesse contexto, o apóstolo explica porque ou como isto é possível: “Nós amamos porque Deus nos amou primeiro” ( I Jo 4.19). O amor de Deus por nós ensina-nos a amar ou gera amor em nosso coração.

Deus nos ama como somos, a despeito da nossa pecaminosidade, das nossas atitudes e atos egoístas. Refletindo sobre isto, observando e agradecendo as manifestações diárias do seu amor, aprenderemos a amar de verdade. Além disso, o Espírito Santo faz alguma coisa sobrenatural em nosso coração... “O fruto do Espírito é amor...” (Gl 5.22). Só assim, seremos capazes de amar, no sentido mais elevado e nobre do termo.

Note que esse amor não é um esforço que fazemos porque é a única maneira de conseguirmos que uma certa pessoa nos ame.

Esse amor, o amor de verdade:

• É ordenado por Deus... para nos induzir.
• É exemplificado por Deus... para nos ensinar.
• É produzido por Deus... para nos capacitar.

O marido ou esposa que ama assim não tenta mudar o cônjuge, não cobra dele o amor desejado. Simplesmente ama, sem cobrar nada em troca. Entretanto, assim como “nós amamos porque Deus nos amou primeiro”, o cônjuge amado, mais cedo ou mais tarde, responderá com amor. O princípio é simples: amor gera amor! Outras passagens ensinam esta mesma verdade. Lc 6.38; Gl 6.7.

Ágape é o amor que dá, de graça; dá 100% e não espera nada em troca.

Frases típicas:

• Eu te amo (sem um porquê).
• Você precisa ficar internado algum tempo, porque eu te amo (numa clínica de drogas, ou até mesmo preso) – chamados por uns de “amor firme”;
• Eu te amo e por isso você precisa de correção (lembra de Hb 12:6?);
• “Vai doer mais em mim do que em você” – sem o sentido pejorativo.

Conclusão


Não amamos porque somos naturalmente bons, mas porque nascemos da graça. Não cumpriremos a lei para fazer-nos “justos”, mas porque ele nos justificou com sua justiça. Não brilharemos porque temos luz própria, mas porque refletimos o sol da justiça.

Ora, o mandamento é este:

1 – que creiamos em o nome de seu Filho Jesus Cristo
2 – e que amemo-nos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.

E aquele que guarda os Seus mandamentos, permanece nele e Ele naquele.

O AMOR CRISTÃO precisa ser demonstrado no dia-a-dia por todos os crentes, para que possamos alcançar os perdidos para Deus. Sem amor, não se evangeliza, não se discipula.

O amor leva-nos a realizar a obra missionária e a evangelizar. Através dele, podemos louvar e adorar a Deus em “espírito e em verdade”.


Por Leandro Teixeira.
Baseado em Lições Bíblicas.

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terça-feira, 16 de outubro de 2007

Aborto - 3 2

Edir Macedo
Edir Macedo presta mais um desfavor à comunidade cristã, apoiando abertamente o aborto.

Em uma entrevista dada a Folha de São Paulo, no dia 13 de outubro de 2007, ele defende os seguintes 'argumentos' para a legalização do aborto (as questões numeradas são as colocações de Edir Macedo, logo abaixo um pequeno comentário meu):
1) Muitas mulheres têm perdido a vida em clínicas de fundo de quintal. Se o aborto fosse legalizado, elas não correriam risco de morte;
Mesmo argumento usado pelas feministas pró-aborto. Legalizar o assassinato de bebês para previnir a morte das 'mães' em consultórios clandestinos. Isto é remediar um mal com um outro mal.

2) O que é menos doloroso: aborto ou ter crianças vivendo como camundongos nos lixões de nossas cidades, sem infância, sem saúde, sem escola, sem alimentação e sem qualquer perspectiva de um futuro melhor? E o que dizer das comissionadas pelos traficantes de drogas?
Falácia de dispersão do tipo "falso dilema". Existem mais opções disponíveis entre as duas colocadas por Edir Macedo. O fato de uma criança não ter sido abortada não implica em que ela obrigatoriamente não terá infância, ou não terá saúde, escola, perspectiva de futuro melhor, e tampouco que elas obrigatoriamente serão aliciadas por traficantes de drogas.

3) A quem interessa uma multidão de crianças sem pais, sem amor e sem ninguém?
Mais uma vez, não é obrigatório que tais coisas aconteçam com os filhos não abortados. Porque elas não podem ter pais adotivos? Porque elas não podem ter amor?

4) O que os que são contra o aborto têm feito pelas crianças abandonadas?
Embora, infelizmente, a maioria não faça muita coisa, existem pessoas que se preocupam e agem a sua maneira para minimizar os efeitos devastadores que afetam as crianças abandonadas. E matá-las não é fazer algo bom a elas, como quer o Sr. Macedo.
5) Por que a resistência ao planejamento familiar? Acredito, sim, que o aborto diminuiria em muito a violência no Brasil, haja vista não haver uma política séria voltada para a criançada.
Aqui temos uma falácia de causa complexa. São três colocações, e não necessariamente temos que concordar com todas. Neste caso, temos:
1) Fazer um planejamento familiar;
2) Aborto como forma de planejamento familiar;
3) Aborto e sua implicação na violência do país.

Na proposição 1), é justo se colocar a favor do planejamento familiar. Porque não? Evitaria as grandes concentrações de pessoas X escassez de recursos para mantê-las.
Na proposição 2), há formas muito mais eficientes e seguras para fazer o planejamento familiar. E o planejamento, por definição, deve ser feito ANTES da concepção de um filho.
Na proposição 3), não há nenhuma relação aparente entre a prática do aborto e a redução da criminalidade em geral, seja no Brasil, ou o lugar que for. Falácia do tipo argumentum ad consequentiam - apelo às conseqüencias.

E para concluir, a 'política séria voltada para a criançada', referida pelo nobre Sr. Macedo, seria matar as crianças antes que elas possam causar problemas?

Veja outras postagens sobre aborto nos links abaixo:
http://liberdadeepensar.blogspot.com/2007/08/aborto.html
http://liberdadeepensar.blogspot.com/2007/08/aborto-2.html

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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O significado do fracasso na vida de um cristão 0


O fracasso na vida do cristão

Traduzido e adaptado por Leandro Teixeira.

O texto original pode ser lido aqui.

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Eu sou cristão há mais de trinta anos. Eu acho que, em minha vida cristã, tomei conta de alguns milhares de serviços da igreja, centenas de serviços religiosos no Wheaton College, e grande número de assembléias cristãs em retiros, conferências, e assim por diante, mantidas pela Campus Cruzade e outros grupos. Ainda durante este tempo todo, eu nenhuma vez- nem uma única vez nas milhares de assembléias nestes mais de trinta impares anos - ouvi um orador discursar sobre o assunto ‘fracasso’. Na realidade, eu provavelmente não refletiria seriamente no problema se não tivesse um fracasso esmagador que me impeliu a enfrentar o problema pessoalmente.

A falta de tratamento deste assunto, por parte de oradores cristãos, não é devido a qualquer falta de importância do assunto. Qualquer cristão que fracassou em algum momento sabe quão devastadora a experiência pode ser e as perguntas que surgem são: Onde Deus está? Como Ele pode deixar isto acontecer? Eu estou fora da vontade dele? O que eu faço agora? Deus realmente se preocupa ou existe? Essas são perguntas agonizantes. Qual é o significado de fracasso para um cristão?

Tratando deste problema, me parece que nós precisamos primeiro distinguir dois tipos de fracasso: fracasso na vida cristã e fracasso na vida de um cristão. Por fracasso na vida cristã, eu quero dizer um fracasso do crente no relacionamento e na caminhada com Deus. Por exemplo, um Cristão poderia sofrer decepção e fracasso devido a uma rejeição em atender a chamada de Deus, ou sucumbindo à tentação, ou por se casar com um não-cristão. Fracasso deste tipo se deve ao pecado. É essencialmente um problema espiritual, uma questão de moral e fracasso espiritual.

Diferentemente, o fracasso na vida de um cristão não tem relação com considerações espirituais. Não se deve ao pecado na vida de um crente. É uma derrota pessoal que sucede no viver diário da experiência cristã. Por exemplo, um homem de negócios cristão poderia falir, um atleta cristão poderia ver seus sonhos juvenis despedaçados quando ele falha em passar para a Liga Principal, um estudante cristão poderia fracassar na escola apesar dos seus melhores esforços para ter sucesso, ou um operário cristão poderia se achar desempregado e incapaz de conseguir um emprego. Tais casos não são exemplos de fracasso na caminhada de uma pessoa com Deus, mas exemplos de fracasso no curso ordinário da vida. Eles acontecem nas vidas das pessoas que são cristãs.

No livro best-seller Fracasso: A Porta dos fundos para Sucesso, Erwin Lutzer trata da distinção que eu estou tentando fazer aqui. Ele atribui o fracasso na vida cristã à cobiça da carne (satisfação sexual), ao orgulho (egoísmo), ou à luxúria (cobiça). Fracasso na vida de um cristão que não está relacionado a esses elementos faz parte da vida. Lutzer não encontra nenhuma dificuldade particular com o segundo tipo de fracasso, mas ele considera o primeiro tipo de fracasso problemático. Ele escreve:

O que causa fracasso? O que faz um homem chegar ao final da vida e admitir que viveu em vão? O que motiva um homem para se suicidar porque ele não é tão talentoso quanto os outros? O que faz um homem arriscar o seu testemunho cristão e ter um caso com a esposa do seu vizinho? A resposta: Pecado - especificamente, orgulho, cobiça ou desejo sensual.

Naturalmente, há fracassos bastantes sem conexão com motivações pecadoras: um estudante poderia fracassar na escola, um homem poderia fazer um investimento pouco inteligente. Muitas pessoas têm fracassado nos seus trabalhos ou simplesmente não alcançaram suas metas. Nós não devemos minimizar este tipo de fracasso, mas no final das contas não é tão sério quanto o fracasso espiritual.1

Lutzer dedica o livro inteiro dele ao fracasso na vida cristã, o primeiro tipo de fracasso, porque ele pensa que este tipo de fracasso tem conseqüências mais sérias que o segundo tipo de fracasso. Em um sentido é verdade: a pessoa é moralmente culpada pelo fracasso devido ao pecado. Fracasso na vida cristã quebra o companheirismo da pessoa com Deus e tem conseqüências eternas. Nós precisamos confessar este tipo de fracasso a Deus ou nós seremos responsabilizados e julgados por isto. Assim, em última instância, as conseqüências do fracasso na vida cristã são mais sérias que os fracassos ordinários que acontecem em nossas vidas.

Por outro lado, contudo, em termos de conseqüências cotidianas no mundo no qual nós vivemos, não é sempre verdade que o primeiro tipo de fracasso tem as conseqüências mais sérias. Por que se nós não soubermos responder corretamente a eles, o fracasso na vida de um cristão pode devastar mais até mesmo do que o fracasso que ocorre especificamente por causa de nosso pecado.

Agora eu não tenho nenhuma dificuldade particular em compreender o fracasso na vida cristã. Naturalmente, pecado resulta em fracasso! Que mais nós poderíamos esperar? Nem a solução a este tipo de fracasso é difícil entender: arrependimento, confissão, fé e obediência. Assim eu não considero o fracasso na vida cristã confuso, especialmente quando eu reflito na fraqueza de minha própria carne. Não é surpreendente que nós pequemos e falhemos.

Mas o segundo tipo de fracasso é problemático pra mim. Quando alguém está caminhando em fé e obediência a Deus, como ele pode ser conduzido à cova do fracasso? Pense nisto. Como posso ser conduzido ao fracasso obedecendo a Deus? Realmente, isto é confuso. Então, eu quero focalizar nossa atenção neste segundo tipo de fracasso, o fracasso na vida de um cristão, e ver se nós podemos vir a entender isto.

Por muitos anos eu tive o ponto de vista que cristãos que estão caminhando com Deus basicamente não podem fracassar. Talvez eu fosse excessivamente ingênuo, mas eu não penso assim. Eu havia levado em conta a questão e havia até mesmo qualificado minha posição em vários pontos importantes. Por exemplo, eu distingui fracasso de perseguição. A Bíblia é clara que pessoas que estão tentando para viver vidas religiosas em Cristo Jesus experimentarão perseguição, e Jesus disse que eles serão abençoados por isto. Cristãos que morreram em campos de concentração por causa da sua fé ou que perderam trabalhos ou foram discriminados porque eles eram cristãos, não se pode dizer que fracassaram.

Eu também distingui fracassos de provações. A Bíblia é clara que como cristãos nós não somos isentos de provações e que tais provações produzem maturidade e perseverança. Sem provações nós permaneceríamos crianças mimadas e despreparadas. Mas eu acreditei que, se nós suportássemos nossas provações confiando na força de Deus, Ele nos veria e nos traria vitoriosamente ao outro lado. Basicamente, não tinha sentido, pra mim, dizer que Deus chamaria uma pessoa para fazer algo e então - quando aquela pessoa fosse obediente ao chamado e estivesse confiando na força de Deus - lhe permitisse fracassar.

E, de fato, há algum apoio Bíblico para a posição que eu tomei. Olhe o que o Salmo 1:1-3 diz:

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará. “

O que poderia ser mais claro? Em tudo que ele faz, prospera! Entretanto, eu sofri um fracasso pessoal desastroso que me forçou a repensar nesta passagem inteira. Aconteceu enquanto Jan e eu estávamos morando na Alemanha Ocidental e eu estava terminando meu doutorado em teologia na Universidade de Munique, sujeito à orientação do famoso teólogo Wolfhart Pannenberg. Minha dissertação já havia sido aprovada e tudo que restava era passar no exame oral em teologia (ominosamente chamado o Rigorosum). Não sabendo o que esperar, eu tentei conseguir, repetidas vezes, uma entrevista com Pannenberg para discutir o exame e como eu poderia me preparar para ele. Mas eu não tive sucesso em vê-lo (professores alemães tendem a ser muito mais reclusos que as suas contrapartes americanas). Assim, eu fui ao seu assistente, um jovem e brilhante teólogo que havia ganho o doutorado dele sujeito a Pannenberg. Ele ignorou a idéia de me preparar para o exame. "Esqueça!" ele avisou. Bem, eu não era estúpido, assim eu o pressionei mais sobre como eu poderia preparar. "Pannenberg sempre faz só perguntas em cima dos próprios escritos", ele respondeu. "Basta ler o que ele escreveu."

Aquilo me parecia ser uma boa estratégia, e então durante as várias semanas seguintes eu li e estudei virtualmente tudo o que Pannenberg já havia escrito. Eu me sentia confiante de que havia dominado o pensamento dele.

No dia do exame eu entrei no escritório de Pannenberg. Ele entregaria o seu exame, e o processo seria monitorado e seria registrado pelo reitor da faculdade de teologia e um outro professor de teologia. Nós demos um aperto de mão e nos sentamos para o interrogatório começar.

Quase imediatamente coisas começaram a dar errado. Pannenberg começou a fazer perguntas sobre assuntos que não foram discutidos nos escritos dele. Ele começou a perguntar pelas particularidades da teologia deste ou daquele homem. E eu não pude responder as perguntas. Novamente eu tive que confessar minha ignorância. Eu não posso transmitir a você o sentimento de desamparo e medo que me varreram. Pergunta após pergunta, eu percebi que estava assistindo meu diploma de doutorado fugir, e – tal como tentar agarrar areia que desliza pelos seus dedos - não havia nada que eu pudesse fazer para parar isto. Esta tortura continuou por quase uma hora. Próximo ao término do tempo da prova, somente para fazer meu fracasso ser patentemente evidente, Pannenberg fez um par de perguntas condencendentemente fáceis, como para se rebaixar ao meu nível de conhecimento. Minha humilhação estava completa.

Desolado, eu deixei o departamento de teologia para encontrar Jan e sair para jantar em um restaurante onde nós dois havíamos planejado celebrar. Ela veio apressada a mim, sorrindo, com um olhar de expectativa nos olhos. "Mel - eu fracassei", eu disse. Ela não podia acreditar. Era logo antes o Natal e no dia 23 nós havíamos planejado voar de volta aos Estados Unidos para visitar minha família e começar a ensinar na Trinity Evangelical Divinity School em Deerfield, Illinois, depois do Ano novo. Agora, nós íamos para casa em derrota. Como que para adicionar injúria ao insulto, no vôo de volta, a Lufthansa perdeu nossa máquina de escrever da IBM, a bolsa da Jan, que estava cheia de valiosas jóias, foi roubada e eu perdi minhas lentes de contato!

Mas essas perdas materiais não eram nada comparadas ao tumulto que eu sentia dentro de mim por perder meu doutorado. Eu não entendia como Deus podia ter deixado isto acontecer. Ele havia nos chamado para a Alemanha e milagrosamente havia provido as finanças para meu estudo. Nós estávamos caminhando na vontade Dele; eu estava certo disto. Eu não havia sido negligente ou superconfiante. Eu tinha tentado freqüentemente ver Pannenberg com antecedência, mas ele sempre estava muito ocupado para mim, assim, eu me preparei do melhor modo que eu sabia. Mas especialmente, nós tínhamos orado seriamente e fielmente para este exame e havia outros, cristãos cheios do Espírito nos Estados Unidos, orando para isto também. O exame foi completamente justo, eu não podia negar isso. Eu fracassei, isso é tudo. Mas como Deus podia ter deixado isto acontecer? E as promessas dele? " e tudo quanto fizer prosperará." "Tudo que você pedir em meu nome..."

Não era só o meu fracasso no exame. Mais que isto, meu fracasso foi uma crise espiritual na fé para mim. Eu sentia dor e vergonha, mas até mesmo mais, eu me sentia traído por Deus. Como eu poderia confiar novamente nEle?

Como eu trabalhei meus sentimentos nos dias seguintes, ficou claro a mim que Salmos 1:1-3 não pode ser interpretado como algum tipo de promessa geral que ampara todo caso. Cristãos sem sempre prosperam no que eles empreendem. Às vezes eles fracassam, e isso é fato.

Agora alguém poderia dizer, "Você não pode usar experiência humana para anular a Palavra de Deus! As promessas dele são indiferentes a sua experiência." Mas o problema com esta resposta é que a Bíblia dá exemplos de tais fracassos. Por exemplo, Deus havia prometido dar a terra de Canaã às doze tribos de Israel. Mas em Juízes 1:19, nós lemos, " E estava o SENHOR com Judá, e despovoou as montanhas; porém não expulsou aos moradores do vale, porquanto tinham carros de ferro. " Olhe para o que diz aqui: o Deus estava com os exércitos de Judá - mas apesar deste fato, embora eles tivessem conquistado a colina do país, eles não derrotaram o inimigo deles nas planícies porque eles tinham carruagens férreas! Não parece fazer sentido: Deus estava com eles e mesmo assim fracassaram. Como nós compreendemos tal fracasso na vida do crente?

Agora algumas pessoas poderiam responder essa pergunta afirmando que Deus não tem nenhuma vontade específica para nossas vidas. A vontade geral de Deus é que nós obedeçamos a seus comandos éticos e espirituais, que nós nos aproximemos do caráter de Cristo, e assim sucessivamente. Mas Ele não tem nenhuma vontade específica para pessoas individuais que incluem conseguir um doutorado, se casar com certa pessoa ou entrar em um negócio empresarial particular. Assim quando nós empreendermos essas coisas, nós fazemos tão completamente por nossa própria iniciativa e bem pode virar em fracasso.

Mas esta solução me parece inadequada, apesar de sua aparente simpatia para muitas pessoas. Em primeiro lugar, insinua um conceito deficiente da soberania, providência e orientação de Deus. Embora a Bíblia ensine liberdade humana, também tem uma forte ênfase no controle soberano de Deus e direção providencial sobre tudo o que acontece. Nada acontece no mundo sem que Deus ou deseje diretamente, ou, no caso de atos pecadores, seja pelo menos permitido. Além disso, Deus tem organizado o mundo tão providencialmente que os fins dele serão realizados pelas coisas que nós decidimos empreender. Nossas decisões, então, não podem ser problemas indiferentes a Ele. Além disso, Ele prometeu nos guiar no que decidimos. Tudo isso sugere que Deus tenha uma vontade específica para nossas vidas.

Mas deixando este ponto de lado, em segundo lugar, a solução proposta atualmente não vai, de fato, ao coração do problema. Mesmo que Deus não tenha uma vontade específica para nossas vidas, ainda resta que Ele prometeu estar conosco, nos capacitando e nos ajudando. Isso é porque o exemplo em Juízes é tão confuso. Deus estava com eles, mas ainda assim fracassaram. Então, mesmo se Deus não tiver nenhuma vontade específica para nossas vidas, aquele silêncio não explica como nós podemos fracassar em coisas que nós decidimos fazer na força Dele.

E assim eu fui conduzido ao que era, para mim, uma nova e radical idéia da vontade de Deus, a saber, que a vontade de Deus para nossas vidas pode incluir fracasso. Em outras palavras, a vontade de Deus pode querer que você falhe, e Ele pode te conduzir ao fracasso! Pode haver coisas que Deus tem que te ensinar com fracassos que Ele nunca poderia te ensinar com sucessos.

No meu próprio caso, fracassar em meus exames doutorais forçou-me a ver as prioridades de minha vida sob uma nova luz. Quando nós voltamos aos meus parentes para o Natal, eu dei as notícias a meus pais de que eu havia falhado em meu exame oral e não recebi o doutorado. Para minha surpresa, replicou minha mãe, "Quem se preocupa?" Eu fiquei atordoado! Para mim parecia a catástrofe da minha existência, mas ela só encolheu os ombros como se não importasse. Começou a manifestar-se em mim que, em um sentido, não importava mesmo, que há coisas na vida muito mais importante que doutorados, publicações, e fama acadêmica. No fim, são as relações humanas que realmente importam - especialmente as familiares.

Minha mente voltou-se para um cientista que havíamos encontrado na Alemanha, que estava há muitos anos divorciado e que quis com todo o seu coração voltar à sua esposa e filhinho. "Quando eu era recém-casado", ele nos falou, "eu gastei todo meu tempo no laboratório. Tudo do que eu poderia pensar era minha investigação, à exclusão de qualquer outra coisa ou qualquer outro”. Parecia tão importante a ele, então. Mas agora ele soube que não era. "Eu fui um bobo", disse ele. E assim, eu também percebi agora, mais uma vez, as bênçãos que eu tive em uma esposa fiel que havia se sacrificado e trabalhado comigo todos esses anos em que eu estive na escola; e nos pais amorosos que me aceitaram, incondicionalmente, só porque eu era o filho deles. Aquele Natal marcou o começo de uma nova relação com meus parentes. Jan e eu viemos os conhecer não somente como pais, mas como amigos.

Veja, eu realmente não tinha entendido o que o verdadeiro sucesso é. Verdadeiro sucesso não é alcançar riqueza, poder ou fama. Verdadeiro sucesso está no reino do espiritual, ou mais específicamente, está em conseguir conhecer melhor a Deus. J. I. Packer expressa sucintamente este pensamento em Conhecendo Deus:

Nós fomos trazidos ao ponto onde ambos podemos e devemos obter as prioridades de nossa vida de forma definida. Das publicações cristãs atuais você poderia pensar que o item mais vital para qualquer verdadeiro ou pretenso Cristão no mundo hoje é a união da igreja, ou o testemunho social, ou o diálogo com outros cristãos e outras fés, ou refutando este ou aquele “ismo”, ou desenvolver uma filosofia ou cultura cristã, ou o que você quiser. Mas nossa linha de pensamento faz com que a atual concentração nestas coisas se pareça com uma conspiração gigantesca de má direção. Naturalmente, não é isso; os seus problemas são reais e devem ser tratados no seu lugar. Mas é trágico que, dando atenção a eles, tantos de nossos dias pareçam tirar a atenção do que era, é e sempre será a verdadeira prioridade para todo ser humano – isto é, aprender a conhecer Deus em Cristo.2

A primeira vez que eu li esta declaração, me surpreendi: "refutando este ou aquele “ismo” ou desenvolvendo uma filosofia cristã." Exatamente o tipo de coisa que eu faço na vida! E ainda não é o mais importante. A pessoa poderia ter sucesso nisto e ainda, na visão de Deus, ser um fracassado.

Isto me trouxe à mente um pensamento que Lutzer disse que veio assombrá-lo, sendo ele um pastor ocupado: "Você pode não estar realizando tanto quanto você pensa que está." Nós podemos estar fazendo muitas coisas para Deus e ainda não ser o tipo de pessoa que Deus deseja que nós sejamos. Realmente, meu maior medo é que eu poderia algum dia me colocar diante de Deus e ver todos meus trabalhos subirem em fumaça como "madeira, feno e palha." Afinal de contas, o que disse Jesus? - "Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros." Não é nenhum sucesso aos olhos do mundo que, no final das contas, interessa, mas o sucesso aos olhos do Deus.

Agora estou animado e convicto. Por um lado, animado porque embora nós fracassemos, o fracasso pode ser a melhor parte do sucesso aos olhos de Deus. Eu tenho uma intuição de que Deus não se interessa tanto pelo que nós passamos quanto por como nós passamos pelos fracassos. Embora possamos falhar na tarefa que temos a intenção de fazer, se respondemos àquele fracasso com fé, coragem e dependência na força do Deus, ao invés de desespero, amargura e depressão, será contabilizado como um sucesso nosso na visão dele.

Por outro lado, estou convicto porque podemos pensar que nós estamos realizando muito, quando de fato estamos fracassando na visão do Deus. O apóstolo Paulo reconheceu que ele podia ser um teólogo brilhante e talentoso, que vivesse em pobreza por causa da sua generosidade e fosse martirizado até mesmo por pregar o evangelho, e ainda, se lhe faltasse amor, não seria nada na visão de Deus. O verdadeiro sucesso é encontrado em amar a Deus e a nossos próximos.

Bem, que aplicação prática tem tudo isso para nossas vidas? Podem ser dadas duas opiniões.

Primeiro, nós precisamos aprender com nossos fracassos. Quando fracassamos, nós não deveríamos adotar a atitude de ‘uvas azedas’ da raposa, na fábula de Esopo. Ao invés, nós deveríamos analisar nosso fracasso para ver que lição podemos aprender dele. Isso não significa tentar entender por que Deus permitiu isto acontecer. Em muitos casos, nunca saberemos o porquê. Muitos cristãos entram no que Packer chama de "erro da caixa sinalizadora York."3 A malha ferroviária na cidade de York tem uma sala de controle principal que contém um painel eletrônico que exibe em luzes a posição de todo trem na malha. Alguém na torre de controle, que vê o painel inteiro, pode entender justificadamente por que um trem particular foi posto em espera em um ponto, ou porque outro foi movido para outro lugar em um desvio, embora para alguém, lá embaixo nos trilhos, os movimentos dos trens possam parecer inexplicáveis. O Cristão que quer saber por que Deus permite todo fracasso na vida dele está solicitando, Packer diz, estar na "caixa sinalizadora" de Deus, mas ainda, para melhor ou para pior, nós não temos acesso a ela. Então, é insensato torturar a si mesmo por querer saber o porquê que Deus permitiu este ou aquele desastre entrar em nossas vidas.

Mas posto que nós nem sempre discernimos ou compreendemos o projeto providencial de Deus, ainda podemos aprender com nossos fracassos. Como diz Lutzer, "não é necessário saber por que Deus nos enviou o infortúnio para ganhar com ele."4 Pergunte a si mesmo o que você podia ter feito diferentemente em sua situação ou o que poderia fazer diferentemente da próxima vez. Pergunte a si mesmo que tipo de reação Deus quer que você tenha, ou que característica de caráter pode ser desenvolvida em você como resultado da derrota. Aprenda de seu fracasso.

Segundo, nunca se renda. Só porque você fracassou, não está tudo perdido para ti. Aqui, o exemplo de um homem como o Presidente Theodore Roosevelt é instrutivo. Fraco e doente como um menino, Roosevelt batalhou para alcançar grandes coisas, o único Presidente a ser homenageado com a Medalha Parlamentar de Honra pelo seu valor no campo de batalha. Roosevelt declarou,

O crédito pertence ao homem que está de fato na arena, cuja face é arruinada pelo pó, suor e sangue; que se esforça valentemente; que erra, que fracassa repetidas vezes, porque não há nenhum esforço sem erros e falhas; mas que se esforça para fazer as obras; que identifica os grandes entusiasmos, as grandes devoções; que gasta a si mesmo em uma causa merecedora; que na melhor das hipóteses conhece, no final, o triunfo de uma grande façanha, e que na pior das hipóteses, se fracassar, pelo menos fracassa com grande coragem, de forma que o lugar dele nunca estará com essas almas frias e tímidas que nem não conhecem vitória nem derrota.

Você não está liquidado só porque fracassou. Você só está liquidado se render e desistir. Mas não desista! Com a força de Deus, apanhe os pedaços de seu fracasso e, havendo aprendido disto, vá adiante.

Isso é o que nós fizemos em nosso caso. Em universidades alemãs, se você abandonar os exames orais na primeira vez, você pode retomar. Jan e eu soubemos que podíamos tentar novamente, e nossos amigos nos encorajaram para que o fizéssemos. Assim, depois de começar a ensinar na Trinity, eu passei o próximo ano inteiro preparando-me novamente para o Rigorosum. Eu estudei completamente a prodigiosa obra Harnack, de três volumes do Dogmengeschichte, a História do Desenvolvimento de Doutrina multi-volume de Pelikan, a História de Doutrina cristã Cunliffe-Jones, Dogmengeschichte de Loof, dois extensos guias de estudo em geral de Teologias dogmáticas preparadas para estudantes de universidade alemães em teologia, como também estudei os documentos dos vários conselhos e credos da Igreja, leituras dos Pais da Igreja, trabalhos de teologia contemporânea, e assim sucessivamente. Passado o tempo de um ano, eu tinha uma pilha de notas, a qual eu havia virtualmente memorizado e estava preparado para responder perguntas em qualquer área da teologia sistemática - seja cristologia, antropologia, soteriologia, ou tudo isto - dos antigos Apologistas aos da Idade Média, da Reforma, do Iluminismo e do século XX. Eu estava pronto. Mas estava morto de medo.

Nós voltamos à Alemanha no verão seguinte, e deixei Jan em Berlim enquanto viajei de trem para Munique, para o exame. Quando entrei no escritório de Pannenberg, tudo aparentava estar quase a mesma coisa de antes. Mas desta vez, era diferente. Pannenberg começou com a doutrina da Trindade, iniciando com a doutrina do Verbo dos Apologistas antigos. E para minha alegria (a qual eu mal podia esconder!), como o exame continuou a desdobrar-se, eu me achei respondendo prontamente a cada pergunta com respostas completas e precisas. A única pergunta na qual tropecei era uma sobre por que a doutrina de Hegel da encarnação requeria a morte de Deus - e eu não me senti tão mal por perder aquela! O próprio Pannenberg estava claramente encantado com meu sucesso e me premiou com um de magna cum laude no exame. Eu estava dançando no ar!

Assim, foi uma vitória para Deus, no fim. Mas a vitória não foi somente passar no exame. Foi a fim de, sem mencionar as lições espirituais que Deus me ensinou, eu descobrir uma verdade muito sensata. Como tantos outros estudantes americanos, eu havia sido angustiadamente treinado em seminário na história da doutrina cristã. A formação em teologia sistemática que os seminários evangélicos americanos geralmente dão para os seus estudantes é apenas uma sombra pálida do que estudantes universitários alemães de teologia recebem. É, então, alguma maravilha a cética teologia alemã moldar o mundo? Como nós podemos esperar que teologia evangélica se torne um modelo principal a menos que nós comecemos a treinar nossos estudantes com o mesmo rigor e eficácia que caracterizam a instrução teológica alemã? Eu posso dizer, sem hesitação, que durante aquele ano de intenso estudo, eu aprendi mais sobre teologia sistemática do que durante minha formação de seminário inteira. Assim, embora eu nunca quereria reviver minha experiência, eu posso dizer honestamente que eu estou alegre que eu fracassei. Era para o melhor, porque como resultado daquele fracasso eu fui equipado teologicamente de certo modo para o serviço do Deus que nunca teria sido possível se eu tivesse passado.

E eu estou muito alegre por não termos desistido. Suponha que tivéssemos nos rendido. Digamos que na humilhação do meu fracasso, eu tivesse perdido a esperança e não tivesse tentado prestar o exame pela segunda vez. As dores agudas de derrota teriam me assombrado toda vez eu pensasse em meu fracasso ou abrisse um livro de teologia sistemática. Eu não teria tido aquele ano de estudo intensivo e eu teria permanecido em meu estado anêmico de conhecimento teológico. Os anos teriam passado e eu teria me feito continuamente a pergunta: Eu deveria ter tentado novamente? Até mesmo se eu tivesse tentado e tivesse abandonado a segunda vez, eu ainda teria sido melhor se desisitisse. Parafraseando um velho lema em um contexto diferente: É melhor tentar e ter fracassado do que não ter tentado.

Assim, quando você encontrar o fracasso, não se renda. Peça a força de Deus para ir além. Ele a dará a você. Na realidade, há um nome bíblico para esta qualidade. É chamada de perseverança. Pelo fracasso, se você responder corretamente, Deus pode construir a qualidade da perseverança em sua vida.

O fracasso na vida de um Cristão, então, não deveria nos pegar de surpresa. Deus tem coisas importantes para nos ensinar pelo fracasso - e o verdadeiro sucesso, o sucesso que conta para eternidade, consiste em aprender essas lições. Assim, quando você fracassar, não se desespere ou pense que Deus o abandonou; antes, aprenda de seus fracassos e nunca se renda. Esta é a fórmula para o sucesso.

Notas

1 Erwin Lutzer, Fracasso: A porta dos fundos para o sucesso (Chicago: Moody, 1975), pp. 41-42.

2 J. I. Packer, Deus onisciente (Londres: Hodder & Stoughton, 1973), p. 314.

3 Ibidem., pp. 110-11.

4 Lutzer, Fracasso, p. 66.


William Lane Craig
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