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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Se Ele já falou, porque o universo não se convenceu? 0


Há duas revelações de Deus: a geral e a especial


Esta pergunta esconde um sentido mais profundo do que a pura e simples provocação que insinua. O que ela quer dizer na verdade é que Deus falhou. Se Deus falhou, Ele não é onipotente. Logo, o Deus cristão não existe.

Esta é uma questão que nos leva a buscar a compreensão da natureza de Deus e da natureza do homem. Sem este entendimento das naturezas, e da interação entre elas, é muito difícil explicar o problema.

Inicialmente, vou dividir a frase em duas partes, para lidar com algumas pressuposições que podem estar intrínsecas na sua elaboração.

“Se ele já falou (...)”

O autor coloca esta condicional “se ele já falou” de uma maneira que põe em dúvida o fato do Senhor ter realmente se manifestado de uma forma definitiva e suficiente. “Será que Ele realmente falou? E se falou, o que revelou foi o bastante?”

Deus se revelou de duas principais formas: através da revelação geral da natureza (das coisas criadas) e através da revelação especial, a qual temos documentada no livro que chamamos de Bíblia. A revelação geral declara a todo homem que há um Deus, e que ele é indesculpável no que se refere ao sentimento da Sua existência.

A revelação especial foi trazida muitas vezes no decorrer da história humana, conforme a necessidade do povo e a vontade de Deus, em diversas quantidades ou porções. A vontade do Senhor foi também revelada de variadas maneiras, às vezes diretamente, outras por sonhos, visões, através de anjos, teofanias, entre outros. Por fim, Deus se revelou de forma derradeira, pessoalmente, pelo Seu próprio Filho, na pessoa de Jesus Cristo. Toda esta revelação especial trata sobre o Ser divino e a Sua vontade; mostra Deus dirigindo o desenvolvimento da história humana; declara a condição do homem perante Ele e manifesta o plano da sua grandiosa salvação. A Bíblia afirma que a voz do Senhor foi plenamente anunciada. Deus, portanto, já falou (Hebreus 1.1).


“(...) porque o universo não se convenceu?”

Natureza: revelação geral de Deus

Temos uma mentira aqui. O autor usou a palavra “universo” dando a entender que ninguém (ou sendo um pouco condescendente, uma minoria insignificante) creu naquilo que Deus revelou, seja através da natureza, seja através da Bíblia. Contudo, a revelação geral de Deus nas coisas criadas é tão forte que não há notícias de que alguma civilização, existente hoje ou já extinta, não tenha (ou tivesse) alguma forma de culto ao divino. O sentimento religioso está bem arraigado dentro do homem desde os seus primórdios. Negar isto é tolice (Salmos 14.1).

Mas como saber qual é o Deus verdadeiro? Já que a religiosidade é tão marcante assim, e a imaginação do homem é pródiga em produzir ídolos, é necessário que haja uma forma inconfundível de saber qual é o verdadeiro Deus dentro de miríades de entidades. Para isto temos a Revelação Especial de Deus, que está na Bíblia. Nela, O Deus Jeová assume a responsabilidade pela criação do mundo e do homem, mostrando o propósito desta; fala de Si mesmo, revelando a Sua vontade perfeita; fala da justiça e da misericórdia, buscando o relacionamento com a humanidade no desenrolar da história. Ele fala de coisas que ainda não aconteceram como se já houvessem ocorrido; realiza milagres incontestáveis para exibir Sua majestade soberana. Ele conta o passado, explica o presente e determina o futuro. Ela fala de homens - de pastores de ovelhas a reis - que tiveram experiências incríveis com o Senhor, atestando, assim, aquilo que Ele falou.

Nenhum outro deus se manifestou assim. O primeiro mandamento que Ele deixou para nós foi este: “não tereis outros deuses diante de mim”; o que é muito pertinente, já que realmente não existe outro! E Ele não precisaria se revelar, se não quisesse. Entretanto, Deus agiu com amor e misericórdia, dando-nos o conhecimento que pode salvar-nos de uma justa punição.

Então temos este ambiente: pelas coisas criadas, sabemos que há um Deus. E, pela Bíblia, sabemos qual Deus é o verdadeiro. Isto seria prova suficiente para convencer um pecador a entregar sua vida ao Senhor?

Logicamente, a resposta seria SIM. Contudo, argumentos, por melhores que sejam, não tem o poder de fazer a pessoa aceitá-los, mesmo que não haja base racional para agir desta maneira. A rejeição ao Deus verdadeiro não está baseada na racionalidade (ou irracionalidade) da proposta cristã, mas tem sua origem no seu ‘órgão’ moral. O apóstolo João nos fala acerca deste problema quando afirma em João 3.19 que os homens não vem à luz porque suas obras são más, pois amam mais as trevas. Este é o cerne do verdadeiro motivo de toda negação à Cristo.

O autor tentou induzir o leitor ao erro quando escreveu a frase que dá título à este texto. Fez pensar que, como ele não ficou convencido com os ‘argumentos’ do Senhor, Deus falhou. E como a Palavra diz que que Ele não falha, a Bíblia não é inerrante. Se ela tem erros, como podemos confiar nas suas declarações? Resumindo, o Deus cristão não deve existir porque Ele não foi persuasivo o suficiente como Ele revelou que seria!

Entretanto, esta é exatamente a reação esperada de TODO homem natural diante de Deus: rebeldia. Romanos 1.21-32 relata uma série de adjetivos totalmente desagradáveis aos ouvidos dos não-crentes, mas que são decorrentes do abandono a Deus:


Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.

Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.

Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.

Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; Estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem - Romanos 1:21-32


Percebam, portanto, o tamanho da insolência. O quadro descrito na passagem acima pinta com perfeição o nosso estado antes da conversão. Mas graças a Deus, há um remanescente. Por sua infinita misericórdia, o Senhor elegeu para si pessoas de todas as nações. O Espírito Santo de Deus transforma com poder a vida daqueles que foram escolhidos antes da fundação do mundo. Tais indivíduos “nascem de novo”. Depois da conversão, os ouvidos, antes surdos, agora ouvem a voz do Senhor, e os seus olhos estão abertos para ver as Suas obras. O coração dos eleitos também anseia pela retidão, e odeiam toda iniquidade. E estes recebem a Seu Senhor com alegria no coração, totalmente convencidos pelas Palavras de Vida Eterna proferidas pelo seu Salvador.

Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder - 1 Coríntios 4:20.
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Cada um fala daquilo que tem no seu coração 0































Cada um fala daquilo que tem no seu coração.

O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca. - Lucas 6:45
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Depravação Total - Implicações 0

O que é o homem?

No post anterior, fiz um breve apanhado do que é a doutrina da depravação total. Mas, como apenas conhecimento teórico não basta, é necessário que alguma aplicação prática decorra do entendimento. Buscarei fazer isto a partir de agora.

Descobrir a Verdadeira Identidade

Filósofos de todas as eras têm insistido em que o homem conheça a si mesmo. Não há nada errado nisto. Juntamente com Terêncio, dramaturgo da Roma Antiga, deveríamos declarar que “nada do que é humano nos é estranho”. Seria mesmo uma irresponsabilidade ignorar quaisquer aspectos relacionados à humanidade. Entretanto, parece que alguns ficaram tão maravilhados consigo mesmos que pensaram acerca de si muito mais do que convém. Friedrich Nietzsche, por exemplo, via fraqueza no homem, causada por um grande potencial inexplorado. Pensava ele que se o homem anelasse e vivesse além de todos os seus valores, por meio de uma sede de poder criativo, num processo contínuo de superação, ele seria um super-homem, ou o homem superior. Para isto, é claro, ele teria de abandonar a ideia de Deus: super-homens não precisam dele.

O que a Bíblia ensina sobre o homem? Diz que ele foi criado bom, mas que a queda em Adão comprometeu as suas capacidades de uma forma tão profunda que qualquer ideal de "homem superior" (no sentido de ser um homem perfeito) por esforço unicamente humano é impossível de ser alcançado. Ela é enfática ao afirmar que o problema humano está dentro dele, mas não a solução. Mostra que o homem não está no trono, mas chafurdado na lama. Que ele não é livre, mas escravo. Que não é autônomo, mas dependente. Que ele não é bom, mas mau. E, principalmente, o poder de resgatar a sua própria vida está tão afastado de suas capacidades quanto erguer-se do solo puxando-se pelos cabelos.

Não há necessidade de ser um sociólogo para perceber que a nossa civilização é muito instável. Qualquer mudança significativa no status quo facilmente levaria a “sociedade” a entrar num estado primitivo de selvageria. Podemos ver isto nas outras pessoas. Por melhores que sejam os avanços do conhecimento humano, e ainda que a nossa ciência e tecnologia sejam notáveis, social e moralmente não estamos nem um pouco melhores do que há milênios. E podemos ver isto também em nós mesmos; todos os dias, diante do espelho. Basta uma análise pessoal sincera tendo por modelo a Lei de Deus: os 10 mandamentos.

Mudar de Paradigma

O que é certo e o que é errado?
Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus (Romanos 3:19)

Como o homem é facilmente convencido das suas qualidades! Se tem algo que prontamente aceita, sem muito questionar, é o afago ao seu ego. Quão rápido se convence! Quão rapidamente pensa que é merecedor de honra! De glória em glória, ele começa a acreditar em si mesmo. E ainda que ele não tenha o aplauso do mundo, é possível que ele crie para si uma redoma de autoglorificação, atribuindo aos outros deficiência pela falta do reconhecimento que entende lhe ser merecido. Mas como vimos antes, não temos do que nos gloriar, porque não há nada propriamente humano que não esteja maculado pelo pecado.

De fato, cada indivíduo usa uma régua própria para medir a si e aos outros, pela qual ele sempre está aprovado. Mas não é por esta norma particular que somos julgados. Quando Moisés desceu do monte com as tábuas da Lei (Êxodo 20), ganhamos um padrão absoluto para aferir nossa integridade. A Lei nunca serviu como meio para salvar pessoas, mas sim como instrumento de condenação (Deuteronômio 28), porque nunca houve alguém (excetuando Jesus) que a cumprisse integralmente. A lei veio para nos servir de aio até que Cristo chegasse (Gálatas 3.24).

A doutrina da depravação total tem este mérito: mostrar quão grave é o pecado para Deus, e quão grave é a nossa maldade. Se os nossos atos de justiça são como trapos de imundícia para Ele (Isaías 64.6), o que se dirá das nossas injustiças!

Reconhecer a impotência

O que faremos? (At 2.37)
Penso que o primeiro sentimento que alguém deveria ter ao conhecer esta doutrina é o de humilhação. Ela retira o homem do pedestal, destronando o ser humano, colocando-o num estado de desesperança completa. Joga-o com força ao chão. Abole a confiança exacerbada em suas próprias capacidades, e que a solução dos problemas está dentro de si - como a psicologia moderna, por exemplo, ensina. Arranca o manto de glória própria que oculta a maldade por trás das boas ações. Incute a culpa, e não a releva. Mostra aquilo que realmente somos, não o que aparentamos ser.

A vide se secou, a figueira se murchou; a romeira também, e a palmeira e a macieira, sim, todas as árvores do campo se secaram; e a alegria esmoreceu entre os filhos dos homens (Joel 1:12)

Repentinamente, portanto, o homem natural se sente no vale da morte. Vê tudo a sua volta esmorecer, falhar, cair. Não há nada que possa servir de apoio para mantê-lo de pé. E então começa a perceber que a sua vitalidade é falsa. Parafraseando Spurgeon, é apenas pompa funerária de uma alma morta; velando a si mesmo, lamenta pelo modo de viver que, inevitavelmente, o jogou nos braços da morte. Para o não-convertido, tudo isto é tão horrível que ele fica atônitamente incrédulo. Ressente-se e não aceita que isto possa ser verdade. Por isso que a Palavra diz em João 3.19-20 que os homens não vêm à luz: para que suas obras más não sejam manifestas. Neste momento de perplexidade, o Espírito pode agir e convencê-lo do pecado e do juízo. Se Ele o fizer, a pessoa perderá completamente a esperança em si mesmo; apercebe-se-á que nada do que ele é ou possa fazer poderá salvá-lo da justa ira de Deus. E no momento seguinte, a maravilhosa graça do Senhor estará brilhando diante dele dizendo: “- Arrependa-se e venha!”.

Receber a cura

E quem quiser, receba a água da vida (Ap. 22.17)
Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores (Marcos 2:17)

Esta palavra é para todo homem natural. A lei mostra que ele está mais do que doente: está morto. Mas o evangelho traz mais do que cura: traz uma nova vida. Esta é a boa nova: Deus entregou seu Filho, Jesus, e este voluntariamente se dispôs à cruz, o lugar que nos era merecido, e pagou pela nossa dívida. Jesus Cristo morreu a nossa morte, e a Sua ressurreição é a esperança que temos de um dia também reviver (Romanos 6.5-9). Para assegurar esta expectativa, o Espírito Santo nos foi enviado para habitar dentro de cada um que crer, servindo como penhor da promessa, e para relembrar tudo aquilo que Cristo ensinou, com vistas a andar em retidão e a crescer em santidade.

Para o crente, reconhecer sua depravação é o caminho que leva a honra, pois Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tiago 4.6). A doutrina o coloca na posição correta diante do seu Criador: a de total dependência. O entendimento da depravação total é o ponto final na arrogância típica da nossa raça.


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