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terça-feira, 19 de junho de 2012

Como posso conhecer a vontade de Deus? 0



Qual a direção a tomar?


As Escrituras se referem à vontade de Deus de várias maneiras. Uma vez que até a vontade humana apresenta várias facetas, não devemos nos surpreender ao descobrir que a vontade de Deus é bastante complexa. Tradicionalmente, a teologia reformada enfatiza dois sentidos segundo os quais devemos entender a vontade de Deus. Alguns teólogos reformados falam, ainda, de um terceiro sentido.




Vontade decretiva

Em primeiro lugar, as Escrituras nos falam da vontade decretiva de Deus. Trata-se do seu decreto eterno de tudo o que deve ocorrer na História, “seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele predestinou tudo o que acontece” (Breve Catecismo de Westminster, Questão 7). Nesse sentido, a vontade de Deus é imutável e não pode, de maneira nenhuma, ser frustrada. Aquilo que Deus decretou acontecerá exatamente do modo como ele ordenou.

Os decretos do Senhor são eternos

A vontade decretiva de Deus não pode ser conhecida de antemão, exceto por vislumbres revelados nas profecias relativamente raras que Deus confirma por promessa ou juramento. Mesmo nessas profecias pouco frequentes, apenas os parâmetros mais gerais podem ser discernidos. O restante do plano eterno de Deus por meio do qual Ele ordena o universo permanece oculto dos seres humanos até que se desdobre na História. Por esse motivo, somos chamados a confiar na bondade de Deus, segundo a qual ele fará todas as coisas cooperarem para o nosso bem (Rm 8.28 ).


Vontade normativa



Em segundo lugar, podemos falar da vontade normativa ou preceptiva de Deus, ou seja, a sua vontade que se expressa em preceitos ou mandamentos. A vontade normativa consistem, portanto, nos requisitos morais de Deus que ele torna conhecidos em sua revelação geral e especial e é tema de várias passagens das Escrituras (1Cr 13.2 ; Ed 7.18 ; Rm 12.2 ;Ef 5.17 ;Cl 1.9 ;1Ts 4.3-6 ;5.16-18 ). Esse sentido da vontade de Deus é conhecido em parte por meio da revelação natural ou geral. Pode ser conhecido mais plenamente pelo estudo das Escrituras, onde se encontra registrado. Na verdade, um dos propósitos centrais da revelação é nos ensinar a vontade normativa de Deus.



Vontade desiderativa



Por fim, várias tradições cristãs falam da vontade desiderativa de Deus como o seu desejo em relação a coisas que jamais acontecerão e o seu pesar em relação a coisas que aconteceram. Por vezes este conceito é combinado com a ideia de que Deus não pode fazer o que bem lhe aprouver, o que é contrário às Escrituras (Sl 115.3 ). Não obstante, por vezes Deus expressa verdadeiramente esse tipo de desejo e pesar (e.g. Gn. 6.6-7 ; 2Sm 24.16 ; Ez 18.23,32 ; 33.11 ).

Essas expressões não são contrárias à sua vontade decretiva – Deus não é obrigado a fazer certas coisas acontecerem contra a sua vontade. Antes, a vontade desiderativa de Deus é intimamente relacionada à sua vontade normativa no sentido de que revela o seu desejo sincero de que seus preceitos sejam obedecidos. As expressões de desejo e pesar de Deus também mostram a sua misericórdia e o seu plano gracioso para com suas criaturas, mesmo quando estas criaturas se rebelam contra ele. Por exemplo, Deus disse a Moisés para se afastar, pois ele – Deus – estava prestes a destruir Israel (Ex 32.9-10 ). No entanto, depois de ouvir a oração de Moisés, Deus teve compaixão e “se arrependeu... do mal que dissera havia de fazer ao povo” (Ex 32.14 ). Deus também disse a Ezequiel que não tinha prazer na morte dos perversos (Ex 33.11 ); antes, o seu desejo era que se arrependessem. Seu desejo é expresso com frequência em ocasiões nas quais o evangelho é oferecido (1Tm 2.4 ). Deus expressou preocupação até mesmo pela cidade pagã perversa de Nínive (Jn 4.11 ). Jesus disse a uma Jerusalém personificada que reuniria os filhos dela sob suas asas se ela tivesse sido receptiva (Mt 23.37 ). Alguns intérpretes também consideram passagens como 1Tm 2.4 e 2Pe 3.17 expressões da vontade desiderativa de Deus.

É possível ter um amplo conhecimento da vontade desiderativa de Deus; ela é revelada em suas emoções, ações, instruções e providência. Podemos descobrir o que Deus deseja de nós e para nós ao estudar o seu caráter e os seus preceitos. Quando discernimos a vontade de Deus dessas maneiras, deveríamos ser levados a servi-lo com gratidão e sinceridade.

Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra
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