Aniversariante desdenhado
Hoje, 23 de abril, comemoramos o Dia Internacional do Livro. A data é uma homenagem a dois famosos escritores, Miguel de Cervantes, autor de Don Quixote, e William Shakespeare, autor de, entre várias outras obras, 'Hamlet' e 'Romeu e Julieta'.
Infelizmente, o aniversariante é daqueles pouco populares, que fazem festa de aniversário e ninguém vai. O salão é bem decorado, com muita imaginação, e a comida é tão deliciosa que aqueles que a experimentam falam sobre ela anos a fio. Todos são convidados, mas poucos gostam do anfitrião. Pobre livro, tão rejeitado tu és.
Analogias a parte, o hábito da leitura não tem sido bem cultivado na educação brasileira atual. Parece-me que esta atividade ficou restrita àqueles que não são esteticamente belos ou que possuem dificuldades no trato social. Muita importância para a embalagem e pouca à estrutura, ao conteúdo. Nós, brasileiros, temos sido bons marketeiros, mas péssimos engenheiros.
Leitura não é só um exercício para nerds, mas para todos que tem um cérebro |
Leitura só por obrigação
Segundo um levantamento feito em 2007 pelo Instituto Pró-Livro, a média de leitura do brasileiro é de apenas um livro por ano. Dentro do contexto universitário, a quantidade aumenta, embora justificado pelas exigências acadêmicas obrigatórias.
Como resultado deste relaxamento com a leitura, nós temos hoje muitos que sabem ler, mas não entendem o que estão lendo. Chamamos de analfabetos funcionais. Popularmente, também são conhecidos por 'leitores de título', já que o interesse se acaba assim que passam 3 ou 4 linhas após o título que adorna um texto. Da mesma forma que a preguiça promove a falta de exercício físico, e esta responde pelo aumento da primeira, assim a preguiça mental promove a falta de interesse em livros, sendo que esta gera ainda mais latência mental. Preferem esperar que a história de um livro seja contada em filme. "Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem" já dizia Mário Quintana.
Mário Quintana sabia do que falava... |
Nem toda leitura vale a pena
Já houve épocas em minha vida onde pensei que toda a leitura valia a pena. Ainda continuo pensando assim, em certo sentido, como um exercício. Entretanto, todo livro, por pior que seja, tem uma ideologia. Pessoas não treinadas na leitura e interpretação são facilmente confundidos. Não conseguem discernir entre a boa e a má literatura. Existem os dois tipos, como praticamente todas as coisas no mundo. E é ilusão pensar que uma filosofia estampada nas páginas de um livro não influenciam aqueles que o leem. Mentes devem absorver informação como esponjas, sim, mas creio que todas elas devem estar devidamente catalogadas e organizadas em certas categorias mentais. Milhões de palavras em páginas de papel amontoadas em um quarto escuro não são nem um pouco úteis, assim como aceitar quaiquer idéias como dignas de igual crédito. Melhor trabalhador não é aquele que possui maior quantidade de ferramentas, mas aquele que sabe usar as que tem.
Cheiro de livro novo é delicioso |
Leitores cristãos
Mas felizmente eu noto que o povo cristão, mais notadamente o evangélico, extrapola esta média. Nós lemos mais que as demais parcelas da sociedade. Interessante que, por vezes, somos discriminados por uma pretensa ignorância que nos seria comum. Como todos os grupos sociais, há pessoas assim no nosso meio. Mas é a exceção da regra. Não só lemos como escrevemos mais. Falamos mais. Somos bem articulados. Quem quiser visite a UBEBlog e a comunidade virtual de blogueiros evangélicos e conheça vários pensadores cristãos que estão fazendo a diferença.
Somos incentivados à leitura desde muito cedo |
Entendo que um Dia do Livro a se comemorar seria aquele que as pessoas comemorassem como o dia das mães. Como? Amando nossas mães e lendo nossos livros, todos os dias do ano.
"Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas" - Mário Quintana.