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quarta-feira, 14 de abril de 2010

O ungidão intocável da fé 0



“Não toqueis no meu ungido”. Alguma vez já te deparaste com algum líder da igreja que pronunciou tais palavras sobre si mesmo? Provavelmente sim, e ainda mais provavelmente num contexto de obediência incontestável a ele. São os intocáveis da fé, que não reconhecem de forma alguma estar errados e nem admitem correção de quem quer que seja.



Ora, esta ‘doutrina’ não é nova. Não há nada de novo debaixo do sol. O papa da igreja católica, por exemplo, dizem ser munido de infalibilidade: tudo o que ele pronuncia é a verdade absoluta, tal como Deus a pronunciaria. Aliás, talvez seja esta a pretensão deles.

Tudo que ele fala é verdade absoluta, mesmo quando contraria outros papas...

Lembro-me de ter assistido a uma entrevista com um cardeal brasileiro à época da escolha deste último papa. Ele declarou que a escolha papal era um ato importantíssimo, já que ele seria o ‘novo Jesus Cristo na terra’. Que graça, não é? Este “Jesus” autoproclamado tem onde reclinar a cabeça. E ele anda bem perto de cruzes, mas nem passa pela sua cabeça ficar pendurado numa delas. O cálice é afastado de si, mesmo que fosse a vontade de Deus tomá-lo.

Mas esta não é uma situação isolada. Acho que todo ser humano que disponha de algum tipo de poder pode ser assediado pela inquestionabilidade. Todos almejam serem reis, mas ninguém quer ser servo!

Todos querem ser rei













'Rei' Roberto ;)















'Rei' Pelé ;)

Tem alguns que acham até mesmo que são deuses!















"Se Pelé é rei, então eu sou deus"

















Maradona tem estátua e até uma igreja na Argentina

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Vamos, agora, ver o que Jesus (o verdadeiro) tem a falar sobre este assunto. Em Mateus, nos versículos 9 e 10 do capítulo 23, está escrito:

E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.

Não. Não quer dizer que não devemos chamar nosso pai terreno de pai. Honrar pai e mãe para que se prolonguem teus dias sobre a terra... Lembra-te? Não é este o sentido que Jesus usa aqui; avaliaremos a expressão ‘pai espiritual’, aquele que é o mentor, ou instrutor, do ensino religioso de alguém. Duas passagens, uma do Antigo Testamento, e outra do novo, cito para ilustrar o período:

O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes. (2Rs 2:12)

Porque ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu pelo evangelho vos gerei em Jesus Cristo. (1Co 4:15)

Elias foi o ‘pai’ espiritual de Eliseu, assim como Paulo foi ‘pai’ de muitos outros, como, por exemplo, Timóteo (2 Tm 1.2). Mas cuidado. Jesus não está condenando o fato de termos mentores espirituais, mas sim de considerá-los infalíveis. Veja o contexto da passagem do capítulo 23 de Mateus. A hipocrisia dos fariseus e escribas é destacada com cores muito fortes. Inclusive Jesus fala que eles ‘se assentaram na cadeira de Moisés’. Ora, Moisés foi o grande legislador de Israel, que Deus usou para trazer a Sua Lei ao povo. Agora, escribas e fariseus ditam normas e regras que o próprio Senhor avisou não acrescentar (Dt 12.32) e, além de não entrarem no Reino de Deus, não deixam os outros entrar (Mt 23.13).

Paulo confirma esta asserção quando diz para seus seguidores serem seus imitadores, tal como ele imita Jesus (1Co 1.11). Em resumo: devemos respeito aos nossos líderes espirituais, como recomendado pelo versículo abaixo, mas não devemos considera-los infalíveis. Obediência incondicional e reverência só devem ser prestadas a Deus, o nosso Pai Celestial.

Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (1Tm 5:17)

Além do mais, todos os crentes são ungidos pelo Espírito Santo (1Jo 2.20;27)! Uma única unção. Não existe um crente 'mais ungido' do que o outro. Esta história de ficar ungindo pra 'isto', pra 'aquilo', é invenção. Confirme em 2Co 1.21-22.

O que você pensa sobre este assunto? Você conhece algum "intocável" da fé?


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