Acabei de ler uma reportagem no jornal O Globo, nomeada “Conversões inversas na terra dos Reis Católicos”, escrita por Priscila Guilayn. A matéria trata do fenômeno religioso que ocorre hoje na Espanha: sobre as conversões entre a religião cristã evangélica e a religião muçulmana. O foco da reportagem está no fato, percebido pela autora, de que o número de convertidos do Islã para o Cristianismo é bem menor do que o número de convertidos do Cristianismo para o Islã. Ela nota também que este é um fato irônico: afinal de contas, a Espanha já travou na sua história luta contra o domínio muçulmano, na época dos Reis Fernando de Aragão e Isabel de Castella, no século XV.
O ponto que eu quero trazer para discussão é o seguinte: quão pacífica e tolerante é a religião muçulmana. Afinal, apesar de boa parte dos atentados terroristas serem motivados pelo Islamismo, há a defesa comum de que os que assim agem são de uma ala radical da religião muçulmana que, enfim, denigrem a imagem de todo o grupo.
A reportagem traz algumas entrevistas com convertidos de ambos os lados, de ex-cristãos que agora são muçulmanos, e de ex-muçulmanos, agora cristãos evangélicos. Chamou a minha atenção que todos os cristãos convertidos do islamismo citados não mostraram seus rostos, e sequer deram seus nomes completos. A justificativa para este cuidado foi dada nestes termos por um dos convertidos:
- É difícil e arriscado mostrar-se publicamente como ex-muçulmano.(...) Para os muçulmanos, sou um infiel. E no Alcorão está claro: aos traidores a pena é a morte.
- Meus pais disseram que só posso voltar a vê-los se me reconverter.
Sem mostrar o rosto por medo de represálias por sua apostasia (Fonte: O Globo) |
Sobre o motivo de poucas mulheres muçulmanas sairem do Islamismo, um pastor argelino, ex-muçulmano, diz:
- São muito poucas as ex-muçulmanas convertidas. Elas se deparam com verdadeiras montanhas: quando as famílias descobrem que elas querem se converter, forçam-nas a casar-se com muçulmanos para tentar evitar.
Outra coisa que destaca-se na matéria é o que motivou as conversões. Um cristão declarou que ‘quando morava com sua família em Casablanca, Samir culpava o governo marroquino por um enorme vazio interior que tampouco o Islã era capaz de preencher. Ao chegar à Espanha, rompeu com Alá e, após uma fase ateia, caiu nos braços de Jesus’.
- O bom de ser cristão é que tudo pode ser questionado. Não há perguntas proibidas, como no Islã, onde questionar é atentar contra Alá - explica-se.
Já a militante feminista Laure Rodríguez, de 36 anos, uma convertida ao Islamismo, autodeclarada “rebelde e uma contestadora incurável”, diz o que a atraiu na religião:
- Fui tomando contato com a teologia islâmica da libertação e lendo textos de feminismo islâmico que desenham um cenário oposto à realidade de muitas mulheres muçulmanas — submissas, discriminadas, humilhadas e submetidas a seus maridos. Estes textos falam da importância do orgasmo, de desfrutar das relações sexuais, e da obrigação do marido de satisfazer as necessidades da mulher. É uma redefinição da masculinidade e das relações de gênero num marco de igualdade — explica Laure, que se negou a adotar um nome árabe, como é costume, ao recitar a shahada, o “batismo” islâmico.
O que a atraiu ao Islã foi, justamente, “o seu sentido da recuperação da justiça de gênero, da justiça social, da igualdade”.
- Ao conhecer o Islã, me dei conta de que não é uma religião, é uma forma de vida. Há uma mínima parte desta forma de vida que é o lado espiritual. Não há intermediários, como na Igreja Católica, na qual os padres são os que têm o poder de perdoar.
Laure Rodríguez, convertida ao Islã atraída por uma visão feminista da religião de Maomé (Fonte: O Globo) |
Que conclusões podemos chegar a partir destes depoimentos?
Primeira: não há doutrina filosófica, política ou social que supra a necessidade que o ser humano tem de Deus. Como disse Agostinho: “a alma humana tem sede de Deus e não estará tranquila se não descansar em Deus. A alma não descansa enquanto não achar o Deus Vivo”.
Segunda: a falta de conhecimento do que o evangelho de Jesus Cristo é faz com que as pessoas não entendam que a justiça perfeita é a justiça de Deus, e que Deus somente é a fonte perfeita do bem - elas não entendem a natureza do Reino de Deus.
Terceira: a rebeldia contra Deus faz com que as pessoas busquem cosmovisões que cuidem de seus próprios interesses, ao invés dos interesses do Senhor, entre elas as motivações filosóficas, políticas, sociais, entre outras.
Quarta: obviamente, o Deus das escrituras não pode ser o mesmo Alá do Alcorão.
Quinta: o Islamismo não é pacífico, nem mesmo tolerante como muitos tentam defender.
Sexta: "ex-cristão" não significa alguém que foi cristão no sentido bíblico. Frequentador de cultos ou de missas, ou ainda, aqueles que são de lares ditos cristãos não são necessariamente crentes. O que faz alguém realmente cristão é o novo nascimento, feito por Deus na vida da pessoa. E estes perseveram até o fim, não se "desconvertem" em hipótese alguma.
0 comentário(s):
Postar um comentário