Continuação das perguntas feitas no livro 'The necessity of atheism', de Percy Bysshe Shelley. Partes anteriores: Primeira Segunda.
Pergunta: Se Deus está em toda parte, por que construir templos?
Nós não vamos aos templos para encontrar a Deus, mas para louvá-lo e adorá-lo em comunhão com nossos irmãos. Além disto, vamos compartilhar nossas experiências e aprender mais da Palavra e da vontade de Deus com aqueles que vivem há mais tempo na fé. Ao congregarmos em um templo, temos grande possibilidade de formarmos grupos de amigos, ou conhecermos, de repente, até a pessoa com quem vamos nos casar. Nestes locais também realizamos um ato de extrema importância que o próprio Senhor Jesus nos ensinou, que é a Ceia, na qual relembramos o sacrifício dele, na cruz, por nós.
Por meio de um templo, nós podemos inclusive colocar em prática muitos dos dons que Deus nos concede, como a do ministério pastoral, ou o ministério de ensino, ou qualquer outro tipo de atividade que nos integre com nossos irmãos e se enquadre como um serviço cristão; afinal, o ser humano não foi feito para viver só, e depois de convertido, esta convicção fica cada vez mais firme. Podemos inclusive servir uns aos outros, e nós mesmos como congregação nos organizar para servir aos de fora, que tem necessidades tanto físicas quanto espirituais.
Quero aproveitar para desfazer uma confusão que ronda muitas mentes por aí. Igreja, como definida pela Bíblia, é o conjunto de todos os crentes em Jesus Cristo, de todas as épocas. Não é uma instituição humana, nem física: foi Deus quem criou a Igreja, e ela não é a mesma coisa que templo. Um templo pode conter uma congregação de pessoas que faça parte da Igreja de Cristo, mas a Igreja não é o templo. Portanto, estas diversas denominações que hoje existem não era o plano original de Deus. Infelizmente, mesmo na época do apóstolo Paulo, já existiam dissensões na igreja, tentando criar grupos com interesses distintos (1Co 1.11-17). Assim, por um detalhe ou outro diferem na interpretação de alguma passagem bíblica, surgiram diversas denominações, embora pregando o verdadeiro Evangelho Salvador; existem também denominações que já se desviaram dele em partes (e outras, totalmente), e ensinam 'outro evangelho', também já combatido nos tempos de Paulo (Gálatas 1.6-10).
Os templos são, primordialmente, casas de oração. E são casas de oração para todos os povos. É isto que diz a Palavra em Isaías 56.7 e Marcos 11.17. Deve ser um local onde a reverência à Deus concentra esforços coletivos . Nada que há lá deve tirar o foco disto. E ele é para 'todos os povos'. Não é um lugar onde só entram os 'perfeitos moralmente', e sim para qualquer um que queira achegar-se ao Senhor de toda a criação, o nosso Salvador.
É importante ressaltar que o tamanho de um templo, ou a quantidade de pessoas que lá congregam, não é indicativo que este templo é mais (ou menos) abençoado por Deus, ou ainda, que este povo seja mais (ou menos) santo. A pedra fundamental da Igreja é Jesus, e cada um de nós, que dela faz parte, está firmado nesta rocha eterna. Os 'tilojos' desta igreja são cada um que 'ouve os seus mandamentos e os pratica'. Nós somos o 'material de construção'; portanto, prosperidade material não está ligada, necessariamente, à boa espiritualidade ou à santidade.
Deixo algumas passagens bíblicas a seguir para meditação. Todas falam em nos congregar; algumas são ordens do nosso próprio Deus.
Ajunta o povo, os homens e as mulheres, os meninos e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam e aprendam e temam ao SENHOR vosso Deus,
e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei (Deuteronômio 31:12 )
Lembramo-nos, ó Deus, da tua benignidade, no meio do teu templo (Salmos 48:9)
Salva-nos, SENHOR nosso Deus, e congrega-nos dentre os gentios, para que louvemos o teu nome santo, e nos gloriemos no teu louvor (Salmos 106:47)
Ouvi a palavra do SENHOR, ó nações, e anunciai-a nas ilhas longínquas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho (Jeremias 31:10)
E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e ás boas obras, Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia (Hebreus 10:24,25)