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sexta-feira, 7 de março de 2008

Células-tronco embrionárias 6



Células-tronco embrionárias
Em pleno furor da atividade de apreciar o assunto da liberação ou não do uso de células-tronco embrionárias, a divulgação de uma pesquisa encomendada ao IBGE declara quão grande é a discrepância entre a posição oficial da igreja católica e das diversas denominações evangélicas, e as pessoas que fazem parte destas entidades, vulgarmente denominados 'fiéis'. Ao passo que as lideranças dos grupos religiosos são, em sua maioria, contra o uso dos embriões em pesquisas e tratamentos, o povo brasileiro que professa alguma religião cristã é esmagadoramente a favor. Algumas considerações podem ser ponderadas sobre este fato.

Um possível motivo para esta notória discrepância talvez seja a divisão entre o sagrado e o profano. O que está ficando evidente é que os brasileiros estão dividindo cada vez mais a sua vida religiosa da sua vida comum, dita secular. Deus e seus ensinos são importantes quando vamos à igreja, mas fora dela sou eu que determino o que é melhor para mim. Desta forma, tranquilamente posso estar alinhado com Deus ao concordar que a vida humana deve ser valorizada e, ao mesmo tempo, concordar em eliminar pequenas vidas humanas em prol da sobrevivência de outras. Com isto, a ciência (cuja maior parte da população erradamente pensa ser contrária e/ou desligada da religiosidade) deve ganhar terreno sempre, em detrimento de regras morais e éticas que já foram úteis algum dia, mas hoje não mais suprem as necessidades do homem moderno.

Outra razão que posso ver é que há muita falta de informação, nas igrejas mesmo, aos seus membros, a respeito da vida humana, seu valor e seu conceito. Mescle esta falta de informação com a filosofia do utilitarismo, que ensina que 'os fins justificam os meios'. Junte ainda a visão relativista do mundo, onde cada indivíduo tem sua própria verdade, e não existe uma verdade absoluta: misturando tudo, esta receita indigesta vai se transformar num bolo onde o cristão já não sabe o que um ser humano é, quando adquire, quando perde e quem determina o valor de cada um e, para corroer todo senso ético e moral, ainda precisa aceitar a visão do mundo secular, para não se sentir isolado num gueto religioso e ser taxado de retrógrado, anti-cultural, irracional e contrário ao desenvolvimento.

Talvez o povo brasileiro não seja tão religioso assim. Deus é interessante quando se precisa de Suas bênçãos, quando se precisa do Seu socorro. Mas na hora em que é necessário lutar firme contra a destruição dos valores morais, que são atemporais, pois procedem da natureza eterna de Deus, abandonamos o Pai, pois Ele já não sabe o que é melhor para nós.

Talvez estejamos desgostosos com as falhas dos nossos líderes, e já não escutamos o que eles ensinam. Podemos pensar que o que aprendemos nos cultos, retiros, escolas bíblicas não seja matéria de origem divina, que é eterna e boa, mas de origem humana, falha e temporal. Pode ser por este motivo que nos alinhamos contra a igreja em casos como o uso das células-tronco. Achamos que é a 'velhice' da igreja que não aprova, e não os preceitos puros e eternos de Deus.

A aprovação do uso destes embriões em pesquisas e tratamentos pode abrir um precedente perigoso no Brasil. Quando começa a vida humana? E quem define quando ela começa? São as principais questões que estão por trás desta discussão.

comment 6 comentário(s):

Anônimo disse...

Concordo plenamente.
Importante divulgar que pode se utilizar células troncos não embrionárias. Mas mesmo que não existisse alternativa não seria aceitável usar embriões humanos (cometer assassinato)!
Espero que muitos leiam o artigo e entendam isso.

Abraço

Luiz

Leandro Teixeira disse...

Olá Luiz!

Não sou contra o uso de células-tronco adultas. Não é, de forma alguma, contrário aos preceitos divinos. Não concordo apenas em reduzir um ser humano em formação para um 'aglomerado de células', nem redefinir o que é vida humana e o que não é, tirando Deus da jogada.

Retirando Deus do seu papel, de criador da vida e de ser o responsável por definir o que vida humana e o que não é, o caminho vai estar aberto às mais torpes e tristes idéias e práticas científicas. E, como se não bastasse, isto será feito com a desculpa de estar melhorando ou salvando vidas.

Abraço.

Allan Ribeiro on 20 de março de 2008 às 12:19 disse...

Caro Leandro,

Além de tudo o que você disse (fico feliz de perceber que estamos na mesma sintonia, a última edição do Equipando os Santos traz um artigo que eu escrevi sobre o assunto. Ainda não li os outros dois que você postou sobre o assunto, mas creio que nossos pontos-ded-vista são complementares), creio que devemos considerar também o fato de que essas "pesquisas" nunca são publicadas junto com a metodologia usada. Não sabemos que tipo ded perguntas foram feitas e nem que tipo de critério usaram para avaliar se os entrevistados eram mesmo evangélicos. Dependendo do modo como foi feito, você pode ter o resultado que desejar.

Eu postei um artigo sobre Caim e Abel depois que eu li os comentários de Quadro-negro/Giz-branco, embora eu já tivesse deddsenvolvido essa idéia muito antes. Está em http://jornalespiritual.blogspot.com

Também dixo meu abraço fraterno.

Zulma Peixinho on 7 de maio de 2008 às 23:29 disse...

Confirmando a inexeqüibilidade da terapia com células-tronco embrionárias em humanos, foi recentemente declarado pela Dra. Natalia López Moratalla, catedrática de Biologia Molecular e Presidente da Associação Espanhola de Bioética e Ética Médica, que «as células-tronco embrionárias fracassaram; a esperança para os enfermos está nas células adultas» e «hoje a pesquisa derivou decididamente para o emprego das células-tronco 'adultas', que são extraídas do próprio organismo e que já estão dando resultados na cura de doentes» (ZENIT.org).
Portanto, devemos apoiar as pesquisas com células-tronco ADULTAS, especialmente as células iPS que tiveram seu potencial de uso em terapia recentemente comprovado, pois não precisam enfrentar a rejeição imunológica, não precisam mais ser obtidas com a introdução de genes ou com a utilização de retrovírus como vetor, e o seu uso para tratamento de doenças graves independe da aprovação do Artigo 5º da Lei de Biossegurança.

Leandro Teixeira disse...

Sim, Zulma, devemos apoiar o uso das células tronco adultas pois, além de muitíssimo mais seguras, já deram resultados positivos e não há implicações morais ao uso delas.
Obrigado por comentar, e Deus te abençõe!

verceus on 3 de setembro de 2010 às 15:33 disse...

Celulas tronco são celulas tronco e se de embriões não formados naturalmente ( pela cópula) então são são embriões produzidos artificialmete e não naturalmente.
A religião tem que repensar muitas coisas hoje e a ética é um código controverso e muito individual para que seja universal.
Salvar uma vida certa usando uma incerta nesta opção sou favorável a salvar a certa.
De resto nada prova-se.

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