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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Inferno - Parte 3 - Objeções à idéia do inferno 0




Inferno - Parte 3 - Objeções à idéia do inferno
1) O INFERNO, NA VERDADE, É ANIQUILAÇÃO:
A Bíblia afirma claramente que há sofrimento consciente no inferno que causará "choro e ranger de dentes" (Mt 8.12). Pessoas aniquiladas não estão conscientes de qualquer sofrimento. A besta e o falso profeta no inferno estarão conscientes após mil anos de sofrimento (Ap 19.20; 20.10).
A aniquilação não seria um castigo, mas a libertação de todo sofrimento. Não é coerente com o Deus amoroso eliminar os que não fazem o que ele deseja. Se Deus aniquilasse os seres humanos estaria atacando a si mesmo, pois somos feitos à sua imagem (Gn 1.27), e Deus é imortal.
O fato de tais pessoas estarem sofrendo não justifica aniquilá-las, assim como um pai não deve matar o filho que está sofrendo.

2) POR QUE NÃO REFORMAR AS PESSOAS? POR QUE O CASTIGO ETERNO? POR QUE DEUS NÃO TENTA REFORMAR OS PECADORES?
A resposta é que Deus tenta reformar as pessoas; o período de reforma é chamado vida.
Pedro declarou:
** O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (2Pe 3.9; v. 1 Tm 2.4).
Mas depois do período de reforma vem o período de prestação de contas (Hb 9.27). O inferno é apenas para os irreparáveis e impenitentes, os reprovados (2Pe 2.1-6), não para os reformáveis. Se fossem reformáveis, ainda estariam vivos. Pois Deus, na sua sabedoria e bondade, não permitiria que fosse para o inferno quem ele sabia que iria para o céu se lhe fosse dada a oportunidade.
Como C. S. LEWIS observou:
A alma que deseja a alegria de maneira séria e constante não a perderá. Os que buscam, acham. Para quem bate, a porta será aberta (Lewis, O grande abismo).
Deus não pode forçar criaturas livres a serem reformadas. A reforma forçada é pior que castigo; é cruel e desumana. Pelo menos o castigo respeita a liberdade e a dignidade da pessoa.
Como Lewis observa com perspicácia:
"Ser 'curado' contra sua vontade [...] é ser colocado no mesmo nível dos que não têm vontade própria; é ser classificado com bebês, imbecis e animais domésticos" (Lewis, God In the dock, 226).
Os seres humanos não são objetos manipuláveis; são sujeitos respeitados porque são feitos à imagem de Deus. Os seres humanos devem ser punidos quando fazem o mal porque são livres e sabem o que é errado. São pessoas a serem castigadas, não pacientes a serem curados.

3) A CONDENAÇÃO POR PECADOS TEMPORAIS É EXAGERADA:
Castigar uma pessoa eternamente pelo que fez por um curto período na terra parece a princípio um exagero. NO ENTANTO, um exame mais profundo revela que isso não só é justo, mas necessário.
Para começar, apenas o castigo eterno será suficiente para pecados contra o Deus eterno. Os pecados podem ser ter sido cometidos no tempo, mas são contra o Eterno. Além disso, nenhum pecado pode ser tolerado enquanto Deus existir, e ele é eterno. Logo, o castigo pelo pecado também deve ser eterno.
Se Deus não separasse o trigo do joio, o joio sufocaria o trigo. A única maneira de preservar um lugar eterno de bem é separar eternamente dele todo mal. A única maneira de ter um céu eterno é ter um inferno eterno.

4) O INFERNO É APENAS UMA AMEAÇA, NÃO UMA REALIDADE:
Alguns críticos acreditam que o inferno é apenas uma ameaça que Deus não cumprirá. Mas é blasfêmia afirmar que um Deus de verdade usa mentiras deliberadas para governar os seres humanos.
Ademais, isso significa que "os que acham que o inferno é uma fraude são mais espertos que o próprio Deus por descobrir isso" (Davidson, p. 53).
Como Edwards afirmou:
Eles supõem que foram muito astutos porque descobriram que isso não é verdade; e assim Deus não escondeu seu plano o suficiente para impedir que esses homens tão perspicazes conseguissem discernir a trapaça e derrotar o plano (Edwards, v.2, p.516).

5) OS JUSTOS PODERÃO SER FELIZES SE UMA PESSOA QUERIDA ESTIVER NO INFERNO?
A pressuposição dessa questão é que somos mais misericordiosos que Deus. Deus está perfeitamente feliz no céu, e ele sabe que nem todos estarão lá. Mas é infinitamente mais misericordioso que nós.
Além disso, se não pudéssemos ser felizes no céu sabendo que alguém estava no inferno, nossa alegria não dependeria de nós, mas de outra pessoa. O inferno, todavia, não pode vetar (anular) o céu.
EXEMPLO: Podemos ser felizes no céu da mesma forma que podemos ser felizes comendo e sabendo que outros estão morrendo de fome, desde que tenhamos tentado alimentá-los, mas eles recusaram a comida. Assim como podemos curar lembranças tristes aqui na terra, Deus também "enxugará dos [nossos] olhos toda lágrima" no céu (Ap 21.4).
Se a misericórdia de Deus não pode suportar sofrimento eterno, então também não pode suporta-lo em quantidades menores (Edwards, v. 2, p. 84). A misericórdia de Deus não é uma paixão ou emoção que excede sua justiça. A misericórdia interpretada dessa maneira é um defeito em Deus. Ela o deixaria fraco e incoerente, incapaz de ser um Juiz.
As atitudes e os sentimentos dos santos no céu serão transformados e corresponderão mais aos de Deus. Logo, amaremos apenas o que Deus ama e odiaremos o que ele odeia. Já que Deus não fica infeliz ao pensar ou ver o inferno, nós também não ficaremos — ainda que ali estiverem pessoas que amamos nesta vida.

6) POR QUE DEUS CRIOU PESSOAS DESTINADAS AO INFERNO?
Alguns críticos do inferno argumentam que, se Deus sabia que suas criaturas o rejeitariam e acabariam num lugar tão horrível como o inferno, por que ele as criou? Não teria sido melhor que jamais tivessem existido do que existirem e irem para o inferno?
É importante lembrar que a inexistência não pode ser considerada condição melhor que qualquer tipo de existência, já que a inexistência é nada. E afirmar que o nada pode ser melhor que algo é um enorme erro categórico. Para comparar as duas coisas, elas precisam ter algo em comum. Mas não há nada em comum entre existência e inexistência.
Uma pessoa pode sentir vontade de que uma vida de miséria seja simplesmente extinta, mas não pode pensar consistentemente que a inexistência seja um estado melhor que a existência.
É verdade que Jesus disse que teria sido melhor se Judas não tivesse nascido (Mc 14.21). Mas essa é apenas uma expressão indicando a gravidade de seu pecado, não uma afirmação sobre a superioridade da inexistência sobre a existência.
E também, só porque alguns perderão no jogo da vida não significa que ele não deve ser jogado.
EXEMPLOS: Antes da final da Copa do Mundo começar, ambos os times sabem que um deles perderá. Mas todos decidem jogar.
Antes de cada motorista pegar a estrada cada dia, sabemos que pessoas serão mortas. Mas decidimos dirigir.
Pais sabem que ter filhos pode acabar em grande tragédia, tanto para sua prole quanto para eles mesmos.
Mas o conhecimento prévio do mal não impede nossa vontade de permitir a possibilidade do bem. Por quê? Porque consideramos melhor jogar, arriscando a oportunidade de ganhar, que não tentar nada. É melhor perder na Copa do Mundo que não poder nem jogar nela. DO PONTO DE VISTA DE DEUS, É MELHOR AMAR O MUNDO TODO (Jo 3.16) E PERDER ALGUNS DOS SEUS HABITANTES QUE NÃO AMAR NINGUÉM.

7) AS PESSOAS NÃO CONSEGUEM EVITAR O PECADO:
A Bíblia diz que nascemos pecadores (Sl 51.5) e somos "por natureza, merecedores da ira" (Ef 2.3). Se os pecadores não podem evitar o pecado, é justo mandá-los para o inferno por causa disso?
'"As pessoas vão para o inferno porque nascem com uma tendência para pecar e decidem pecar. Nascem na estrada que leva ao inferno, mas também ignoram as advertências pelo caminho para evitar a destruição (Lc 13.3; 2 Pe 3.9).
Apesar de os seres humanos pecarem porque são pecadores (por natureza), sua natureza pecaminosa não os força a pecar, ou seja, apesar de o pecado ser inevitável, já que nascemos com uma tendência para ele, o pecado não é invencível.
O último lugar para o qual os pecados estão destinados (inferno) pode ser evitado. Tudo que a pessoa precisa fazer é arrepender-se (Lc 13.3.; At 17.30; 2Pe 3.9). Todos são responsáveis pela decisão de aceitar ou rejeitar a oferta de salvação feita por Deus. E responsabilidade também implica a capacidade de responder (se não por nossas próprias forças, pela graça de Deus).
Todos que vão para o inferno poderiam tê-lo evitado, se quisessem. Nenhum pagão em lugar nenhum está sem a luz clara de Deus, por isso é indesculpável (Rm 1.19-20; v. 2.12-15).

8) RAZOABILIDADE DO INFERNO:
Apesar de muitos cre¬rem que o inferno não é razoável, segundo Jonathan EDWARDS, um bom argumento pode ser estabelecido a favor de sua racionalidade:
É muito irracional supor que não deveria haver castigo futuro, supor que Deus, que fez o homem como criatura racional, capaz de entender seu dever e ciente de que merece castigo quando não o cumpre, deveria deixar o homem sozinho, e deixá-lo viver como quer, e jamais castigá-lo por seus pecados, e não diferenciar o bem do mal [...]
É muito irracional supor que aquele que fez o mundo deveria deixar as coisas em tal confusão, e não cuidar do governo das suas criaturas, e que ele nunca julgará suas criaturas racionais
(Edwards, v.2, p.884).

9) RAZÕES PARA REJEITAR O INFERNO:
Como vários estudos demonstram, as pessoas estão muito mais dispostas a acreditar no céu que no inferno. Nenhuma pessoa boa quer que alguém vá para o inferno. Mas, como Sigmund FREUD diria, é uma ilusão rejeitar algo só porque desejamos não acreditar nele.
A questão se há um inferno deve ser determinada com base na evidência, não no desejo. A evidência para a existência do inferno é forte.
Se a evidência para o inferno é substancial, porque tantas pessoas a rejeitam? Edwards descreveu duas razões principais para a indisposição de aceitar o inferno: 1) ele é contrário à nossa preferência pessoal; 2) temos um conceito deficiente do mal e de seu castigo merecido.
Na verdade, uma negação do inferno é uma indicação da depravação humana. Edwards chama a atenção para nossa incoerência. Nossa rejeição do inferno e da misericórdia de Deus é indicação de nossa própria depravação — portanto merecemos o inferno. Edwards escreveu:
Parece-te incrível que Deus seja tão absolutamente negligente com o bem-estar do pecador, a ponto de mandá-lo para um abismo ou sofrimento infinito? Isso te choca? E não é chocante para ti que sejas tão absolutamente negligente como tens sido, para com a honra e a glória do Deus infinito? (ibid., v. 2.: p.. 82).
Se tivéssemos verdadeira consciência espiritual, não ficaríamos abismados com a severidade do inferno, mas sim com nossa própria depravação (Edwards, 1 p. 109).

10) Conclusão:
Todo mal existente será lançado para sempre no inferno, e as pessoas que estarão no inferno, voluntariamente escolheram estar ali.
Eles têm de pagar a própria pena pelos pecados que cometeram. Uma vez que se recusam a ser perdoados, permanecerão num estado de separação relacionai de Deus para sempre. Temos de lembrar que não pode ser de outro jeito. Deus, justo juiz e Pai amoroso, tem de lidar com o estado final de rebelião dos impenitentes.
Como Lewis disse:
Acredito sinceramente que os condenados são, de certa forma, bem-sucedidos, rebeldes até o fim; que as portas do inferno estão trancadas do lado de dentro [...]
Há somente duas espécies de pessoas no final: as que dizem a Deus: "Seja feita a tua vontade", e aquelas a quem Deus diz, no final: "Seja feita a tua vontade". Todas estas estão no inferno, pois o escolheram. Sem essa escolha pessoal não poderia haver inferno. A alma que deseja séria e constantemente a alegria jamais a perderá. Os que procuram encontram. Aos que batem ser-lhes-á aberta [a porta]
. (Cartas do inferno, p. 69).

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Fontes utilizadas:

- Lee Strobel - Em defesa da fé
- Norman Geisler - Fundamentos inabaláveis
- C. S. Lewis - Cristianismo puro e simples

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