O tema "inferno" é um dos mais controversos e difíceis com os quais cristãos e não-cristãos têm de lidar.
Tão difícil que boa parte das pessoas sequer admite a existência de tal lugar. Algumas pessoas também têm uma visão equivocada da natureza do inferno, muitas vezes incorporando lendas, fábulas e outros componentes mitológicos neste assunto, o que compromete a compreensão dele e de tudo que o envolve.
Qual é a necessidade de existir um inferno?
1) JESUS ENSINOU A EXISTÊNCIA DO INFERNO:
As Escrituras afirmam enfaticamente a doutrina do inferno. Algumas das afirmações mais fortes de que existe um inferno vêm de Jesus Cristo. Ele falou mais sobre o inferno que sobre o céu.
Jesus advertiu: "Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno" (Mt 10.28).
Ele acrescentou sobre aqueles que o rejeitam: "Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim desta era" (Mt 13.40).
Além disso, sem separação eterna, não haveria céu. O mal é contagioso (1 Co 5.6) e deve ser isolado. Como uma praga mortal, se não for contido continuará a contaminar e corromper.
2) A BÍBLIA ENSINA QUE O INFERNO EXISTE:
A bíblia afirma a existência do inferno (Ap 20.11-15). O apóstolo Paulo falou da separação eterna de Deus, dizendo:
...quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder (2Ts 1.7-9).
3) A JUSTIÇA DE DEUS EXIGE O INFERNO:
A justiça exige a existência do inferno, e Deus é justo (Rm 2). Ele é tão puro e imaculado que não pode sequer ver o pecado (Hb 1.13). Deus trata a todos com igualdade: "Pois em Deus não há parcialidade" (Rm 2.11).
O salmo 73 representa as passagens que ensinam que nem toda justiça é feita nesta vida. Os perversos parecem prosperar (v. 3). Logo, a existência de um lugar de castigo para os perversos após esta vida é necessária para manter a justiça de Deus.
4) O AMOR DE DEUS EXIGE O INFERNO:
A Bíblia afirma que "Deus é amor" (1Jo 4.16). Mas o amor não pode agir coercivamente, apenas persuasivamente.
Um Deus de amor não pode forçar as pessoas a amá-lo. Paulo falou que as coisas são feitas livremente, e não por obrigação (2Co 9.7). Amor forçado não é amor; é estupro. Um ser amoroso sempre dá "espaço" para outros. Não se impõe contra a vontade dos outros. Como C. S. Lewis escreveu:
Anular o livre-arbítrio humano [...] seria inútil para Ele. Ele não pode forçar. Só pode atrair (Lewis, Cartas do inferno, cap. 8).
Logo, os que escolhem não amar a Deus devem ter o direito de não amá-lo. Os que não desejam estar com ele devem ter permissão para ficar separados dele. O inferno permite a separação de Deus.
5) A DIGNIDADE HUMANA EXIGE O INFERNO:
Já que Deus não força as pessoas a ir para o céu contra suavontade, o livre arbítrio humano exige um inferno.
Jesus exclamou: "Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes quis eu reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, e vocês não quiseram!" (Mt. 23.37).
Roubar dos seres humanos sua liberdade e dignidade, levando-os à força para o céu contra seu livre-arbítrio. Isso seria o "inferno", já que eles não pertencem ao lugar onde todos amam e
adoram a Pessoa que eles mais querem evitar.
6) A SOBERANIA DE DEUS EXIGE O INFERNO:
A não ser que haja inferno não há vitória final sobre o mal. Pois o que frustra o bem é o mal. O trigo e o joio não podem crescer juntos para sempre. Há uma separação final, senão o bem não triunfará sobre o mal.
Como na sociedade, o castigo do mal é necessário para que o bem prevaleça. Da mesma forma, na eternidade o bem deve triunfar sobre o mal. Se isso não acontecer, Deus não está no controle total. A soberania de Deus exige o inferno, senão ele não seria o vencedor final sobre o mal que a Bíblia declara que ele é (1Co 15.24-28; Ap 20-22).
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